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NICOLA SIRI

Padre de Mulheres Apaixonadas, ator desistiu de filme de Hollywood pela Globo

Divulgação/TV Globo

Os atores Lavinia Vlasak e Nicola Siri lado a lado em cena como Estela e padre Pedro na novela Mulheres Apaixonadas

Em Mulheres Apaixonadas (2003), Estela (Lavinia Vlasak) se apaixonou pelo padre Pedro (Nicola Siri)

FERNANDA LOPES

Publicado em 31/8/2020 - 7h10

Uma das histórias que mais teve repercussão em Mulheres Apaixonadas (2003) foi o caso de amor entre a socialite Estela (Lavinia Vlasak) e o padre Pedro (Nicola Siri). A novela, que está sendo reprisada no Viva, foi a primeira da carreira do ator italiano no Brasil. Ele desistiu de um filme hollywoodiano pela oportunidade que teve na Globo.

A trajetória de Nicola Siri até Mulheres Apaixonadas começou dois anos antes, quando conheceu o diretor de novelas da Globo Luciano Sabino em um jantar na Itália. Siri, que já havia gravado um filme no Brasil, veio até o Rio de Janeiro e recebeu um convite do diretor para conhecer a Globo e gravar um teste.

Em 2002, Manoel Carlos e Ricardo Waddington, respectivamente autor e diretor de Mulheres Apaixonadas, se interessaram pelo trabalho dele e o convidaram para a novela. Mas não sabiam que Siri já havia sido aprovado para atuar no filme A Paixão de Cristo (2004), dirigido por Mel Gibson e gravado na Itália.

"Eu tinha acabado de ter sido escolhido pra fazer o guardião do templo de A Paixão de Cristo. Perguntei se podia fazer o longa e depois ir pro Brasil, mas falaram que não era possível [o filme e a novela começariam a ser gravados na mesma época]. Então, tive que escolher. No final das contas, escolhi Mulheres Apaixonadas. Eu nem sabia o que era fazer novela das nove, mas escolhi pelo papel que me ofereceram", conta o intérprete do religioso.

Em dezembro de 2002, portanto, Siri chegou ao Brasil para viver Pedro, um padre muito correto e boa pessoa, mas que vive um tormento ao conhecer Estela. A jovem se apaixona por ele, e a atração entre os dois é intensa.

Para dar mais veracidade ao personagem, o ator fez questão de ir morar em um apartamento próximo a uma igreja e afirma que frequentou o local todos os dias, entre dezembro de 2002 e agosto de 2003. As senhoras que acompanhavam as missas com ele começaram a dar palpites na vida do padre da novela da Globo.

"Quando me reconheceram, no comecinho todo mundo ficou meio com raiva. Falavam: 'Não tem que ceder à tentação, você é padre, não pode, larga a Estela'. Mas a grande arte de Manoel Carlos foi mudar o pensamento do público, eu vivi isso na pele. No final da novela, essas mesmas beatas foram as primeiras a dizerem: 'Olha como a Estela mudou, ela realmente te ama, case com ela, viva esse amor' (risos). Foi muito engraçado", lembra o italiano.

Nos dias atuais, o público de Mulheres Apaixonadas faz muitas comparações entre a trama da novela e a da série Fleabag (2016-2019). Na segunda temporada, a personagem principal da produção inglesa se apaixona por um padre, e a atração entre os dois é forte. Os memes que alegam que a história de Pedro e Estela teria supostamente "inspirado" a criadora de Fleabag, Phoebe Waller-Bridge, são frequentes nas redes sociais.

"Tinham me falado de Fleabag, mas sinceramente assisti a outras séries nessa quarentena, séries mais antigas. Eu vi o meme [usando foto dele e de Lavinia Vlasak em Mulheres Apaixonadas] e escrito 'o nosso Fleabag', mas não entendi. Vou ter que assistir Fleabag então", brinca o ator.

Italiano no Brasil

Após Mulheres Apaixonadas, Nicola Siri fez várias outras novelas na Globo e na Record, como Belíssima (2005), Amor e Intrigas (2007), Império (2014) e Jesus (2018). Seu último papel na TV foi em Éramos Seis (2019).

Durante a quarentena, ele está se dedicando a uma nova série, chamada Lockdown, em que as gravações acontecerão de forma remota e refletirão diferentes realidades da pandemia. Ainda não há definição de quando e onde a atração irá ao ar. O elenco conta também com os atores Vanessa Gerbelli, Paloma Bernardi, Daniel Erthal e Henri Pagnocelli.

Nicola Siri também está fazendo workshops sobre literatura italiana no Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro, e o próximo curso acontece em 21 de setembro. Ele diz que ficou no Brasil pelo trabalho, mas hoje confessa que o país em que vive é o "amor de sua vida".

"Quando cheguei, o trabalho de ator era muito valorizado. Hoje, infelizmente estamos vivendo um período muito obscuro aqui. O silêncio não é mais uma opção. Os artistas, e não só eles, mas os seres humanos, têm a obrigação de se posicionar. O desgoverno no Brasil está tentando destruir a arte, a cultura, a escola, a educação. É fundamental ficar em pé e lutar contra qualquer tipo de racismo, homofobia, desigualdade social. Vamos lutar pela liberdade, pela democracia. Vou continuar aqui lutando por isso", discursa o ator.


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