Renascer vai enfrentar pedra bem conhecida no caminho que atingiu Pantanal

Um dos principais desafios de Bruno Luperi será segurar o público na segunda fase do remake de Renascer, que começa nesta segunda (5). Com a boa audiência e repercussão positiva a seu favor, o autor vai enfrentar um problema bem parecido ao de Pantanal (2022) --o ritmo mais lento e as barrigas, jargão para quando nada acontece na história, que foram o ponto fraco da versão original.

O telespectador que assistiu a Pantanal (1990) na extinta Manchete deve se lembrar das inúmeras cenas com os tuiuiús que sobrevoaram a região. As sequências não só serviam ao estilo de Benedito Ruy Barbosa, mais contemplativo, como ajudavam a espichar a trama diante dos bons números.

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Mas essa estratégia já não funciona tão bem atualmente, pois as telenovelas importaram parte do ritmo frenético que marca outro formato --o das séries. Alguns dos principais sucessos da Globo nas últimas décadas têm essa característica no DNA, como a reverenciada Avenida Brasil (2012).

Luperi foi criticado em sua adaptação de Pantanal justamente pelo excesso de deferência à obra do avô, que resultou em uma espécie de "anacronismo" para o espectador. Em alguns momentos, a lentidão da história chegou a atrapalhar o Ibope --ainda que sem gerar grandes dores de cabeça para a Globo.

Renascer não só partilha desse ritmo menos acelerado como ainda sofreu com uma série de infortúnios e baixas em 1993. Benedito Ruy Barbosa precisou dar um fim a José Venâncio, por conta de diferenças artísticas com Taumaturgo Ferreira nos bastidores.

A rejeição a Mariana, que chegou a traumatizar Adriana Esteves a ponto de se ela afastar da televisão durante dois anos, também atrapalhou os rumos da personagem.

Ao contrário de Pantanal, Luperi chega com crédito extra à segunda fase de Renascer. Ele provou que está disposto a mexer no cânone do avô, a exemplo do que fez com o coronel Firmino (Enrique Diaz) --solucionando um mistério que já perdurava há 31 anos com cenas inéditas.

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