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JORNALISTA CONSAGRADA

Pioneira no ao vivo em cores e HD, Gloria Maria testou avanços na TV

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Gloria Maria em entrevista índio no Alto Xingu para a Globo

Gloria Maria entrevista índio do Alto Xingu na primeira transmissão em HD da TV brasileira

EDUARDO BONJOCH

edubonjoch@gmail.com

Publicado em 2/2/2023 - 14h41

Com mais de 50 anos de carreira na Globo, Gloria Maria, que morreu nesta quinta (2) vítima de câncer, foi pioneira ao testar duas tecnologias que mudaram para sempre a maneira de se fazer jornalismo na TV. A primeira aconteceu em 1977, quando se tornou a primeira repórter a entrar ao vivo em cores no Jornal Nacional. Décadas mais tarde, em 2007, realizou a primeira transmissão em HD da televisão brasileira para o Fantástico.

Ao Memória Globo, ela contou os perrengues de inaugurar a entrada ao vivo em cores no JN para mostrar o engarrafamento na avenida Brasil (RJ). Segundo Gloria, três minutos antes de iniciar a transmissão, queimou a luz que seria utilizada para iluminar o rosto da repórter. Foi quando o câmera pediu para acender o farol da Veraneio, carro utilizado pela equipe de reportagem. "E fomos iluminados pelo farol do carro, eu e o câmera de joelhos", disse.

Em 2007, protagonizou outro momento histórico. Ao lado do repórter cinematográfico Lúcio Rodrigues, realizou a primeira transmissão em HD da TV brasileira para o Fantástico. Foi uma reportagem sobre a festa do pequi, fruta popular entre os índios Kamaiurás, no Alto Xingu (MT). Com imagens bem coloridas, a reportagem caiu como uma luva para mostrar a melhor qualidade e profundidade da TV em alta definição, que estava surgindo.

Lúcio Rodrigues comentou ao Memória Globo que a gravação da reportagem começou uma semana antes do material ir ao ar. Acompanhado de Gloria Maria e de uma equipe enxuta, ele viajou ao Alto Xingu levando a primeira câmera em alta definição do jornalismo da Globo. Era uma Sony F330 com lente Canon HD.

Para ele, o maior desafio foi enquadrar as cenas pensando nos dois formatos. Assim, nenhuma informação visual importante poderia estar nos cantos da imagem, porque poderia simplesmente desaparecer no formato antigo, com imagem mais quadrada, chamado de Standard ou SD. Mais retangular, o novo HD já era compatível com as telas widescreen, que começavam a aparecer nas lojas a um custo bem alto.

Outra curiosidade é que, quando a reportagem pioneira foi ao ar, somente quem estava em São Paulo e região metropolitana teve acesso às imagens em alta definição, uma novidade que foi chegando aos poucos às demais capitais. E detalhe: pouquíssimos telespectadores tiveram a chance de acompanhar esse registro em HD na hora da exibição, sobretudo pela falta de TVs e decoders compatíveis na época.

Edição demorou horas

Com oito horas de material gravado no Alto Xingu e apenas uma ilha preparada para receber material em alta definição na emissora, já dá para imaginar que o processo de escolha das imagens, edição e finalização acabou sendo bem lento. Até porque a equipe também estava se familiarizando com o novo equipamento, que fazia sua estreia na TV.

Segundo Lúcio, foram horas de trabalho, que resultaram em dez minutos de uma reportagem histórica. Só seis anos depois, em 2013, a resolução HD se tornou padrão para a produção, edição e exibição de programas jornalísticos e de esportes na Globo.


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