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MADELINE BREWER

'Mundo apocalíptico pode existir, Trump está no poder', diz atriz de The Handmaid's Tale

DIVULGAÇÃO/HULU

Madeline Brewer interpreta a caolha Janine em The Handmaid's Tale, série exibida no Brasil pelo Paramount  - DIVULGAÇÃO/HULU

Madeline Brewer interpreta a caolha Janine em The Handmaid's Tale, série exibida no Brasil pelo Paramount

GABRIEL PERLINE

Publicado em 31/8/2018 - 5h41

De passagem pelo Brasil para divulgar a segunda temporada da polêmica e premiada The Handmaid's Tale, que estreia neste domingo (2) no Paramount Channel, a atriz Madeline Brewer, intérprete da aia Janine, acredita que o universo da série pode se tornar realidade caso outros países venham a seguir os passos dos Estados Unidos. "O mundo apocalíptico pode existir, afinal Donald Trump está no poder", desabafou.

"Eu jamais imaginei que a gente teria no mundo um momento em que Trump pudesse se tornar presidente, e isso aconteceu. Ouvi falar que no Brasil tem um homem chamado Bolsonaro, que é contra diversos direitos das mulheres. E a ditadura de Gilead [onde se passa a série] só surgiu porque as mulheres perderam a autonomia", disse em entrevista exclusiva ao Notícias da TV.

The Handmaid's Tale é ambientada em um futuro próximo, após os Estados Unidos sofrer um golpe de estado e se transformar em uma ditadura fundamentalista cristã em que a maioria da população se torna estéril. As mulheres férteis, chamadas de aias, são usadas como escravas sexuais de homens poderosos com o objetivo único de reproduzir.

"Gilead pode existir na vida real a partir do momento em que tivermos no comando mais homens que calam as mulheres e tiram seus poderes. Parece absurdo, mas existem homens que acham que podem definir se uma mulher pode ou não abortar após ser estuprada. Eles acham que podem definir o que devemos fazer de nossas vidas, e isso é insano", afirmou.

Madeline Brewer acredita que a união das mulheres é a principal arma para combater a possibilidade de The Handmaid's Tale se tornar real.

"O sexismo é internalizado, o sistema é misógino, e isso é cultural. Quando você coloca uma mulher contra a outra, você tira o poder da mulher. Hoje, mais velha, em vez de criticar alguém, chamo a mulher de lado e converso com ela sobre as nossas diferenças e tento ganhar uma aliada. Quando as mulheres se unem, o sistema patriarcal cai e fica maluco. E é isso que eles não querem", disse.

Na série, sua personagem acaba perdendo um olho como punição por ter se apaixonado por seu patrão e por tentar ficar com o filho que gerou para a mulher de seu chefe.

"Janine é importante para mim porque sou mulher. Amo ser mulher, amo minhas amigas, eu amo tudo o que se refere ao universo feminino. Você vê todos os tipos de mulheres na série e admiro a maneira como foi escrita. Elas não são 100% boas ou más, elas são humanas. É uma série humanamente complexa", avalia. 

Madeline Brewer em conversa com a imprensa em São Paulo (Foto: Francisco Cepeda/AgNews)

A ascensão da caolha
Madeline Brewer estreou na TV há cinco anos, interpretando a problemática detenta Tricia Miller em Orange Is the New Black, da Netflix. Até ser escalada para dar vida à inocente e histérica Janine em The Handmaid's Tale, seu primeiro papel recorrente em uma série, ela precisou se virar e arranjar maneiras alternativas para se sustentar. 

"Muita coisa mudou em mim nos últimos cinco anos. Minha carreira deu a guinada que eu queria, mas não esperava que fosse ser tão rápido. Me tornei uma regular em uma série, cresci como mulher, muito aprendizado, cometi muitos erros e aprendi com eles. Não foi nada fácil, mas aqui estou", refletiu.

Ela lembra que até conseguir seu segundo trabalho como atriz, na série Hemlock Grove, também da Netflix, trabalhou como garçonete em uma cafeteria de Nova York para pagar seu aluguel.

"Eu tive uma audição para Hemlock Grove de manhã, e eu trabalhei à noite na cafeteria. Me ligaram no meio do expediente e disseram para eu empacotar as minhas coisas e partir para o Canadá [onde a série foi gravada] na manhã seguinte. Pedi demissão na hora e larguei tudo. Foi muito doido, mas não me arrependo de nada", lembrou.

A escolha, pelo visto, foi acertada. O papel em The Handmaid's Tale a projetou internacionalmente e hoje ela vê que a perturbada Janine lhe trouxe ganhos que vão além da fama e do conforto financeiro.

"Janine traz o meu melhor à tona. Cresci muito como pessoa e como mulher graças a ela. Eu sinto que ela extraiu o melhor de mim profundamente", disse.

A segunda temporada de The Handmaid's Tale estreia neste domingo (2), no Paramount Channel, às 21h. Após a exibição, os episódios ficarão disponíveis no Now.

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