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Vanda: Mulher chuta marido tóxico, rouba bancos e quebra padrão de criminosos

Fotos: Divulgação/Lionsgate+

João Baptista beija o pescoço de Gabriela Barros em cena da série portuguesa Vanda

Gabriela Barros (Vanda) e João Baptista (Mário): marido lixo força protagonista a virar ladra

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 12/5/2023 - 6h30

Apesar de ser uma grande importadora de novelas brasileiras, a TV portuguesa ainda é presença rara por aqui. Nesta sexta (12), a série Vanda estreia no Lionsgate+ para mostrar um pouco da dramaturgia lusitana. A produção conta a história da personagem-titulo (vivida por Gabriela Barros), uma cabeleireira que flagra a traição do marido, descobre que ele roubou as economias de seu salão e, sem saída, decide virar uma ladra de bancos para conseguir pagar as contas e sustentar os filhos.

Interpretar Vanda foi um desafio para Gabriela. Afinal, é possível defender uma personagem que comete crimes? "Como atriz, eu tento não julgar os papéis que interpreto. Porque não dá para misturar ética com ficção, deixaria de ser interessante para mim e de ser justo para a personagem", conta ela em conversa exclusiva com o Notícias da TV.

Eu, Gabriela, tenho a minha visão. Mas a história de Vanda é extraordinária, fala sobre chegar a um limite absurdo. Não sei o que é ficar sem nada do dia para a noite, não ter o que colocar na mesa, ver os dois filhos passando fome. Acho que só estando nessa posição eu poderia ter uma opinião de verdade.

"O julgamento tradicional seria: 'Roubar banco é errado'. É a lei, certo, é uma maneira de avaliar. Mas a Vanda não teve uma atitude leviana, um delírio de 'tenho dois filhos, um salão bem-sucedido, uma vida encaminhada, vou só experimentar esse troço'. Não é nada disso, é uma situação-limite!", aponta.

Com peruca loira, Vanda vira criminosa

Vanda, aliás, é baseada na história real de Dulce Caroço, portuguesa que roubou 12 bancos armada apenas com um revólver de plástico --mesmo brinquedo usado pela personagem de Gabriela. A atriz chegou a conhecer a criminosa que inspirou a série, em um encontro que marcou sua vida.

"Só de pensar em encontrar alguém que esteve na prisão, acho que qualquer mortal ficaria: 'Caramba, o que essa pessoa já não deve ter vivido?'. Indo para o encontro, eu pensava: 'Que excitante poder falar com alguém que passou por uma experiência tão distante da minha'", lembra a atriz.

"E foi maravilhoso, porque a Dulce é uma personagem por ela só (risos). Consegui fazer perguntas que ajudaram no meu processo de construção, sobre qual é a sensação logo antes de assaltar o banco, como você se sente fisicamente até, sabe? Por mais que você imagine, não vai conseguir ter a percepção certa. E aí tive minhas respostas direto da fonte."

Conforme a protagonista começa a ganhar popularidade com seus roubos, chama a atenção da psicóloga forense Elisa (Joana de Verona). É que a especialista estuda o comportamento de mulheres criminosas --que, geralmente, atuam atreladas a homens. Como Vanda quebra esse padrão ao agir sozinha, vira um mistério para a estudiosa, que fica obcecada em conhecer e desvendar a ladra.

Elisa (Joana de Verona) fica obcecada pela ladra

"No decorrer da série, a gente percebe que esse caso profissional vai transbordando para uma obsessão, para uma busca mais pessoal mesmo. A Elisa está fazendo sua tese de doutorado, vai publicar um livro sobre o crime feminino, e encontra na Vanda uma materialização de seus estudos", define Joana à reportagem.

"E a Vanda age sozinha, o que vai contra a norma do crime entre as mulheres, que no geral contam com a conivência de algum homem. Então, ela vira um enigma para a Elisa, e a minha personagem vai até o fim do mundo para desvendar isso. Ela até se intromete em um caso que não é dela, porque é psicóloga, não policial. Aquilo acaba tomando conta dela."

A história de gato e rato entre Elisa e Vanda é um dos motes da série: com o passar dos episódios, não é apenas a psicóloga que deseja pegar a ladra. "Vira uma relação doentia para os dois lados, uma obsessão mútua que é curiosa e bem interessante. É algo que vai além dos assaltos", adianta Gabriela.

Curiosamente, as duas atrizes têm um pezinho no Brasil e estão ansiosas para que a série seja vista pelo público do país. Joana nasceu em São Luís (MA) e, apesar de ter feito carreira em Portugal, já apareceu em algumas produções nacionais, como Presença de Anita (2001), Éramos Seis (2019) e a série da HBO Santos Dumont (2019).

Já Gabriela nasceu na Bélgica, mas vive na terrinha desde 2007. Além de ter pai brasileiro, ela namora Miguel Thiré, neto de Tônia Carrero (1922-2018). A relação com o ator, aliás, deu à artista uma prosódia típica do Rio de Janeiro. "Meu pai é paulista, mas o sotaque virou carioca agora por causa do meu namorado (risos)", brinca a atriz durante a entrevista.

Vanda estreia nesta sexta-feira (12) no Lionsgate+. Confira o trailer da produção portuguesa:


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