Globo rejuvenesce quarteto de Fuzuê em 50 anos para atrair público que não vê mais TV

Fuzuê estreou na segunda-feira (14) com a dura missão de substituir o sucesso Vai na Fé. Para dar uma forcinha ao autor Gustavo Reiz, estreante na emissora, a Globo colocou atores mais jovens nos papéis principais, em busca daquele público que tem trocado cada vez mais a TV aberta pelo streaming e a grade linear pelo on demand. Só no quarteto protagonista, a "plástica da escalação" retirou 50 anos dos personagens.

O Notícias da TV teve acesso à primeira sinopse de Fuzuê, apresentada por Reiz à Globo em dezembro de 2020. Nesses dois anos e meio, o texto passou por alterações para se adequar ao esquema de produção e para viabilizar a novela das sete. Cenários, nomes e até nacionalidades de personagens foram trocados. Nenhuma das mudanças, no entanto, chama mais a atenção do que o rejuvenescimento de alguns papéis.

Do quarteto principal, a mocinha Luna foi a que menos remoçou. Na concepção de Gustavo Reiz, a personagem teria 30 anos --Giovana Cordeiro tem 26, uma diferença de apenas quatro anos. Para compensar, a designer de biojoias ganhou uma "consulta na numerologia", já que inicialmente se chamaria Luana --será que ela tirou o A extra para ter mais sorte na vida? 

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Já a maior rival (e irmã) da protagonista, Preciosa, perdeu 12 anos entre a sinopse inicial e o que está indo ao ar: o autor imaginou a vilã na faixa dos 35 a 40 anos, enquanto Marina Ruy Barbosa completou 28 em junho. Vale ressaltar que o papel da ambiciosa foi escrito para Thais Fersoza, de 39, mas as negociações com a mulher de Michel Teló não avançaram, fazendo a Globo trazer a ruiva de volta às novelas após um hiato de quatro anos.

Do lado dos homens, a escalação de elenco foi ainda mais longe no rejuvenescimento. Miguel, o galã de Fuzuê, teria entre 35 e 40 anos. Nicolas Prattes tem 26, mesma idade de Giovana --e uma diferença de 14 anos entre conceito e prática. Já Heitor, vivido por Felipe Simas (de 30 anos), foi idealizado como um político mais experiente na corrupção, já na casa dos 50.

Ter atores mais jovens na tela é uma maneira de atrair o público que trocou a Globo pelo streaming de volta para as novelas --mesmo que seja no Globoplay. Tradicionalmente, um quarteto como esse seria chamado de "núcleo jovem" e ficaria em segundo plano diante dos protagonistas, que estariam na faixa dos 40. Em Fuzuê, Edson Celulari e Lilia Cabral é que são os coadjuvantes da vez.

Rejuvenescer também é uma forma de economizar: Giovana Cordeiro, que faz sua estreia como protagonista, recebe um salário muito abaixo de alguém que está na emissora há muitos anos. Estima-se que um ator que fecha contrato por obra receba cerca de R$ 30 mil mensais para um papel principal, enquanto alguém do patamar de Deborah Secco, que tem contrato fixo, ganhe mais de R$ 150 mil (valor que aumenta quando ela está gravando um projeto).

A economia não para na escalação: na sinopse de Gustavo Reiz, Preciosa e Bebel Montebello fariam uma entrada triunfal em Fuzuê, chegando de helicóptero. Na cena que foi ao ar, as duas apareceram saindo de um carro de aplicativo --e ainda deram calote, pois não tinham dinheiro para a corrida.

Ary Fontoura segue caminho inverso

Como toda regra tem uma exceção, Ary Fontoura foi escalado, do alto de seus 90 anos, para viver Lampião, um personagem que originalmente teria 60. Ou seja, ele sozinho quase balanceou o envelhecimento do quarteto principal.

O veterano, porém, tem mais apelo com o público jovem do que muitos sessentões: na pandemia, Fontoura começou a usar o Instagram e virou um influenciador digital. Atualmente, tem 5,2 milhões de seguidores e viraliza com frequência por causa de seus posts divertidos.

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