Ary Fontoura entrega malandragem em Fuzuê com uso de 'espírito extraordinário'

Aos 90 anos, Ary Fontoura provoca risos ao falar do trabalho em Fuzuê, a 50ª novela de sua carreira. Ele encarna Lampião/Lumière, um suposto descendente de franceses com sotaque nordestino. Só por essa breve descrição, dá para se ter uma ideia do que vem aí, mas o ator explica que não é apenas o personagem dele que é pura diversão.

Ele explica que a próxima novela das sete da Globo remonta outros folhetins já feitos na emissora, com o DNA da gargalhada embutido. Outro segredo dos bastidores entregue pelo veterano é o fato de a essência do trabalho do diretor Jorge Fernando (1955-2019) estar presente em Fuzuê.

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"O Fabricio Mamberti [diretor artístico] é descarado por uma razão. Ele presta uma homenagem, baseado no trabalho do Jorge, nas coisas que o Jorge fazia e tudo mais, com aquele espírito extraordinário."

Fontoura afirma que se lembrou muito de Guerra dos Sexos (1983) quando gravou suas primeiras cenas. Ele elogia a malandragem do autor Gustavo Reiz ao captar uma série de recursos já vistos em outras novelas para fazer a sua ser sinônimo de fuzuê, de bagunça, de confusão.

"[Gustavo] É um observador de tudo que acontece em volta dele, um amante de novelas, e usa componentes indispensáveis para que o público se divirta, para que a gente tenha uma imensa vontade de fazer esse trabalho", comenta o intérprete do dono do Beco do Gambá, o cabaré da novela que vai substituir Vai na Fé. "Um local onde as pessoas vão para se divertir, um cenário essencialmente de comédia, com muito musical", completa o artista.

História da telenovela vivida na pele

O ator pisou na emissora líder de audiência na TV aberta pela primeira vez em abril de 1965 para fazer a série Rua da Matriz, quando a Globo ainda estava no começo de sua jornada.

"E desde então lá estou. Então, eu conheço toda a história da Globo, tudo que aconteceu. A Globo começou pequena e foi crescendo, crescendo para o mundo. A grande torcida dos atores era: 'Quando será que o nosso trabalho vai ser apresentado para o mundo todo?' E isso aconteceu com a novela Gabriela [1975], que foi a primeira [exportada] para o mundo."

Humildemente, Fontoura divide o sucesso fruto do seu trabalho com o público. "Se ninguém vê TV, se ninguém vai ao teatro, as cortinas não se abrem. E agora a gente tem o público maravilhoso da internet também", comemora o artista, que virou influenciador digital nos últimos três anos. 

Eu comecei meu Instagram na pandemia. Não podia sair do apartamento, era do grupo de risco, mas queria interagir. E assim foi. Uma brincadeira que ficou séria, hoje tenho mais de 5 milhões de seguidores, em um constante relacionamento com as pessoas. Sempre procurando mostrar para o público o quanto a vida é importante e o quanto ela precisa ser aproveitada. O futuro é hoje, a gente deve viver intensamente.

Ele contou com a ajuda de seu assessor, Rodrigo Adriano, que entende de tecnologia para criar o perfil e postar os vídeos que caíram no gosto dos internautas e rapidamente viralizaram. 

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