Comédia cancelada
Divulgação/Netflix
Justina Machado e Marcel Ruiz na terceira temporada de One Day at a Time, cancelada pela Netflix
REDAÇÃO
Publicado em 30/4/2019 - 17h21
Nos seis anos em que a Netflix está no mercado de séries, nenhuma das dezenas de produções originais assombra tanto a plataforma quanto One Day a Time. Em março, a gigante do streaming decidiu acabar com a atração após três temporadas, mesmo com uma base leal de fãs e apoio da mídia. Até hoje, 48 dias depois do cancelamento, One Day at a Time ainda é um assunto sobre o qual executivos da empresa devem se posicionar.
A última a sentir isso na pele foi Cindy Holland, vice-presidente de conteúdo original da Netflix, durante uma entrevista para o site da revista The Hollywood Reporter. Essencialmente, o papo seria sobre On My Block, recém-renovada para uma terceira temporada. Mas, invariavelmente, One Day at a Time entrava no bate-papo.
On My Block e One Day at a Time são bem diferentes, mas têm um ponto em comum: são produções com histórias sobre pessoas marginalizadas em boa parte do rol de séries na televisão norte-americana. Elas colocam no centro da trama personagens negros, latinos e gays. Mas uma não conseguiu atingir o mesmo número de audiência da outra.
"O crescimento de público de On My Block foi maior em comparação com One Day at a Time", disse a executiva, colocado os pingos nos is. Cindy não deixou passar a oportunidade de esclarecer que "não fazia sentido econômico" continuar com One Day at a Time, visto o balanço negativo da conta que considerava o custo de se fazer uma nova temporada com a audiência que ela gerava.
Pesou também o fato de One Day at a Time ser uma produção do estúdio de TV da Sony, enquanto On My Block é uma série caseira. Cindy falou sobre isso, mas de maneira escorregadia: "Ser dona de uma série não é um fator [no cancelamento ou renovação], embora seja levado em consideração o saldo entre o investimento que fazemos para ter uma atração com os dados de audiência".
Em uma tentativa de encerrar o assunto, Cindy deu uma declaração que saiu de sua boca para ser uma mensagem positiva, mas acaba ferindo o coração dos fãs de One Day at a Time. Ao ressaltar a importância da comédia, ela soltou:
"Eu prefiro ver isso [a duração de One Day at a Time na Netflix] pela perspectiva do copo meio cheio. Nós demos suporte para três temporadas de uma série que provavelmente não duraria mais do que uma temporada em qualquer outra plataforma ou canal; isso se a série fosse encomendada, em primeiro lugar."
Para ela, a Netflix assumiu um risco ao fazer a segunda e a terceira temporadas da série: "Chega uma hora em que temos de olhar para outras histórias para contar, que possam gerar mais audiência", finalizou a executiva.
O que deixa a imprensa e os assinantes da Netflix com uma pulga atrás da orelha é que a Netflix fala tanto em audiência, mas não divulga os números brutos de suas atrações, só dados cifrados --e isso quando lhe convém. Por mais que não seja uma TV comercial que dependa de anunciantes, a audiência é crucial para a Netflix.
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