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Morte de ator e impasse com autor obrigaram Globo a reprisar novelas

Divulgação/Globo

O ator Jardel Filho (1927-1983), que morreu durante as gravações da novela Sol de Verão (1982)

O ator Jardel Filho (1927-1983), que morreu durante as gravações da novela Sol de Verão (1982), da Globo

REDAÇÃO

Publicado em 30/3/2020 - 5h58

A partir desta segunda (30), as três novelas do horário nobre da Globo serão reapresentações: Fina Estampa (2011) às 21h, Totalmente Demais (2015) às 19h e Novo Mundo (2017) às 18h. A interrupção de novelas antes do fim de suas histórias é algo inédito, mas a Globo já enfrentou outros problemas que provocaram a exibição repentina de reprises.

Em 1983, a morte de um ator pegou toda a produção da novela Sol de Verão de surpresa. Jardel Filho (1927-1983) era o protagonista da trama e teve um ataque cardíaco fulminante em fevereiro daquele ano. A novela ainda tinha dois meses pela frente, mas a Globo e o autor Manoel Carlos decidiram encurtá-la.

Ainda assim, a novela seguinte, Louco Amor, não havia entrado nem em pré-produção. A solução foi exibir uma reprise compacta de O Casarão (1976).

Já em 1979, um desentendimento da Globo com um autor provocou o caos na faixa das seis. A primeira versão de Cabocla estava no ar, e Benedito Ruy Barbosa já havia finalizado os roteiros. Mas a emissora propôs que ele escrevesse mais alguns capítulos, porque a produção da novela seguinte, Olhai os Lírios do Campo, estava atrasada.

Benedito Ruy Barbosa surpreendeu a direção da Globo e se recusou a prolongar seu folhetim. Sem saída, uma reprise de A Escrava Isaura (1976) foi exibida no hiato entre as duas novelas.

Ainda na faixa das 18h, em 1986 o problema da Globo foi com o Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Rio de Janeiro, que exigia que seus afiliados trabalhassem no máximo seis horas por dia.

Em meio ao impasse, a novela Sinhá Moça chegou ao fim e não tinha substituta. A emissora exibiu a reprise de Locomotivas (1977) até que o folhetim seguinte pudesse ser produzido e estrear --foi Direito de Amar, três meses depois.

reprodução/Globo

Betty Faria e Lima Duarte na versão de Roque Santeiro antes da censura; ela era viúva Porcina

Censura

O caso mais próximo do cenário atual vivido pela Globo por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) ocorreu em 1975, quando Roque Santeiro foi proibida pela censura do governo militar em pleno dia da estreia. A emissora chegou a pensar em uma completa troca de horários de suas tramas, mas acabou optando por reprisar um sucesso reeditado e produzir uma nova história.

Com a produção em andamento, a estreia foi marcada para 25 de agosto daquele ano. Com mais de 50 capítulos escritos e mais de 30 gravados, a surpresa veio cinco dias antes da estreia, no dia 20, quando os censores viram os episódios enviados e anunciaram que a novela só poderia ser exibida na faixa das 22h, com inúmeros cortes.

"A única solução foi recauchutar Selva de Pedra, uma novela de Janete Clair (1925-1983), mulher de Dias Gomes, já exibida há bastante tempo, reduzi-la a 34 capítulos e mandá-la para o ar. Enquanto isso, haveria tempo para produzir uma nova novela das oito", explicou uma reportagem do jornal Movimento de 1° de setembro de 1975.

Quando a novela inédita finalmente foi ao ar com as alterações, dez anos depois, Betty Faria, que já havia gravado como Porcina, não estava mais no elenco. A atriz se recusou a participar da novela após a censura e foi substituída por Regina Duarte.


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