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EDY STAR

Artista da Globo proibido de aparecer na TV explica 'briga' com todo-poderoso

DIVULGAÇÃO/MUSIC BOX BRASIL

Edy Star no documentário Antes que Me Esqueçam, Meu Nome é Edy Star

Edy Star no documentário Antes que Me Esqueçam, Meu Nome é Edy Star; cantor foi contratado da Globo

ELBA KRISS

Publicado em 30/3/2020 - 6h00
Atualizado em 30/3/2020 - 6h01

O cantor e ator Edivaldo Souza, 82 anos, conhecido como Edy Star, pertenceu ao banco de contratados da Globo nos anos 1970. Proibido na televisão pela Censura Federal, nunca apareceu no ar. Ele tem boas histórias para contar, e uma delas é a suposta briga com José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, ex-todo-poderoso da emissora. "Teve gente que inventou que dei na cara dele. Nunca. Não tenho inimigos", conta ao Notícias da TV.

O motivo da desavença foi o fato de Edy ter sido contratado da Globo por dois anos e nunca ter aparecido em nenhum programa da casa ou emplacado algo na programação. No início dos anos 1970, Star integrou a Grã-Ordem Kavernista, com Raul Seixas (1945-1989), Mirian Batucada (1947-1994) e Sergio Sampaio (1947-1994).

O único disco do quarteto foi censurado pela Ditadura Militar (1964-1985). De personalidade forte, o cantor natural da Bahia abordava a sexualidade em sua arte. Por isso, em 1975, escancarou sua homossexualidade e se tornou o primeiro artista brasileiro a se declarar assumidamente gay. Foi assim que seu nome chegou até a alta cúpula da Globo.

"Eu trabalhava [fazendo shows] em uma boate classe A em Ipanema, no Rio de Janeiro. Era um lugar chique e eu já fazia participações em musicais da Globo, como o Fantástico, o Globo de Ouro (1972-1990) e o Brasil Pandeiro (1978)", lembra.

"Em 1975 e 1976, quando eu estava no teatro com Rocky Horror Picture Show, o Boni ia muito na noite carioca. Eu estava em uma boate, ele me viu fazendo um número e disse: 'Quero você na Globo'. Marcou reunião para o dia seguinte às 6h da manhã. Em dez minutos eu estava contratado. Com carteira assinada e tudo", conta. 

Kavernistas: Star (amarelo), Mirian, Sampaio e Seixas

Star ficou dois anos contratado, mas não trabalhou em nenhuma produção da casa. "Nesse período, eu, Ney Matrogrosso e Maria Alcina éramos a imagem atentatória aos bons costumes da família brasileira. Nós três estávamos proibidos pela censura", diz.

"Eu quase que diariamente ligava para ele [Boni]. Eu tinha o telefone direto dele e falava: 'Boni, qual é?'. E ele falava 'Você está recebendo [pagamento]? Então está reclamando do quê?'", relembra aos risos.

Boatos de uma desavença com o vice-presidente de Operações da Globo surgiram na imprensa. "Não dei a menor bola para isso. Todo mundo que conheci são meus amigos até hoje. Ney Matogrosso e Gilberto Gil são meus amigos durante toda a vida", enfatiza.

"Eu frequentava a Globo sempre. Almoçava lá para falar com o povo que fazia novela, como Betty Faria e Susana Vieira. Nunca tive nada contra a emissora. Não falo mal. Todo mundo fala mal, mas no fundo todo mundo quer estar onde? Na Globo", ressalta.

Do ex-chefe Boni, o artista guarda carinho. "De vez em quando encontro ele. Sempre me trata muito bem, me abraça, dá risada e lembramos de certas coisas. Nos tempos dele, tinha grandes musicais na Globo", recorda, saudosista.

Vida transgressora virou documentário

A amizade com Raul Seixas e as histórias de um desbocado cantor, ator, dançarino e artista plástico renderam o documentário Antes que Me Esqueçam, Meu Nome é Edy Star, do diretor Fernando Moraes. A produção da Têm Dendê Produções ganhou direção musical de Zeca Baleiro e está em exibição no canal Music Box Brazil.

Amigos famosos de Star participam com depoimentos reveladores. Caetano Veloso, Maria Alcina e as transformistas Rogéria (1943-2017), Claudia Celeste (1952-2018) e Jane di Castro foram alguns dos importantes nomes escalados para falar do artista.

"Vendo o documentário e olhando para trás na minha vida posso ver que sou um sobrevivente. Fui um transgressor e consegui fazer a minha carreira mesmo sem ter defendido bandeira alguma, apenas vivido a minha vida", comenta Star.

O próximo passo do veterano é lançar uma biografia. "Me fizeram a proposta do livro, que eu sempre lutei contra. Acho minha vida boba, uma bobagem. Não tenho uma música no hit parade, não tenho música de novela, não tenho nada de grande sucesso, não tenho fã-clube", brinca.

"Vou pensar no livro e é assim: ou conta tudo ou não conta nada. Já não tenho mais nada a perder. E alguns personagens da minha época estão fazendo crochê ou estão na fralda geriátrica", finaliza, dando gargalhadas.

O documentário Antes que Me Esqueçam, Meu Nome é Edy Star entrou na programação da Music Box Brasil em 21 de março. As reprises estão agendadas para 4 de abril, às 18h45, e 22 de abril, às 18h30.


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