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NO PRIME VIDEO

Em cena de Manhãs de Setembro, Liniker desconta raiva contra transfobia

REPRODUÇÃO/PRIME VIDEO

Liniker como Cassandra em Manhãs de Setembro

Em Manhãs de Setembro, Cassandra (Liniker) reagirá aos ataques de personagem transfóbico

JOSÉ VIEIRA

jose@noticiasdatv.com

Publicado em 23/9/2022 - 6h20

Estrela de Manhãs de Setembro, série produzida pelo Prime Video, Liniker conta que descontou sua raiva contra a transfobia em uma das cenas da segunda temporada. No primeiro episódio, Cassandra, personagem interpretada pela atriz, retorna para sua cidade natal, no interior do Paraná. Ao reencontrar fantasmas de seu passado, a motogirl não pensa duas vezes antes de reagir aos ataques preconceituosos.

A trama da segunda temporada começa com a viagem de retorno da motogirl a São Paulo, após ela se unir a Leide (Karine Teles) para levar o filho, Gersinho (Gustavo Coelho), a um torneio de matemática em Curitiba. A 410 km do destino final, uma falha no motor do carro faz com que as duas contratem o pai de Cassandra, o mecânico Lourenço (Seu Jorge), pelos seus serviços.

Cassandra sente um desconforto de imediato. Ela não se encontrava com o pai havia dez anos, quando decidiu se mudar para a capital paulista em busca de sua própria independência. Na cidade, a personagem precisou lidar com intolerância e preconceito.

A relação de Cassandra e Leide, que se envolveram antes da transição de gênero da motogirl, possui altos e baixos. Após "assinarem" um acordo de paz por um dia, as duas são surpreendidas por ataques transfóbicos de um ex-colega de classe de Cassandra.

"Acho que essa é uma das cenas mais difíceis das duas temporadas para mim", avalia Liniker em um evento para a imprensa que contou com a participação do Notícias da TV. "A transfobia, para quem não vive e para o meu corpo que está atravessado nisso todos os dias, é um lugar extremamente violento que, muitas vezes, a gente silencia sozinha".

As personagens estavam em um bar durante o ataque. Apesar de tentar desviar das provocações, Cassandra reage contra a insistência do agressor. "A escolha de se silenciar é para que a violência não aumente, porque você pode ser morta, ou ainda mais violentada", explica Liniker.

Sempre em um dia de paz, tem um racista, um transfóbico ou um misógino que tenta atravessar nosso eixo. Nessa cena específica, é um dos momentos em que a Cassandra não tem para onde correr ou fugir. A figura da Leide permite que ela esteja segura. Se algo acontecer, ela tem uma retaguarda.

É a primeira vez que Leide testemunha um ataque LGBTfóbico contra Cassandra. Em defesa da motogirl, a vendedora decide partir para cima do agressor. As duas devolvem os xingamentos e atiram garrafas de cerveja no antagonista. "É o momento em que a Cassandra age, porque ela sabe que não está sozinha".

A atriz comentou sobre a importância de ter gravado a cena. Como mulher trans, Liniker se sente grata por defender uma personagem que conversa com suas vivências fora das gravações. "A Cassandra se vinga um pouco, e a Liniker, também".

Liniker reconhece a educação como um lugar de grandeza, mas acredita que esse papel não pode ser atribuído apenas às comunidades que sofrem com o preconceito --também é necessário que as pessoas busquem informação por conta própria.

"Acho que a pior coisa da transfobia é você sofrer a violência e ter que educar. Não tem dor maior para mim do que ser um corpo atravessado por coisas horríveis e ainda precisar dizer para a pessoa por que ela não pode ser transfóbica", relata.

Evolução artística

Manhãs de Setembro foi o primeiro trabalho de Liniker como atriz nas telas. Ela fez curso de teatro no passado, mas nunca esteve em uma grande produção. Durante o evento para a imprensa, a atriz comentou sobre a oportunidade conquistada na série. "Eu me senti muito segura para propor o meu trabalho".

Liniker, que também é cantora, admite que não se sentia confortável em sair da zona musical. Para ela, o pensamento é um dos efeitos colaterais do racismo presente no país. "Acho que tem um lugar enquanto pessoa preta, às vezes a gente acha que só podemos executar bem um único lugar. Acho que construíram na minha cabeça que eu só podia ser boa como cantora".

A artista pontua que o convívio nos bastidores e a troca entre os atores foi essencial para que ela se adaptasse ao mundo da interpretação. Além de Liniker, a produção conta com Karine Teles, Seu Jorge e Samantha Schmütz no elenco. "A gente construiu olhares. É muito legal quando você constrói relações dentro do trabalho em que você saca a energia pelo olhar. Foi muito bonito", elogia.

Quando estreia a nova temporada?

A segunda temporada de Manhãs de Setembro estreia nesta sexta (23), no Prime Video. A série conta a história de Cassandra, uma motogirl que apresenta covers da cantora Vanusa (1947-2020) em uma boate. Sua vida muda por completo quando descobre que teve um filho com Leide no passado, antes de sua readequação de gênero.

Com seis episódios, a nova temporada segue ao acompanhar o cotidiano da motogirl que, enquanto se acostuma com a ideia de ser mãe, lida com desafios financeiros e familiares que colocam em risco suas conquistas.

"É um projeto que começamos em 2019, faz muito tempo de mergulho e envolvimento", complementa Liniker. "Uma pessoa trans brasileira sendo retratada pela primeira vez no audiovisual com tanta dignidade. Uma personagem com família, caráter, que tem pontos de vista, que tem seu lado humano, que às vezes erra e acerta".

Assista ao trailer da segunda temporada de Manhãs de Setembro:


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