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PARAÍSO TROPICAL

'Masculinidade' atrapalhou novela da Globo e fez autor virar o jogo às pressas

Márcio de Souza/TV GLOBO

Wagner Moura, Bruno Gagliasso e Fábio Assunção estão lado a lado em cena da novela Paraíso Tropical

Olavo (Wagner Moura), Ivan (Bruno Gagliasso) e Daniel (Fabio Assunção) em Paraíso Tropical

DÉBORA LIMA

debora@noticiasdatv.com

Publicado em 5/3/2023 - 8h25

Há 16 anos, Paraíso Tropical (2007) estreava na faixa das oito da Globo. Apesar de ter sido indicada ao Emmy Internacional na categoria de melhor novela, a história não empolgou o público no início. Os autores Gilberto Braga (1945-2021) e Ricardo Linhares precisaram reverter tal cenário e apostaram na valorização das personagens femininas --atenuando o excesso de "masculinidade" na trama.

Logo nas primeiras semanas de exibição, percebeu-se que o folhetim não atendeu às expectativas de audiência para o horário. Braga, então, pediu para adiantar o grupo de discussão a fim de entender a problemática da narrativa.

Uma das causas da rejeição foi o tom da trama, considerada por Linhares como "muito masculina" --já que a história principal girava em torno da disputa de poder entre Daniel (Fabio Assunção) e Olavo (Wagner Moura) na empresa de Antenor Cavalcanti (Tony Ramos).

Segundo Fábio Costa, autor do livro Novela, a Obra Aberta e Seus Problemas, a questão foi sanada quando os autores fizeram mudanças para reduzir um pouco esse arco masculino e ressaltar mais a presença das mulheres --mas sem alterar tanto o que estava previsto na sinopse do folhetim.

Silvio de Abreu também deu uma ajudinha para acertar os rumos da trama. "Silvio veio ao Rio duas vezes, quando estávamos por volta do capítulo 50. Ele nos ajudou a vender os protagonistas de forma mais eficaz ao público, e bolamos juntos a trama sobre a família de Marion [Vera Holtz], que acabou resultando no último capítulo da novela", revelou Gilberto Braga em depoimento ao livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo.

Outro imprevisto em Paraíso Tropical foi a falta de torcida pelo casal de protagonistas, Paula (Alessandra Negrini) e Daniel. Foi então que os anti-heróis roubaram completamente a atenção: Olavo e Bebel (Camila Pitanga) caíram no gosto do público com um romance torto e cheio de química.

Gilberto Braga também usou a fórmula do "quem matou" para engajar o telespectador na reta final. O assassinato de Taís (Alessandra Negrini) não estava previsto na sinopse, e a dúvida sobre o responsável pelo crime durou um mês. Somente no último capítulo foi revelado que Olavo deu sonífero para a gêmea malvada e ligou o gás de cozinha para matá-la asfixiada.


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