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ERGUEI AS MÃOS

Renascer alfineta 'pix para Jesus' e ostentação de religiosos com pastor Lívio

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

O ator Chico Díaz como padre Santo à esquerda e o ator Breno da Matta como o pastor Lívio à direita em cena de Renascer

Padre Santo (Chico Díaz) e pastor Lívio (Breno da Matta) em Renascer: críticas a religiosos

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 26/2/2024 - 21h00

As primeiras cenas de Lívio (Breno da Matta) provaram que a inclusão de um pastor no remake de Renascer não foi exatamente um "aceno cego" aos evangélicos. Bruno Luperi também deu um verniz crítico ao personagem, que acaba tocando na ferida dessa fatia do público --a que mais cresce entre a população brasileira, de acordo com os dados do último Censo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Lívio já se mostrou um homem mais antenado com a tecnologia do que o padre Santo (Chico Díaz), como quando fingiu fazer uma live em seu celular para escapar de jagunços. O televangelismo sempre existiu, com igrejas evangélicas comprando espaço para pregação --só que adquiriu também uma nova janela com o avanço tecnológico.

Não são incomuns as transmissões de pregações ou de grupos de oração em plataformas como o YouTube ou o Instagram. O celular na mão do pastor pode até ser um "mero detalhe" para alguns, mas também dá conta dessa nova realidade.

A própria Igreja Católica, conhecida pelo rigor com os seus ritos, também está de olho em se tornar mais digital. O terço agora é rezado em lives nas redes, e a internet tem até um padroeiro --o beato Carlos Acutis, cujo corpo está exposto de jeans e moletom para veneração em Assis, na Itália.

A postura de Lívio também se mostra bastante crítica em algumas ocasiões, como na sua reação à suposição de Egídio (Vladimir Brichta) de que a situação anda tão difícil que até um padre e um pastor precisaram se juntar para cobrar o dízimo.

O próprio coronel disse que anda em dia com Deus e com o diabo, em encontro à ideia de que doações para entidades metafísicas têm impacto na vida material, sobretudo a financeira. Trata-se da teologia da prosperidade, que é bastante fundamental para se entender o neopentecostalismo no Brasil hoje.

O próprio UOL já mostrou o caso de uma pastora "ostentação" que disse que ninguém é tão pobre que não poderia fazer um pix para a obra de Deus. Afinal, o próprio Criador retribuiria com bênçãos --e não só espirituais, que fique claro.

Evangélicos de esquerda

Um fenômeno bastante interessante que o remake de Renascer está captando é o crescimento de lideranças evangélicas que se declaram de esquerda. Há até mesmo uma Frente Evangélica Popular no Congresso Nacional que vai de encontro aos interesses da mais conhecida Bancada da Bíblia --historicamente mais alinhada com a direita e até com a extrema direita.

Lívio deu representatividade a essas pessoas, como na defesa da reforma agrária, quando não abaixou a cabeça para José Inocêncio --criticando até mesmo a postura do padre Lívio de "neutralidade política" diante de um latifundiário.

Renascer foi escrita e criada pelo autor Benedito Ruy Barbosa. A primeira versão foi ao ar na Globo em 1993. Bruno Luperi é neto do novelista e responsável pela adaptação da saga rural que estreou no horário nobre em janeiro. O remake ficará no ar até setembro.


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