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Melissa Barrera ao lado de Mishel Prada em imagem de Vida, série disponível no Brasil no streaming Starzplay
JOÃO DA PAZ
Publicado em 3/5/2020 - 5h33
Com espaço aberto para a voz latina ecoar na América e no mundo, aliada a uma boa dose de sex appeal, Vida é a melhor série na ativa que você não conhece. A produção sobre a comunidade latinx (latinos sem gêneros) em Los Angeles está no ar com a terceira e última temporada no streaming Starzplay, simultaneamente com os Estados Unidos.
A cada noite de domingo, um novo episódio entra na plataforma. Por lá estão também a primeira e e segunda temporada (um total de 16 capítulos). A última leva vem com seis.
Uma bandeira imponente a favor da diversidade, Vida consegue na medida certa divertir, emocionar e ensinar --praticamente desenha para o telespectador o verdadeiro problema da gentrificação. É também um espaço importante para a comunidade LGBTQ+, a ponto de receber no ano passado um prêmio de melhor comédia entregue pela Glaad (Aliança Gay & Lésbica Contra a Difamação).
Confira abaixo cinco motivos que fazem de Vida uma série imperdível:
Muitas séries da TV americana abrem espaço aqui e ali para latinos, de produtores a atores. Mas nada como Vida, que tem no centro da história duas personagens com raízes mexicanas, as irmãs Lyn (Melissa Barrera) e Emma (Mishel Prada), moradoras de Boyle Heights, no centro de Los Angeles, bairro que tem 90% dos seus habitantes de origem latina.
Para tanto, pessoas próximas da comunidade trabalham no desenvolvimento da série, como a roteirista Evangeline Ordaz, nascida e criada em Boyle Heights, filha de imigrantes mexicanos. Esse detalhe faz com que as narrativas sejam mais próximas do que pessoas reais vivem no dia a dia, tornando a série de fácil identificação.
Para marcar ainda mais a voz latina, os personagens falam spanglish, mistura de espanhol com inglês. Enquanto estão conversando um com o outro soltam um "pero" (mas, em português) no lugar de "but", por exemplo.
A expressão "sexy, sem ser vulgar" cabe bem em Vida. Há muito sexo em todas as temporadas, seja heterossexual ou lésbico. As cenas apimentadas são bem feitas, com aposta no erotismo e no voyeurismo. Contextualizadas, as transas e nudez surgem naturalmente, como parte integrante das jornadas das respectivas personagens, sem forçar a barra.
Acrescenta-se a isso o fato da série valorizar o corpo masculino e feminino natural. Os contornos da nudez são próximos da realidade, nada de formatos fabricados em academias ou clínicas de cirurgia plástica. E tem pegação para todos os gostos: beijo grego, orgia, pênis de borracha, vibradores e por aí vai.
reprodução/starz
Roberta Colindrez e Mishel Prada, seminua, em uma das várias cenas quentes da série Vida
Para muitos, gentrificação parece um palavrão. Vida faz questão de, sem ser pedante, dar uma aula sobre o assunto. Ao longo das três temporadas, esse tema está bem presente, isso porque o reencontro de Lyn com Emma, irmãs distanciadas durante décadas, ocorreu para o velório da mãe, que deixou um bar de herança.
Essa bar, depois batizado de Vida (o nome da mãe de Lyn e Emma), é alvo da especulação imobiliária em Los Angeles, que sufoca bairros de minorias. Empresários ricaços compram casas e estabelecimentos. O custo de vida aumenta, e a população mais carente se vê sem saída, obrigada a largar o local onde criou uma raiz, em detrimento ao poderio econômico dos mais abastados.
Vida mostra como é importante resistir a esse ataque, defendendo a tradição e a cultura das minorias, algo fundamental para qualquer cidade. Quem vive em São Paulo, por exemplo, passa por bairros que enfrentaram uma agressiva gentrificação (Barra Funda) ou aqueles que ainda resistem (Bixiga).
Quem tem irmão ou irmã sabe como essa é uma relação perigosamente volátil, que vai da rixa quase mortal a um amor fraternal difícil de explicar. Vida aborda exatamente isso com Lyn e Emma, simbolizando como a irmandade é complexa.
Propositadamente, a série mostra as duas personagens bem diferentes uma da outra, exatamente para criar uma atrito. Isso dá uma pitada de drama familiar à comédia. Na terceira temporada, Vida aperta um pouco essa questão após as irmãs descobrirem um segredo sobre o pai.
Em levantamento mais recente da Glaad, sobre a representatividade da comunidade LGBTQ+ na temporada 2019-2020 na TV americana, há apenas 24 (de 215) personagens latinas desse extrato da população nas séries dos canais pagos (Vida é atração do Starz). Muitas delas estão na atração, inclusive como protagonista.
Emma é uma personagem de várias camadas, que aos poucos são desvendadas na trama. Ela sente atração por mulheres, porém se faz de durona e é implacável com Eddy (Ser Anzoategui), mulher da mãe das irmãs. Emma não aceita ter de dividir a herança com a parceria de Vida. Tais dilemas são bem desenrolados, com ênfase nas várias fases de romances entre mulheres, jovens ou mais experientes, não se concentrando apenas no que acontece na cama.
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