A Força do Querer
Fábio Rocha/TV Globo
Gloria Perez fez balanço sobre sucesso e críticas à novela que entra na última semana
REDAÇÃO
Publicado em 15/10/2017 - 7h58
Gloria Perez considera que o machismo foi o principal motivo das críticas do público a Bibi, papel de Juliana Paes em A Força do Querer. A autora da novela das nove da Globo não aceita a acusação de glamourização do crime e afirma que parte dos telespectadores quer uma pena maior à personagem por se tratar de uma mulher.
"Existe uma dose de machismo nessa crítica. Querem que Bibi tenha uma pena maior do que os crimes que ela cometeu, mas não cobram o mesmo de Sabiá [Jonathan Azevedo] e Rubinho [Emilio Dantas]", compara Gloria Perez, em entrevista à colunista Carla Bittencourt, do jornal Extra.
"A Bibi da novela cometeu mais crimes que a Bibi da vida real [Fabiana Escobar]. As pessoas são muito cruéis e esquecem que ela é uma pessoa real e que foi inocentada pela Justiça. Houve quase que um linchamento virtual contra a Bibi", lembra a autora.
Trama de maior sucesso desde Avenida Brasil (2012), A Força do Querer traz a sensação de dever cumprido à autora veterana. Na entrevista, Gloria conta que bolou uma estratégia para que o público aceitasse bem a história do transexual Ivan (Carol Duarte).
"Só vou relaxar mesmo quando o último capítulo tiver ido ao ar. Mas me sinto recompensada com a aceitação e o acolhimento ao trans. Nem pensei que não pudesse dar certo, não tinha um plano B porque já tinha feito algo parecido em Carmem [exibida na Manchete em 1987]", recorda.
"Apresentei o doutor Junot [Maurice Vaneau] como um médico competente, excelente pai, o melhor amigo que alguém poderia ter. Quando todo mundo estava apaixonado por ele, trouxe a questão de ele ser gay. E todo mundo aceitou lindamente. Primeiro, eu tinha que criar a empatia do público com Ivana. Se ela tivesse gritado que era trans no primeiro capítulo, aí, sim, podia ter dado errado", analisa.
Críticas
A autora opina sobre a comparação constante entre novelas e séries e defende o estilo que a consagrou.
"Desde que eu comecei [Gloria Perez está prestes a completar 35 anos de carreira], ouço que a TV vai acabar, que o cinema vai acabar. Depois passaram a anunciar o fim das novelas para enaltecer as séries. Só que as séries começaram a fazer sucesso quando passaram a beber na água das novelas e a usar os truques do folhetim. Quando o sensacional ficou acima da coerência, o que aconteceu em Lost, se eu não me engano, as séries começaram a fazer sucesso mundial", diz.
"O brasileiro gosta muito de enaltecer o que vem de fora e criticar o que é nosso. Em Dexter, que eu adoro, o cara mata enquanto a mulher está esquentando uma pizza no forno, e, na cena seguinte, a parede que estava cheia de sangue está limpa. Ninguém pergunta quem limpou. Ele pega uma mulher na frente de um bar lotado e a joga no porta-malas, e ninguém questiona sobre a câmera de segurança", protesta.
"Pelo contrário! Todo mundo acha o máximo! Se acontece isso em novela, todo mundo critica. Em novela, o tempo não é o mesmo. Às vezes, um casamento de uma noite dura vários capítulos. Bibi veio de táxi do Nordeste. Queriam que ela tivesse pedido ao piloto do avião para pegar um voo e pagar depois?", argumenta.
Gloria também defende Fiuk, que recebeu muitas críticas por sua atuação na sequência em que seu personagem atirou em Zeca (Marco Pigossi). "Todo mundo sabia que ele é iniciante, está no começo e cercado por atores muito experientes. Acho que, às vezes, a crítica tem um nível de crueldade muito grande. Todo mundo começa, mas nem todo mundo tem o grande público para julgar", justifica.
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