Babado da Semana
Divulgação/Chicago Police
Registro da polícia de Chicago de Jussie Smollett, preso na última quinta (21); ele pagou fiança e foi solto
REDAÇÃO
Publicado em 23/2/2019 - 6h12
"Quem inventaria uma porra dessa?". Há uma semana, o ator Jussie Smollett disse essa frase em entrevista a um dos programas matinais de maior sucesso nos Estados Unidos. Na ocasião, relatou que teria sido agredido por ser gay, negro e anti-Donald Trump. A polícia de Chicago investigou o caso e concluiu que tudo não passou de uma armação de Smollett, com direito até a ensaio da agressão.
O site TMZ, que publicou vários furos sobre o assunto, um dos mais comentados da semana no mundo todo, divulgou na quinta (21) o documento oficial da polícia com todos os detalhes dessa saga, que contém elementos dignos de um filme policial hollywoodiano --mas daqueles bem ruins.
Confira abaixo a linha do tempo do antes e depois de um dos escândalos mais bizarros que a indústria de entretenimento americana presenciou em sua história:
22 de janeiro: Uma carta endereçada a Jussie Smollett, 36 anos, chegou ao estúdio no qual a série Empire é filmada, em Chicago. Nela, uma mensagem, com letras cortadas de revistas, afirmava: "Smollett, você vai morrer, negro viado". A carta veio também com a sigla Maga, uma referência ao slogan de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Havia ainda um pó branco (simulação de anthrax; na verdade, aspirina).
Com a investigação, a polícia descobriu que o próprio ator enviou o envelope para si mesmo. Com a carta, ele pretendia chamar a atenção das autoridades e da mídia.
25 de janeiro: Como o plano da carta não teve a repercussão esperada, Smollett partiu para o plano B. Ele mandou uma mensagem de texto para o nigeriano Abimbola "Abel" Osundario, que supostamente lhe fornecia drogas como ecstasy.
"Eu preciso de sua ajuda, na surdina. Você está na área para conversamos pessoalmente?", escreveu o ator. Eles se encontraram e foram para o apartamento de Abel. No caminho, Smollett mostrou todo seu descontentamento sobre como os produtores de Empire lidaram com a carta, não levando a sério aquela "ameaça".
Naquele dia, Smollett bolou o plano do ataque e encorajou Abel a incluir o seu irmão, Olabinjo, na armação; Ola, como é conhecido, também tinha uma conexão prévia com o ator e já tinha sido figurante em Empire. Após detalhar cada passo, Smollett deu uma nota de US$ 100 para Abel comprar corda, gasolina, máscaras, luvas e bonés vermelhos, uma das marcas dos apoiadores de Trump.
27 de janeiro: Pela manhã, Jussie Smollett pegou os irmãos e os levou para o local onde o ataque iria ocorrer. Houve um ensaio no ponto exato, uma esquina perto do prédio onde o ator mora. Ele mostrou que o confronto tinha de ser perto de uma escadaria, em uma posição estratégica para que uma câmera de segurança registrasse o ataque.
Smollett pediu que Abel e Ola não trouxessem seus celulares na noite seguinte, a data marcada da agressão. Falou para a dupla o surpreender com gritos de "viado de Empire, negro de Empire" e deu a Abel um cheque de US$ 3,5 mil (R$ 13 mil).
28 de janeiro. O dia marcado do ataque. Pela manhã, os irmãos fizeram as compras que Smollett pediu. Câmeras de segurança de uma loja de produtos de beleza mostraram eles comprando bonés, luvas e máscaras. Veja o vídeo:
Na sequência, Abel depositou o cheque de US$ 3,5 mil. O ataque estava marcado para as 22h, mas houve uma mudança logística: 49 minutos depois da meia-noite, Smollett ligou para Abel dizendo que o ataque aconteceria às 2h. Logo depois, Abel chamou um transporte por aplicativo de celular e foi para o local do "crime".
Madrugada de 29 de janeiro: Os irmãos chegaram 38 minutos antes da hora prevista. Câmeras de segurança filmaram eles próximos ao ponto combinado. Às 2h, Smollett saiu de seu apartamento a caminho de um Subway (o restaurante) e, então, ele foi atacado, como havia instruído.
O embate encenado durou 45 segundos. Smollett foi parar no hospital com machucados que, segundo a polícia, ele mesmo provocou em seu corpo. Na entrevista ao matinal Good Morning America, o ator disse que foi agredido com chutes. A polícia chegou no local às 2h42 e viu Smollett com uma corda no pescoço.
O ator fez um boletim de ocorrência no qual disse que foi vítima de um ataque de ódio, pois os tais agressores fizeram ofensas homofóbicas e racistas. Ele ainda falou a um policial que alguma câmera por perto devia ter filmado o ataque. Seria a mesma câmera que ele já havia apontado para os irmãos Osundario no ensaio.
29 de janeiro: A polícia de Chicago passou a investigar o ataque como um crime de ódio, conforme Smollett havia reportado. O ator e Abel conversaram por telefone duas vezes, antes de os irmãos deixarem os Estados Unidos rumo a Nigéria.
30 de janeiro: Celebridades de Hollywood, como Viola Davis, Shonda Rhimes e Ariana Grande, postaram mensagens de apoio a Smollett nas redes sociais.
31 de janeiro: Smollett se recusou a entregar seu telefone para a polícia, que até esse momento o tratava como vítima.
1º de fevereiro: O ator se posicionou pela primeira vez, em um comunicado, agradecendo o apoio que recebeu do público.
11 de fevereiro: Mesmo sem dar o telefone para a polícia, que apenas pedia o aparelho como uma ajuda e não como obrigação da vítima, Smollett entregou um arquivo em PDF com algumas mensagens e ligações feitas. A polícia percebeu que alguns contatos foram acobertados.
reprodução/ABC
Jussie Smollett durante entrevista ao programa matinal Good Morning American, da rede ABC
14 de fevereiro: A polícia prendeu os irmãos Abel e Ola no mesmo dia da entrevista de Smollett ao programa Good Morning America. Até então, a polícia não enxergava qualquer evidência de que o ataque tinha sido armado.
16 de fevereiro: Os irmãos Abel e Ola Osundario foram soltos sem nenhuma acusação. A CNN divulgou uma notícia bombástica: citando fontes da polícia de Chicago, o canal informou que Smollett teria pago os irmãos pelo ataque.
17 de fevereiro: Por meio do Twitter, a polícia informou que mudou o rumo da investigação, mas não deu mais detalhes sobre o caso.
20 de fevereiro: A polícia de Chicago acusou oficialmente Smollett de falso testemunho.
21 de fevereiro:Smollett foi preso. A polícia disse que o ator queria chamar a atenção para receber um salário maior na série. Um juiz determinou uma fiança de US$ 100 mil (R$ 373 mil) para ele ser solto. Durante a tarde, ele quitou o valor e voltou ao estúdio de Empire, jurando inocência.
22 de fevereiro:A Fox decidiu retirar Smollett dos dois últimos episódios da quinta temporada de Empire, que estavam sendo gravados. Agora, Smollett deve ser julgado por falso testemunho e se condenado, pode ficar até três anos na cadeia.
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