ESTREIA DA NETFLIX
Divulgação/Netflix
John Cho (Spike Spiegel) e Daniella Pineda (Faye Valentine) na série live-action de Cowboy Bebop
A aguardada adaptação live-action de Cowboy Bebop da Netflix finalmente chegou à plataforma nesta sexta (19) para matar a ansiedade dos fãs do anime clássico. Como toda produção inspirada em uma obra de sucesso, a série estrelada por John Cho estreia cercada de expectativas e não consegue fugir de comparações com o material original.
Adaptar um anime para uma série não é uma tarefa fácil. Tradicionalmente, esses animações contam com episódios de no máximo 30 minutos de duração, enquanto as produções em live-action (com exceção das comédias) chegam a ter entre 40 e 60 minutos.
Foi pensando nessas dificuldades que a Netflix trouxe a bordo Shinichiro Watanabe, diretor do anime original, para ser consultor criativo no desenvolvimento da série live-action. Por isso, a atração apresenta uma fidelidade surpreendente aos eventos do material original, somada a algumas liberdades para encorpar um pouco mais a trama principal.
[Cuidado: spoilers da trama da série e do anime de Cowboy Bebop abaixo]
Com pouquíssimas exceções, todos os personagens principais do anime estão ali, e alguns dos melhores episódios foram adaptados para o formato tradicional das séries, com pequenas modificações para oxigenar um pouco mais a narrativa. Enquanto algumas funcionam, outras já estão sendo criticadas pelos fãs nas redes sociais --problemas que todas as adaptações sofrem ao ficarem disponíveis para o público.
Abaixo, o Notícias da TV lista algumas das principais diferenças entre a versão live-action de Cowboy Bebop na Netflix e o anime original:
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Jet (Mustafa Shakir) e Spike (John Cho)
Personagem de Mustafa Shakir no live-action, o caçador de recompensas Jet Black tem a sua história afetada em comparação ao anime. Apesar de ser o capitão da espaçonave Bebop e parceiro de Spike Spiegel (John Cho) como caçador de recompensas, ele teve alguns detalhes de seu passado alterados.
Tanto na série da Netflix quanto no anime, Jet é um ex-policial que deixou a força depois de cair em uma armação e passar alguns anos na cadeia. Desiludido com as autoridades, ele manteve amizade com antigos contatos, mas passou a ganhar a vida como um caçador de recompensas espacial.
A principal diferença está nas relações do passado de Jet. Enquanto no anime ele tinha apenas uma antiga paixão que o deixou após ser preso, no live-action o ex-policial tem uma filha pequena e uma ex-mulher. Essa mudança tem impacto direto na trama do personagem na atração da Netflix, já que constantemente ele está tentando provar ser um pai digno para a garota.
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Daniella Pineda vive Faye Valentine
Do trio protagonista, a golpista Faye Valentine (Daniella Pineda) é quem mais se difere de sua contraparte animada. No anime, a personagem é um tanto ranzinza e menos irônica, enquanto no live-action ela assume o papel de alívio cômico em diversas cenas.
Os fãs que assistirem às duas produções vão notar uma pequena alteração na trama que explora o passado de Faye. Em ambas ela é uma mulher nascida na Terra, mas que passou anos congelada após um terrível acidente.
No anime, a principal referência de Faye após ser descongelada é um advogado que a ajuda em sua adaptação no "novo mundo", e os dois acabam criando uma forte ligação. Já na série da Netflix, a jovem foi "adotada" por uma mulher que fingiu ser sua mãe e a ensinou a ser a golpista que se tornou.
A principal alteração entre as duas versões, no entanto, diz respeito à sexualidade de Faye. No anime, a personagem é heterossexual e se apaixona pelo homem que a ajudou a recuperar sua vida após o congelamento. Na encarnação de Daniella Pineda, a jovem é gay e chega a ter um affair com uma mecânica contratada para fazer reparos na Bebop.
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Alex Hassell como o vilão Vicious
Principal vilão do anime e da série, Vicious sofreu muitas alterações para ter vida na versão live-action. Se na animação o antagonista tem aparições esporádicas, na atração da Netflix ele ganha ainda mais camadas em sua história de origem para justificar o seu maior tempo em tela.
Nem todas as mudanças acabam funcionando. No anime, Vicious é uma pessoa fria, calculista e má por natureza. Sua presença imponente faz o contraponto ideal para o anti-herói malandro de Spike. Já na interpretação de Alex Hassell, o vilão mais parece um adolescente mimado que fica nervoso ao ser contrariado pelo pai e sai em busca de vingança para tomar o que deveria ser seu de direito.
O pai de Vicious também é uma criação exclusiva para o live-action. Na série, John Noble (Fringe) interpreta Caliban, patriarca do vilão que também serve como o Ancião líder do Sindicato. No anime, os personagens não têm qualquer laço de sangue.
Para os fãs da animação, Vicious se tornou um dos vilões mais celebrados justamente por sua grande presença mesmo com pouco tempo em cena. Na série, o showrunner optou por descontruir o personagem para "justificar" a sua jornada como antagonista --atitude que deixou o personagem caricato demais.
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Elena Satine como Julia
Mas a principal diferença entre o anime e a série de Cowboy Bebop está na presença de Julia, o grande amor de Spike e a causa de sua ruptura com Vicious e o Sindicato. A escolhida para interpretar a loira no live-action foi Elena Satine, mais conhecida por séries como Revenge (2011-2015) e The Gifted (2017-2019).
Em toda a história do anime, Julia aparece como uma assombração do passado de Spike em curtos flashbacks. É no decorrer dos episódios que a história dos dois vai ganhando forma, mas todas as respostas são entregues apenas nos momentos finais da produção.
Desta forma, Julia aparece em "carne e osso" pela primeira vez no penúltimo episódio do anime, fechando o ciclo de seu triângulo amoroso. Na série da Netflix, a versão vivida por Elena surge desde o início e é presença constante durante toda a trama da primeira temporada.
A personalidade da personagem nas duas versões também sofre alterações. A Julia de Elena serve quase como uma donzela em perigo esperando ser salva por seu príncipe no cavalo branco, enquanto no anime de Cowboy Bebop ela é uma "femme fatale", expressão usada para descrever mulheres sedutoras e fatais sempre prontas para a luta.
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Eden Perkins como Ed
Antes mesmo da estreia do live-action, o showrunner André Nemec não confirmava a presença de Radical Ed, menina que integra a tripulação da Bebop e forma o quarteto protagonista no anime. Várias das histórias adaptadas da animação para a série da Netflix envolvem Ed, mas foram alteradas para não precisar contar com a aparição da jovem.
A ruiva doidinha só foi aparecer de fato nos momentos finais da primeira temporada, ao encontrar Spike caído no chão após o embate final contra Vicious. Ela é vivida pelo estreante Eden Perkins, ator não-binário que fará parte da trama caso a série seja renovada para a segunda temporada.
Em entrevista à revista Entertainment Weekly, o showrunner explicou a decisão de deixar Ed fora da história da primeira temporada. "Ed foi um personagem tão importante para mim porque está além do normal. Ed é o coringa. Parecia que eu precisava entender a dinâmica central da família [Spike, Jet e Faye] antes de lançar a bomba atômica chamada Ed para criar o caos que iria girar a partir dela", explicou Nemec.
Veja abaixo um vídeo divulgado pela Netflix com a introdução de Ed em Cowboy Bebop:
to everyone who’s been asking “Where’s Ed?” — you don’t have to wait any longer
— Netflix Geeked (@NetflixGeeked) November 19, 2021
introducing newcomer Eden Perkins (they/them), who plays the role of Radical Ed in Netflix’s COWBOY BEBOP, now streaming pic.twitter.com/ttnL7xdTVb
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