Falhas e mancadas
Divulgação/NBC
Josh Dallas na 1ª temporada de Manifest; falar segredos ao telefone não é problema para investigados pela NSA
JOÃO DA PAZ
Publicado em 5/5/2020 - 20h00
A série Manifest - O Mistério do Voo 828 tem enigmas sobrenaturais insanos que vão desde o inexplicável desaparecimento de um avião durante mais de meia década a vozes que só algumas pessoas ouvem. Mas um aspecto na trama é irreal de fato, difícil de acreditar: a absoluta incompetência da NSA, a agência de segurança nacional americana.
[Atenção: spoilers a seguir]
No episódio que a Globo exibe nesta terça-feira (5), o quinto da primeira temporada, fica evidente que o pessoal da NSA é ingênuo demais ou simplesmente ineficaz na investigação acerca do reaparecimento do voo 828, dez dias depois do ocorrido. Mesmo com todo o poder à disposição e cercados de geringonças tecnológicas, os agentes vacilam muito. E apostam em táticas à moda antiga.
Intitulado de Connecting Flights (Conexão, na tradução da Globo), o capítulo mostra como a NSA da ficção é tola, fácil de enganar. Thomas (Sheldon Best), namorado do primo da aeromoça Bethany Collins (Mugga) está em um esconderijo. Doido para achar o jovem, Robert Vance (Daryl Edwards), diretor da NSA e quem comanda o caso do voo 828, prende Bethany. Ele procura informações sobre o rapaz.
Já que Thomas é importantíssimo para as investigações, não seria prudente manter uma vigilância em pessoas próximas, como a mulher de Bethany, Georgia (Eva Kaminsky)? Se a NSA fez isso, foi descuidada, no mínimo. Ou o sinal do GPS deu tilt.
Com Bethany presa, Georgia segue o plano da parceira: facilitar a fuga de Thomas de Nova York. Ela chega no esconderijo e lá encontra o professor Ben Stone (Josh Dallas) e seu filho, Cal (Jack Messina). O matemático fica instantaneamente preocupado e pergunta: "Você tem certeza de que ninguém te seguiu?". Georgia responde: "Saí pela porta de trás do meu prédio e andei em círculos". Plano perfeito para despistar os altamente treinados agentes da NSA de Manifest.
No mundo real, o analista Edward Snowden denunciou um programa de espionagem da NSA que coletava dados de aparelhos celulares (ligações e mensagens de textos) de todos os americanos, além de habitantes de outros países. É de se imaginar o que poderia (e deveria) ser feito em um caso totalmente extraordinário, como o desparecimento (e ressurgimento) de um avião.
Mas o que Vance faz? Pede para um policial ser seu informante, no melhor estilo filme de ação em preto e branco. O vilão pede para Jared Vazquez (J.R. Ramirez) lhe contar tudo sobre a colega de trabalho Michaela Stone (Melissa Roxburgh), uma missão estilo Globo Repórter (o que faz, com quem anda, como vive...).
Manifest cria um conflito e movimenta a trama com essa estratégia. Pois o tal policial era namorado (quase noivo) de Michaela antes dela desaparecer. Mesmo com o ex-companheiro casado, com ninguém menos do que a melhor amiga da loira, há um sentimento entre os dois, e Jared fica na corda bamba entre proteger Michaela ou ser um dedo-duro, evitando dessa maneira alguma retaliação de Vance.
Seria bem mais fácil e eficiente se a NSA instalasse (ou ativasse?) escutas na casa de Michaela e saber com quem ela anda, o que faz, com quem conversa. Um grampo telefônico é uma alternativa, mas algo aparentemente simples demais para Manifest.
Os personagens da série mostram certa preocupação com a vigilância da NSA, mas não praticam o que falam. Vide o episódio passado, no qual houve uma conversa maluca entre os irmãos Ben e Michaela.
"Cuidado com a NSA", alertou o professor enquanto falava ao telefone (!). A agência não teria a capacidade de ouvir isso? Pode fazer sentido os passageiros cometerem escorregões, afinal são pessoa comuns. Mas a NSA vacilar tanto assim? Não.
Exibida pela NBC nos Estados Unidos, Manifest - O Mistério do Voo 828, no streaming, é exclusiva do Globoplay no Brasil --ou seja, não está disponível na Netflix nem no Prime Video, da Amazon. A primeira temporada completa, com 16 episódios, só pode ser vista online por assinantes da plataforma do Grupo Globo.
Para assistir, é necessário pagar uma assinatura mensal de R$ 22,90, com a possibilidade de usar sete dias gratuitamente. O plano anual sai mais em conta e pode ser parcelado em 12 vezes de R$ 17,20.
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