Globo adia reprise de Salve Jorge e coloca Paraíso Tropical no Vale a Pena Ver de Novo

A Globo mudou de ideia quanto a substituta de Mulheres Apaixonadas (2003) no Vale a Pena Ver de Novo. Cotada inicialmente para a faixa, Salve Jorge (2012) dará espaço para a "catiguria" de Bebel (Camila Pitanga) em Paraíso Tropical (2007). Foi Amauri Soares, diretor dos Estúdios Globo, quem ordenou a troca, apesar de a equipe de programação já ter começado a trabalhar na edição da novela de Gloria Perez. Na avaliação do executivo, o folhetim protagonizado por Alessandra Negrini tem mais chance de angariar audiência durante o verão.

Segundo fontes do Notícias da TV, um dos motivos que o fizeram chegar a essa conclusão é a presença de Camila Pitanga em Beleza Fatal, a primeira novela da HBO Max. A trama inédita pode despertar o interesse do público para a carreira da atriz, e Bebel é uma de suas personagens mais marcantes. Com isso, a Globo pode surfar na onda da concorrente.

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O executivo também acredita que uma trama ensolarada, ambientada nos cartões postais do Rio de Janeiro, seria um trunfo para segurar o público no período do verão e das férias. 

Internamente, houve quem reclamasse dos cortes que precisarão ser feitos para exibir a novela à tarde. Ainda assim, Soares manteve a decisão. Ele tem consciência de que abrirá mão de algumas cenas da trama de Gilberto Braga (1945-2021) e Ricardo Linhares, mas preferiu seguir por esse caminho do que apostar as cartas em Salve Jorge, que foi muito criticada na exibição original.

Apesar disso, nada impede que o folhetim protagonizado por Nanda Costa seja reapresentado na sequência de Paraíso Tropical. Situação parecida aconteceu com as reprises de O Rei do Gado (1996) e Mulheres Apaixonadas, quando Soares também optou por inverter a ordem de exibição.

A trama de Manoel Carlos deveria ser apresentada primeiro, mas o diretor adiantou O Rei do Gado para surfar no sucesso de Pantanal (2022). O anúncio de que a trama rural ocuparia a faixa do Vale a Pena Ver de Novo, inclusive, foi apresentado num dos intervalos comerciais do último capítulo do remake.

História de Paraíso Tropical

Apesar de ter sido indicada ao Emmy Internacional na categoria de melhor novela, a história não empolgou o público no início. Os autores Gilberto Braga e Ricardo Linhares precisaram reverter tal cenário e apostaram na valorização das personagens femininas --atenuando o excesso de "masculinidade".

Uma das causas da rejeição foi o tom da história, considerada por Linhares como "muito masculina" --já que a trama principal girava em torno da disputa de poder entre Daniel (Fabio Assunção) e Olavo (Wagner Moura) na empresa de Antenor Cavalcanti (Tony Ramos).

Silvio de Abreu também deu uma ajudinha para acertar os rumos da trama. "Silvio veio ao Rio duas vezes, quando estávamos por volta do capítulo 50. Ele nos ajudou a vender os protagonistas de forma mais eficaz ao público, e bolamos juntos a trama sobre a família de Marion [Vera Holtz], que acabou resultando no último capítulo da novela", revelou Braga em depoimento ao livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo.

Outro imprevisto em Paraíso Tropical foi a falta de torcida pelo casal de protagonistas, Paula (Alessandra Negrini) e Daniel. Foi então que os anti-heróis roubaram completamente a atenção: Olavo e Bebel caíram no gosto do público com um romance torto e cheio de química.

Gilberto Braga também usou a fórmula do "quem matou" para engajar o telespectador na reta final. O assassinato de Taís (Alessandra Negrini) não estava previsto na sinopse, e a dúvida sobre o responsável pelo crime durou um mês.

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