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EXPERT EM FOLHETIM

Tony Ramos se arrisca a explicar sucesso da controversa Fina Estampa

FÁBIO ROCHA/TV GLOBO

O ator Tony Ramos, de braços cruzados, posa em seu escritório com vários livros ao fundo

Tony Ramos voltará ao ar como Miguel na reprise de Laços de Família no Vale a Pena Ver de Novo

DANIEL FARAD, do Rio de Janeiro

Publicado em 30/8/2020 - 7h00

Com 57 anos de televisão, Tony Ramos também tem seus palpites sobre os bons números de audiência da reprise de Fina Estampa. Detonada nas redes sociais, mas mais popular do que a inédita e "queridinha" Amor de Mãe, a trama acertaria por apostar no bom e velho folhetim. "Cria uma cumplicidade com o brasileiro", avaliou o veterano.

Até mesmo atores do elenco já criticaram abertamente o texto de Aguinaldo Silva. Intérprete de Rafael na produção da Globo, Marco Pigossi foi taxativo ao dizer que a história "deveria ser proibida". O próprio autor rebateu as declarações e, em tom de deboche, postou um vídeo antigo em que o galã se derretia em elogios à obra.

Em meio a esse fogo cruzado, Tony acredita que a teledramaturgia ainda é vítima de um olhar "blasé" por parte do público, sobretudo da parcela mais intelectualizada que menospreza o poder dessas tramas de criarem um vínculo com quem as acompanha diariamente --e se diverte com suas reviravoltas "rocambolescas".

"Há uma camaradagem com o espectador, que também vê o seu cotidiano ali. Por isso que ela dá 37 pontos, e Totalmente Demais também vai bem", ponderou o veterano durante coletiva virtual sobre a reprise de Laços de Família (2000) no Vale a Pena Ver de Novo na última quinta-feira (27).

Fórmula presente em séries

O artista afirma que diversas séries que se tornaram fenômeno nos últimos anos não escaparam de usar a mesma fórmula das criticadas novelas, que seguram as pessoas atônitas em frente à TV para descobrir "as cenas do próximo capítulo".

"Se você olhar uma série como Homeland [2011-2020], com seus quase 100 episódios, não há um que não se amarre no próximo com um bom gancho. A diferença é o formato, que não é diário. Quando você entra na casa das pessoas todos os dias, há uma sintonia muito curiosa, até estranha, que só a telenovela nos proporciona", afirmou.

Ramos, inclusive, ressalta que essa estratégia não é nova e vem desde a época em que grandes escritores publicavam as suas histórias em jornais no início do século 18. "Fiódor Dostoiévski [1821-1881] escreveu Os Irmãos Karamazov como um folhetim, em que as pessoas corriam para a banca para saber como ia acabar", exemplificou o artista.

Essa linguagem, em sua opinião, é uma das formas mais antigas que o ser humano encontrou para contar suas histórias e, sobretudo, ser ouvido pelo seu interlocutor. "O folhetim é a grande identificação universal, está presente nas séries americanas, nórdicas, japonesas. Faz as pessoas se perguntarem 'e o que vem depois?'. E a nossa novela tem isso de sobra", arrematou o marido de Lidiane Barbosa.


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