Análise | Teledramaturgia
Divulgação/TV Globo
A atriz Paolla Oliveira em capítulo de Além do Tempo: diálogos menos pomposos do que figurinos
A narração de Além do Tempo, a estreia das seis na Globo, definiu muito bem a história que será contada: "Há tempo de plantar e há tempo de colher o que se plantou". O tempo de plantar é no século 19, quando o folhetim tem início, e o de colher, na atualidade, a ser exibido daqui a 70 capítulos. A metáfora serve para explicar que os personagem da história terão a chance de corrigir os erros cometidos na primeira fase.
Lívia (Alinne Moraes) é uma noviça que no final do primeiro capítulo encantou-se pelo conde Felipe (Rafael Cardoso), que a correspondeu com um olhar cúmplice. Mas para que os dois vivam esse amor, terão de vencer os obstáculos impostos pela tia do rapaz, a condessa Vitória (Irene Ravache), e a mãe da moça, Emília (Ana Beatriz Nogueira), duas mulheres que no passado se enfrentaram e não suportam uma à outra.
Embora Além do Tempo complete a trilogia espírita de Elizabeth Jhin _Escrito nas Estrelas (2010) e Amor Eterno Amor (2012)_, felizmente a novela ainda não mostrou traços doutrinários. Quando a virada da história ocorrer, aí sim o público será apresentado à temática do Além pretendida pela autora.
Tal virada na história mostra-se necessária. Prevista para ter mais de 150 capítulos, Além do Tempo precisará mesmo de fôlego, e a passagem de tempo tem tudo para ser um recurso interessante do ponto de vista dramatúrgico. Um desafio para a produção, que terá de cativar o público na primeira fase a fim de mantê-lo fiel e disposto a assistir o que está por vir. A acompanhar.
Do que foi apresentado na primeira semana de exibição, Além do Tempo não trouxe absolutamente nada inovador. É, entretanto, narrada com ritmo e sem fantasias e escorregadas.
Comparações com a série britânica Downton Abbey são inevitáveis e as referências são nítidas. A produção brasileira, contudo, tem suas qualidades: é caprichada, os cenários são bem construídos, os figurinos, idem, e Rogério Gomes mantém um bom padrão em sua direção. Mas começo de novela é como começo de namoro: tudo lindo.
Aparentemente austera e sisuda, a novela pode ter dado um choque no telespectador do horário, habituado com o naturalismo da titular anterior, Sete Vidas. Os diálogos não carregam a carga dramática da antecessora, mas são corretos e menos pomposos que os figurinos, o que já configura um alívio.
Quanto ao elenco, chama a atenção a entrega visceral de Irene Ravache à personagem depois de dar vida a tipos cômicos em seus últimos trabalhos na televisão. Atriz com recursos, Irene já mostrou a que veio, pontuando a vilania da condessa Vitória.
Ana Beatriz Nogueira também construiu bem sua personagem e imprimiu nuances interessantes em Emília: severidade e doçura, apreensão e ódio por Vitória. É um conflito interessante, ainda mais sabendo que as duas podem inverter os papéis de carrasca e oprimida na segunda fase.
É interessante notar que até então sem grandes novidades, o folhetim pode cativar o telespectador justamente por aquilo que ainda não apresentou: a virada na história.
► Curta o Notícias da TV no Facebook e fique por dentro de tudo na televisão
► Siga o Notícias da TV no Twitter: @danielkastro
© 2024 Notícias da TV | Proibida a reprodução
TUDO SOBRE
Alinne Moraes
Além do Tempo
Ana Beatriz Nogueira
Downton Abbey
Elizabeth Jhin
Irene Ravache
Novela das Seis
Paolla Oliveira
Rafael Cardoso
Mais lidas
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.