LUCIANO HANG
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM/TV GLOBO
Luciano Hang ameaçou processar a Globo após reportagem exibida no JN, ancorado por William Bonner
VINÍCIUS ANDRADE
Publicado em 28/6/2020 - 12h36
Antes de receber um espaço para "esclarecimento" no Jornal Nacional do último sábado (27), Luciano Hang ameaçou processar a Globo por difamação. Em vídeo publicado em 9 de junho, um dia depois de o noticioso dizer que teria partido do empresário a sugestão para o Ministério da Saúde "maquiar" os dados sobre a Covid-19 no Brasil, o dono das lojas Havan defendeu que pediu apenas "transparência".
"Ontem [8 de junho], no Jornal Nacional, dizem que o dono da Havan pediu a maquiagem dos números. Olhem só o absurdo! Eu vou consultar o meu especialista. Eles têm os especialistas deles, né? Meu especialista, doutor Murilo [Varasquim], meu advogado, fala o que nós vamos fazer", pediu o sorridente Luciano Hang.
"Processá-los, isso é difamação", respondeu o advogado. "Difamação, né? Não é fake news? Não sei, é difamação", ironizou o empresário. "Falem à vontade, mas falem a verdade. No momento que não falarem a verdade, nós vamos processá-los", ameaçou Murilo Varasquim.
"Falem bem, falem mal, mas falem de mim. Ô vidão!", finalizou o dono da Havan. Assista ao vídeo abaixo:
O Jornal Nacional e outros meios manipulam a informação quando afirmam que eu sugeri maquiar os dados de covid-19 divulgados pelo Ministério da Saúde. A verdade é que pedi mais transparência para que as pessoas sejam informadas corretamente. pic.twitter.com/pmM4BEu7Qc
— Luciano Hang (@luciano_hang) June 10, 2020
A resposta da Globo veio 18 dias depois do vídeo gravado por Luciano Hang. O âncora Flávio Fachel até leu uma nota com o posicionamento do empresário, mas o JN de sábado (27) não deixou de contrariar o apoiador do presidente Jair Bolsonaro ao dizer que a metodologia defendida por ele foi proibida pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
"O Jornal Nacional recebeu do empresário Luciano Hang um pedido de esclarecimento sobre nossa reportagem de 8 de junho sobre a mudança de metodologia que o Ministério da Saúde tentou fazer na divulgação do número de doentes e mortos pela Covid-19", avisou Fachel.
"Hang esclarece que a sua intenção no vídeo, que divulgou nas redes sociais e foi apresentado na reportagem, não foi propor que os números fossem maquiados. Ele diz que apenas defendeu a metodologia que considera mais correta e que coincidia com a que o Ministério da Saúde chegou a adotar antes de ser obrigado a voltar atrás por decisão do STF", leu o jornalista.
Em 8 de junho, o Jornal Nacional exibiu uma reportagem de Vladimir Netto sobre o desejo do Ministério de Saúde de alterar o critério para a divulgação dos números da Covid-19. Na ocasião, o governo começou a atrasar os dados, e Bolsonaro chegou a provocar a Globo ao dizer que havia "acabado a matéria no Jornal Nacional".
A ideia do presidente era publicar somente os óbitos que ocorreram especificamente nas últimas 24 horas. As mortes por Covid-19 ocorridas em dias anteriores, mas confirmadas nas últimas 24 horas, ficariam de fora da conta. Luciano Hang defendeu a medida, questionada por especialistas de saúde e barrada pelo STF.
O conteúdo sobre o empresário na reportagem exibida no Jornal Nacional dizia o seguinte: "O jornal Valor Econômico mostrou que a sugestão para a maquiagem dos dados partiu do empresário Luciano Hang, amigo do presidente Jair Bolsonaro e investigado na operação contra fake news em inquérito que apura ofensas e ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal".
"Luciano Hang, que não é médico, nem tem experiência em gestão de saúde pública, colocou em dúvida as informações do próprio Ministério da Saúde sobre as mortes causadas pelo coronavírus. Servidores disseram que o vídeo em que Hang fala sobre as mortes foi repassado pela cúpula do Ministério da Saúde para eles no fim de semana", informou o repórter em 8 de junho.
No vídeo ao lado do advogado, Hang deu a sua versão: "O que você [espectador] nota muito bem é que às vezes no sábado, no domingo ou no feriado tem poucos mortos [por Covid-19] e isso acumula até na terça-feira. Eu pedi transparência".
© 2024 Notícias da TV | Proibida a reprodução
Mais lidas
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.