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CRÍTICA

Ranzinza, médica de Drica Moraes leva humor para dramas de Sob Pressão

Reprodução/TV Globo

Drica Moraes vive a infectologista Vera na terceira temporada de Sob Pressão: riso involuntário - Reprodução/TV Globo

Drica Moraes vive a infectologista Vera na terceira temporada de Sob Pressão: riso involuntário

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 8/6/2019 - 5h35

Ano após ano, Sob Pressão se firma como o melhor produto da dramaturgia da Globo. Estrelada por Marjorie Estiano (Carolina) e Julio Andrade (Evandro), a série ganhou na atual temporada o reforço da atriz Drica Moraes no papel da infectologista Vera. A entrada da veterana trouxe um gás extra à produção ao injetar na narrativa médica, repleta de temas pesados, um pouco de humor --ainda que involuntariamente.

Grossa, Vera não é do tipo que usa meias palavras. A amargura da personagem traz um respiro cômico a um texto bastante carregado. Ranzinza que só, ela contrapõe com humor fino os dramas e tragédias retratados em todos os episódios.

Beirando a insensibilidade, a infectologista consegue arrancar risos até mesmo em situações improváveis. Diante de uma menina catatônica por conta de um trauma que havia presenciado e com a mãe à beira da morte, Vera soltou uma pérola na tentativa de fazer a menina pronunciar algo: "E aí, mocinha, é melhor falar logo. Vai que acontece alguma coisa com a sua mãe, a gente vai fazer o que com você?". Obviamente, a garota não esboçou nenhuma reação.

Embrutecida pela vida, Vera não faz questão de nenhuma sutileza para tratar seus pacientes. Como tudo na série, a densidade das histórias --e, por extensão, também dos personagens-- vai sendo exposta aos poucos. É isso que faz com que Sob Pressão se torne ainda mais interessante: ao não entregar tudo de bandeja para o público, permite-se a chance de surpreender a quem assiste.

Recentemente, o texto da série deixou subentendido que, no passado, Vera perdeu um filho, o que explicaria em partes sua amargura e seu desencanto com a vida. Drica conseguiu emocionar sem deixar escorrer nenhuma lágrima. Mesmo econômica no gestual, a dor da médica estava estampada em seu rosto e foi suficiente para entregar a mensagem ao público.

A personagem, assim como os protagonistas, completa a narrativa médica ao trazer os conflitos pessoais para o centro da série, abrindo espaço para a humanização dos personagens, sem deixar de lado o que Sob Pressão tem de melhor: expor as mazelas e feridas da realidade da saúde pública brasileira.

Ainda que Evandro e Carolina sejam retratados da maneira quase idealizada, capazes de resolver os problemas a que são expostos das mais diversas maneiras (Evandro é uma espécie de MacGyver médico e sempre recorre a uma gambiarra quando precisa, Sob Pressão se mantém realista, eletrizante e instigante. Episódios bem trabalhados, diálogos que passam longe da pieguice e atuações bem dosadas contribuem para tornar redonda a narrativa da série.

A chegada de Drica Moraes ao programa conseguiu o feito de melhorar o que já era muito bom. Resta torcer para que a Globo reveja a estratégia em relação à continuidade da série. Diante de histórias cada vez mais didáticas e banais em sua teledramaturgia, Sob Pressão é uma produção a ser celebrada, e não cancelada.

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