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ANÁLISE

Na última temporada, Homeland volta ao começo com virada para protagonista

Divulgação/Showtime

Sérios, os personagens Carrie (Claire Danes) e Saul (Mandy Patinkin) caminham em cena da oitava temporada de Homeland

Carrie (Claire Danes) e Saul (Mandy Patinkin) em cena da oitava temporada da série Homeland

HENRIQUE HADDEFINIR

Publicado em 12/2/2020 - 4h48

Quando estreou, em 2011, Homeland era uma série sobre um cidadão americano, preso no Oriente Médio, que passava para o lado inimigo e virava um agente terrorista. Agora, a última temporada começa levando a atração de volta ao começo, e a grande dúvida gira em torno de sua protagonista: Carrie (Claire Danes) ainda é uma patriota?

Em 2015, os criadores de Homeland conseguiram um acordo inesperado com o canal Showtime. Alex Gansa e Howard Gordon (nomes também por trás de 24 Horas) fecharam um plano para mais três temporadas, com intervalos maiores entre elas. Assim, teriam tempo para planejar exatamente como seria essa reta final.

Uma pena que entre o terceiro e o quinto ano a série tenha perdido boa parte de seu público, já que a partir do sexto os criadores reencontraram uma narrativa segura e relevante e entregaram duas temporadas completamente coesas. Para os fãs brasileiros, inclusive, Homeland teve um impacto muito dramático ao reproduzir de modo evidente todo o processo que levou ao impeachment de Dilma Rousseff.

Em um resumo objetivo, a eleição da primeira presidente mulher dos Estados Unidos gerou uma conspiração interna para tirá-la do poder. Após um esquema de propagação de fake news por meio de perfis falsos na internet, a população foi insurgida contra a governante, que sofreu um terrível atentado. Apavorada e disposta a ser forte, ela reagiu com mãos de ferro e cometeu muitos erros.

Carrie trabalhou junto com Saul (Mandy Patinkin) para tentar corrigir os exageros da presidente. Nesse processo, os dois descobriram que membros do governo estão trabalhando com os russos desde o começo para desestabilizar os EUA. A versão gringa de Dilma reconheceu os próprios erros, renunciou ao cargo, e seu vice assumiu. A protagonista, no entanto, acabou presa pelos russos e ficou sete meses à mercê da falta de tratamento para seu bipolarismo.

Assim, para seu último ano, a produção recupera uma perspectiva que o público só havia visto lá no começo: depois de sete meses presa entre os russos, sem sua medicação, nem a própria Carrie sabe --ou não parece saber-- o que fez durante esse período. Quando Saul a recruta para voltar à ativa, tanto personagens quanto público podem desconfiar se a personagem está mesmo 100% comprometida com o país.

Como também era esperado, a série retorna para a narrativa de conflitos no Oriente Médio. Saul está tentando um acordo de paz entre talibãs e o governo afegão, mas entre seus obstáculos existe a ameaça de que os russos ainda estejam interferindo. A vigilância e espionagem nos dois lados torna-se uma necessidade real.

Max (Maury Sterling) está numa missão para grampear os talibãs, e Carrie segue para Cabul para montar um time e começar seu trabalho. O problema é que logo que procura um de seus informantes, ela descobre que ele foi morto e começa a desmoronar, achando que talvez tenha sido por sua culpa, já que não tem como afirmar se disse mais do que devia no período em que ficou presa.

A dinâmica se estabelece de uma forma muito interessante. Ainda que tenha sido levada ao poço da própria doença e perdido a consciência dos fatos, se Carrie tiver falado mais do que devia, ela será considerada uma traidora e colocada na mesma posição em que Brody (Damien Lewis) esteve na primeira temporada. Seria uma ótima maneira de conduzir a despedida.

A estreia da temporada derradeira, enfim, provoca o espectador no seu último instante. Ao voltar para a base de operações, Carrie dá de cara com Yevgeni (Costa Ronin) saindo de um escritório e se lembra que foi ele quem a manteve em cativeiro na Rússia, obtendo dela informações que ela não sabe quais são.

Homeland começou sua última jornada na televisão em alta, e o público precisa fazer as pazes com a ideia de que terá de se despedir do universo político e cultural da série, assim como da atuação visceral de Claire Danes, na pele de uma personagem que lida o tempo todo com uma doença incompatível com seu dever. Difícil vislumbrar um final feliz para ela, mas ainda há algumas semanas para torcer.

A oitava e última temporada de Homeland estreou no Brasil no domingo (9), no canal Fox Premium 2 e no app para assinantes do Fox Premium. Se você quiser começar a série, as outras sete temporadas também estão disponíveis no Globoplay.


Este texto não reflete necessariamente a opinião do Notícias da TV.

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