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Amiga Genial

Por que My Brilliant Friend é a melhor série da HBO desde 2017; veja cinco motivos

Imagens: Divulgação/HBO

De óculos, Margherita Mazzucco está ao lado de Gaia Girace, com uma bandana amarela no cabelo, em My Brilliant Friend

Margherita Mazzucco e Gaia Girace na segunda temporada de My Brilliant Friend, da HBO

JOÃO DA PAZ

Publicado em 9/5/2020 - 5h54

Traição, romance impossível, reviravoltas e mocinha vitoriosa no final. Tais características próprias de novelas, vistas na TV recentemente em dramas como Revenge (2011-2015) e Empire (2015-2020), ganharam uma roupagem elegante e apurada na segunda temporada de My Brilliant Friend, a melhor série produzida pela HBO desde 2017.

A atração italiana, baseada na coleção de quatro livros chamada de Série Napolitana, escrita por Elena Ferrante, narra os altos e baixos de uma amizade que surge na infância e dura até a terceira idade. Cada temporada de My Brilliant Friend adapta um livro da tetralogia. A primeira encenou as páginas da obra A Amiga Genial. A segunda trouxe à vida História do Novo Sobrenome. Renovada, a série vem com História de Quem Foge e Quem Fica para o terceiro ano.

Na segunda temporada, encerrada na segunda (4), as amigas Elena, a Lenu (Margherita Mazzucco), e Lila (Gaia Girace) deixaram a adolescência e iniciaram a vida adulta, uma transição complexa para ambas, administrando desde desilusões no casamento a tropeços na vida amorosa e social. Esse elo especial entre as duas, interpretadas por excelentes atrizes novatas, faz My Brilliant Friend ser diferenciada.

No site Metacritic, que compila resenhas de veículos americanos especializados, a segunda temporada de My Brilliant Friend recebeu a nota 91 (de um máximo de 100), somente comparada a séries premiadas e históricas da HBO, como Game of Thrones (2011-2019), The Sopranos (1999-2007) e The Wire (2002-2008).

Confira abaixo cinco motivos que fazem de My Brilliant Friend a melhor série da HBO desde a sétima temporada de Game of Thrones, lançada em 2017:

Giovanni Amura com Gaia Girace na segunda temporada de My Brilliant Friend; casal explosivo


Novelão refinado

Não adianta: para qualquer história fazer sucesso, tem de seguir uma fórmula batida, mas que funciona que é uma beleza. Uma traição inesperada entre pessoas que pareciam leais, reviravoltas realmente surpreendentes ou barracos dignos de serem vistos com um balde de pipoca no colo. E, claro, a mocinha triunfante, vitoriosa no final. Tudo isso My Brilliant Friend tem, com aquele carimbo de qualidade da HBO.

Visual belo

Para a maioria dos telespectadores, My Brilliant Friend tem um visual belíssimo apenas porque sim, é evidente. O filtro diferenciado usado nas cenas é na medida, o que dá um clima de que realmente se está assistindo a algo antigo --a segunda temporada foi ambientada na década de 1960. Vale mencionar o cuidado na direção de arte, no figurino e outros detalhes que colaboraram com a riqueza dos episódios.

Por trás disso tudo, há aspectos técnicos que poucos observam. Em entrevista para o site da Variety, o showrunner e criador da série, Saverio Costanzo, contou que se inspirou na Nova Onda do cinema francês daquela época para montar a segunda temporada, bebendo na fonte de cineastas cultuados como Jean-Luc Godard, Éric Rohmer (1920-2010) e François Truffaut (1932-1984).

Casamento sem maquiagem

Um dos dramas mais intensos da segunda temporada de My Brilliant Friend foi o do casal Lila e Stefano Carracci (Giovanni Amura). O casamento deles nasceu problemático, manchado por uma negociata inescrupulosa com três famílias envolvidas (uma delas mafiosa) e interessadas apenas nos negócios.

Com estupros e violência doméstica, a vida de Lila e Stefano foi uma bomba a ponto de explodir. O choque se deu entre uma moça de personalidade forte e de caráter, que quer sair dessa relação falsa, com um jovem rico, dominador e agressor, que admite estar apaixonado pela mulher, embora não receba qualquer afeto em troca.

A trama narrou um casamento cru, sem maquiagem, com cenas de embrulhar o estômago. Um retrato de 60 anos atrás, porém real para muitos nos dias de hoje.

Legenda

A jovem Lenu (Margheritta Mazzucco) mergulhou nos livros e colheu os frutos; virou escritora


Evolução social e cultural

Lenu colheu a glória no final da segunda temporada. De origem humilde, criada em um bairro de classe operária na cidade de Nápoles, a jovem melhorou de vida graças aos estudos, virando autora de livros. A ascensão social e cultural de Lenu foi uma das coisas positivas da segunda temporada da série.

A evolução da mocinha ganhou força com um porém, uma pitada de frustração. Ela se afundou nos livros para suprir a falta de amigos e namorado. Por vezes ela andava pelas ruas solitária, abraçada com livros, e olhava com inveja jovens se divertindo em bares e afins. O investimento nos estudos, alicerçado em sua capacidade intelectual, trouxe benefícios à sua vida pessoal, ao menos isso.

Amigas e rivais

Em tempos modernos de amizade líquida, como diria o filósofo Zygmunt Bauman (1925-2007), em que uma amizade é desfeita por causa de uma irrisória bobagem, com um clique na tela do celular, é impressionante acompanhar como duas pessoas ficam conectadas durante anos a fio, apesar de traições e brigas feias.

Como Lenu é a narradora da história, a amiga genial em questão é Lila. A loira escritora tem um apreço enorme pela companheira de infância, ignorando as mancadas que Lila dá, como embarcar em um romance com o crush eterno de Lenu. Em certos momentos, parece que as duas são rivais e não amigas, até porque Lenu não deixa por menos e ignora Lila em determinadas ocasiões.

Porém, no final da segunda temporada, as duas terminaram abraçadas, com Lenu disposta a não perder Lila de vista. A morena de puro talento, muito inteligente, desperdiçou suas habilidades intelectuais e deixou ser levada pela vida dura, culminando em um trabalho braçal em um matadouro de porcos, cercado de homens. E Lenu ficou por cima, ao menos por enquanto.

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