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O-T FAGBENLE

Ator de Handmaid's Tale defende que opressão da Gilead não é obra de ficção

Fotos: Divulgação/Paramount+

Com um casaco de frio, O-T Fagbenle faz expressão em frente a uma bandeira que se assemelha a dos Estados Unidos em cena de Handmaid's Tale

Em Handmaid's Tale, O-T Fagbenle interpreta Luke, marido da protagonista June (Elisabeth Moss)

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 30/4/2021 - 7h05
Atualizado em 30/4/2021 - 10h53

No universo de The Handmaid's Tale, o regime opressor da Gilead coloca as mulheres em posições submissas, com proibições ao estudo e à leitura, e aquelas consideradas férteis são transformadas em aias, cujo principal propósito é a reprodução. Para o ator O-T Fagbenle, que interpreta Luke no drama premiado, a ficção criada pela autora Margaret Atwood não é tão ficcional assim.

Na série, Luke era casado com June (Elisabeth Moss), mas o romance dos dois se tornou proibido após a ascensão da Gilead porque ele é um homem divorciado. Perseguidos, os dois tentaram fugir para o Canadá, mas foram impedidos por soldados. O casal acabou separado, e apenas o marido cruzou a fronteira --a protagonista foi levada pelos opressores e se tornou uma aia.

Começa aí a história da série, cuja quarta temporada será lançada no streaming Paramount+ neste domingo (2), depois de um hiato de quase dois anos --as gravações da nova fase foram interrompidas em 2020 por causa da pandemia. Os fãs poderão conferir três episódios de uma vez, e os outros sete capítulos serão adicionados semanalmente à plataforma.

Em entrevista ao Notícias da TV, o britânico de 40 anos, que tem pai nigeriano e mãe inglesa, afirma que não se choca mais com as "Gileads da vida real", seja no avanço de governos de extrema-direita pelo mundo ou no de fanáticos religiosos, que usam a fé como justificativa para atos de destruição.

"Esses sistemas não me surpreendem. Eu já estava vivo durante o apartheid, afinal", ressalta o ator, em referência à segregação vigente na África do Sul entre 1948 e 1994.

"Eu cresci ouvindo sobre Jim Crow [leis de separação racial nos Estados Unidos] e sobre outros casos no mundo todo. Então, para mim, isso não é novidade. Sim, tivemos o fascismo nos anos 1930 e 1940, mas temos mais situações assim atualmente", continua Fagbenle.

Ainda hoje, temos regimes que separam as pessoas, que as mantêm longe de suas famílias, que são completamente opressivos com as mulheres, que têm um abismo econômico entre ricos e pobres. Tudo isso continua aqui conosco, e torço para que consigamos desmontá-los."

Casal à frente da revolução

Mesmo separados pela divisa entre a Gilead e o Canadá, June e Luke têm um objetivo em comum na quarta temporada de Handmaid's Tale: derrubar o regime opressor.

Guerreira, ela começa uma rebelião por dentro do sistema, com a ajuda de outras aias fugitivas. Já ele vira uma espécie de porta-voz de uma organização contra a opressão do território vizinho. 

June e Luke em momento de paz pré-Gilead

Essa nova faceta do personagem surpreendeu até seu intérprete, que admite nunca ter imaginado que Luke fosse assumir essa posição mais pública. "Tivemos até uma discussão sobre quão bom ele poderia ser nisso. Eu tentei fazer de um jeito que ele não fosse tão bom nesse papel, porque não acho que seria algo que viria naturalmente para ele", justifica Fagbenle.

Não que o ator tivesse muito material para se basear: no livro de Margaret Atwood que inspirou a série, Luke é apenas citado, e a protagonista inclusive acredita que ele está morto por não ter notícias dele. Para criar seu personagem, o ator teve de se apoiar totalmente nos roteiros.

"Bruce Miller [criador da série] escreveu um texto brilhante, e acho que um ator precisa seguir as palavras ali como se fossem o seu guia. É do roteiro que você tira tudo. E os atores com quem trabalho também ajudaram, Lizzie [Elisabeth Moss] e eu nos conhecemos antes de gravar, passamos um tempo juntos, falamos sobre os personagens e coisas assim", explica.

Agora, por seu personagem estar no Canadá, o intérprete acaba não contracenando com boa parte do elenco premiado de Handmaid's Tale --a maioria das tramas se desenvolve dentro da Gilead. Mas, sem estragar nenhuma surpresa, ele adianta que passará por algumas interações inusitadas no decorrer da nova temporada, na linha do encontro que teve com Serena (Yvonne Strahovski) no terceiro ano da série.

"Eu tive aquela sequência no aeroporto com Yvonne e foi incrível. E, nessa temporada, eu tenho cenas com alguns outros atores, não quero dar spoiler, mas tem coisas interessantes vindo aí. Luke vai crescer muito durante a temporada, tem umas reviravoltas muito boas", adianta Fagbenle.

Confira o trailer legendado da quarta temporada de The Handmaid's Tale --a série já foi renovada para o quinto ano, ainda sem previsão de estreia:


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