Remake de Renascer mexe em 'vespeiro' com nova personagem lésbica

Para atualizar o remake de Renascer, o autor Bruno Luperi não trocou apenas o gênero de um dos personagens do núcleo central ao transformar o Zinho (Cosme dos Santos) de 1993 em Zinha (Samantha Jones). Contrariando a premissa do avô, Benedito Ruy Barbosa, que não gostava de homossexuais em suas novelas, o escritor adicionou um drama extra para a jovem: ela se descobrirá lésbica nos próximos capítulos da novela das nove da Globo.

Em um primeiro momento, Zinha não entenderá bem o que estará sentindo, e Morena (Ana Cecília Costa) logo perceberá que a jovem pode gostar de mulher. A ex-prostituta fará piadas sobre a proximidade dela e de João Pedro (Juan Paiva) e comentará com Deocleciano (Jackson Costa) suas preocupações. "Pois eu lhe digo que se ela dexá João Pedro passá, é sinal de que num gosta da fruta!", sentenciará.

Zinha ficará tão encasquetada com as palavras de Morena que chegará a beijar João Pedro. Mas ela logo perceberá que não sente nada mesmo pelo amigo. Só depois disso é que ela ficará encantada por Ritinha (Mell Muzzillo), filha de Inácia (Edvana Carvalho).

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A chegada de Damião (Xamã) à trama, no capítulo que vai ao ar na segunda-feira (19), vai fazer a filha de Jupará (Evaldo Macarrão) perceber que sente algo diferente pela menina. É que o capanga investirá pesado em Ritinha, e Zinha ficará com ciúme.

Antes disso, Morena se mostrará preocupada com a possibilidade da jovem ser lésbica. "Eu sei o que Zinha ia sofrê no mei desse povo se essa conversa espalhasse!", falará Deocleciano. "E sabe o tanto que ela pode tá sofrêno se tivé que escondê o que é pra tentá sê filiz?!", rebaterá Morena. "Quem tá inventâno essa conversa é ocê, Morena, num é ela!", insistirá o funcionário de José Inocêncio (Marcos Palmeira).

Morena se defenderá e ressaltará que não está inventando nada. "Tô só dizêno que se, depois do tanto que ela sofreu por aquele minino, ela num me fizé nada agora... Ou é muito sonsa ou joga no ôtro time!", repetirá.

Com a mudança na orientação sexual de Zinha, Bruno Luperi vai na contramão das declarações do avô, Benedito Ruy Barbosa, sobre o desenvolvimento de tramas focadas em personagens LGBTQIA+.

"Não sou contra, não acho errado. O que acho é que, quando tenho na mão 80 milhões [de pessoas] assistindo à minha novela, tenho que ter responsabilidade. Tenho que saber que tem muito pai que não quer que o filho veja, porque eles não sabem explicar, não sabem como colocar", ressaltou o veterano durante o lançamento de Velho Chico (2016).

Ruy Barbosa foi duramente criticado na época, sobretudo por também ter dito que "odeia história de bicha". Ele até já tinha escrito personagens LGBTQIA+ em suas novelas, como Buba (Maria Luísa Mendonça) na primeira versão de Renascer (1993) e Zaqueu (João Alberto Pinheiro) na Pantanal (1990) exibida pela Manchete. As abordagens do autor, porém, hoje são alvos de críticas.

Luperi manteve o peão declaradamente homossexual no remake de Pantanal (2022), mas descartou as cenas em que a homofobia servia como alívio cômico. Interpretado por Silvero Pereira, o personagem rebatizado de Zaquieu chegou até a dar um beijo em outro homem no último capítulo.

Desta vez, o roteirista também mudou o perfil de Buba, agora interpretada por Gabriela Medeiros. A personagem, originalmente uma pessoa intersexo (na época chamada de hermafrodita), se tornou uma mulher transexual.

De acordo com a sinopse de Renascer a que o Notícias da TV teve acesso, Zinha vai viver uma série de conflitos com a própria sexualidade e ganhará ainda mais holofotes sobre sua história –especialmente após as reclamações sobre o apagamento do casal de lésbicas de Terra e Paixão (2023).

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