DIÁRIO DE UM MAGO
MÁRCIO DE SOUZA/TV GLOBO
Paulo Coelho como o mago Simon em Eterna Magia; novela das seis fez Globo pagar mico
Paulo Coelho faz jus ao apelido de "mago" com cifras que parecem fruto de bruxaria no mercado editorial. O romance O Alquimista (1988), por exemplo, já vendeu mais de 150 milhões de cópias em todo o mundo, um fenômeno que nenhum outro brasileiro conseguiu repetir até hoje. Os poderes de Coelho, no entanto, perdem a força quando o assunto são as telenovelas --ele não salvou Eterna Magia (2007) de uma repercussão medíocre.
O primeiro folhetim de Elizabeth Jhin exibiu o seu último capítulo há exatos 13 anos, com rumos bem diferentes de sua sinopse original. Nem mesmo a aparição do escritor na estreia evitou que o público torcesse o nariz para os aspectos mais mágicos da história.
A Globo mandou as bruxas para a fogueira mesmo depois de deslocar uma equipe até a Dinamarca só para gravar a participação de Paulo como o mago Simon. Nas cenas, ele alertava a protagonista Nina (Maria Flor) sobre os perigos que seu clã de feiticeiras enfrentaria no decorrer da narrativa.
Considerado um "amuleto", o autor e sua aura de misticismo trouxeram mais azar do que sorte para a produção. Com a audiência ladeira abaixo, Elizabeth aproveitou uma mudança de fase para praticamente limar as adivinhas de seus roteiros. A guerra entre bruxas boas e as más deixou então de ser o centro das atenções.
O esforço para salvar a novela envolveu até mesmo uma mudança na abertura, que trocou o clima sombrio pela voz de Sidney Magal. Os índices reagiram, mas as mudanças não fizeram milagre. A trama fechou com 25 pontos de média, sete a menos do que a antecessora, O Profeta (2006).
DIVULGAÇÃO/MANCHETE
Carolina Kasting como a protagonista de Brida
Em 1998, a Manchete também apostou em Paulo Coelho como um talismã para escapar da falência. Prestes a fechar as portas, a emissora fez uma adaptação de Brida (1990), com Carolina Kasting no papel-título. O livro já havia ficado cem semanas seguidas nas listas de obras mais lidas do Brasil.
O último suspiro do canal durou exatamente 54 capítulos. O diretor Walter Avancini (1935-2001) enfrentou uma crise atrás da outra, como a troca do autor Jayme Camargo na primeira quinzena de exibição. Sônia Mota e Angélica Lopes assumiram o processo de produção até o fim trágico.
Cheia de dívidas, a Manchete deixou de pagar elenco e técnicos, culminando numa greve que obrigou a história ser encerrada às pressas. Um locutor narrou o destino dos personagens, numa estratégia que só foi repetida mais de duas décadas depois por Malhação: Toda Forma de Amar (2019) --mutilada pela pandemia de coronavírus (Covid-19).
Saiba tudo que vai acontecer nos próximos capítulos das novelas com o podcast Noveleiros
Ouça "#34 - Confusão e gritaria no casamento de Fedora em Haja Coração!" no Spreaker.
© 2024 Notícias da TV | Proibida a reprodução
Mais lidas
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.