Em 8 anos, novelas do autor de O Sétimo Guardião perdem um SBT na audiência

Aguinaldo Silva gosta de divulgar aos sete ventos que escreveu as novelas de maior audiência de cada década da Globo. Com O Sétimo Guardião, porém, o autor vai ter que mudar o discurso. Nos primeiros 75 capítulos, a trama das nove tem média de 27,7 pontos na Grande São Paulo. Fina Estampa (2011), no mesmo período, marcou 38,2. Ou seja: em menos de oito anos, Silva perdeu 10,5 pontos, audiência de uma novela do SBT.

A badalada volta do novelista ao realismo fantástico também está atrás dos 29,6 pontos que ele conseguiu com sua novela anterior, Império (2014). A situação fica ainda mais dramática para O Sétimo Guardião porque a trama do comendador (Alexandre Nero) foi exibida depois de Em Família (2014), um fracasso na época.

Já a história do amor proibido (e sem química) de Luz (Marina Ruy Barbosa) e Gabriel (Bruno Gagliasso) ocupa o horário das nove depois de três sucessos consecutivos: A Força do Querer (2017), O Outro Lado do Paraíso (2017) e Segundo Sol (2018) --que não chegou a ser um fenômeno, mas se recuperou na reta final. Deveria, portanto, pegar o embalo das anteriores, o que não aconteceu.

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Das 14 novelas das nove exibidas nesta década, O Sétimo Guardião tem apenas a 11ª melhor audiência nos primeiros 75 capítulos --supera apenas Babilônia (25,3 pontos), A Regra do Jogo (25,6) e A Lei do Amor (25,7).

No entanto, se Aguinaldo Silva não se mexer e colocar sua história nos eixos, ela pode cair ainda mais nesse ranking: é que João Emanuel Carneiro conseguiu dar uma virada em A Regra do Jogo e fez a audiência disparar depois do capítulo 78. Chegou a ter médias semanais de 37 pontos e saiu do ar com uma audiência de 28,5, à frente do índice atual de O Sétimo Guardião.

Já a novela de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari esboçou uma reação depois do capítulo 90; A Lei do Amor encerrou sua trajetória com média de 27,1 --apenas seis décimos abaixo do que a trama do gato que vira homem registra atualmente.

Luz, Gabriel, Valentina (Lilia Cabral) e companhia dificilmente terão a desonra de ocupar o último lugar no ranking porque o fiasco de Babilônia parece impossível de superar: a história de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga saiu do ar com média de 25,4 --índice que a Globo espera de uma trama das sete.

Fracasso em todo o país
A situação de O Sétimo Guardião é dramática em São Paulo, e a novela não se sai melhor no resto do Brasil. Pelo contrário: no PNT (Painel Nacional de Televisão), que mede a audiência dos 15 maiores mercados do país, a trama tem uma audiência ainda pior. Nos primeiros 75 capítulos, acumula média de 26,8, cinco pontos abaixo do que Segundo Sol registrou no mesmo período.

Na Grande Salvador, região em que a Globo tem apelado até a mostrar cadáver pela manhã para crescer no ibope, a criação de Aguinaldo Silva tem média de 19,7, mais de dez pontos abaixo do que Segundo Sol conseguiu em 75 capítulos (29,9). Se perder um SBT na audiência em oito anos já faz acender um sinal de alerta, o que dizer de cair o mesmo tanto na preferência do público em seis meses?

Além da crise na audiência, o autor veterano ainda precisa lidar com o fato de que criou uma história que não faz o menor sentido: reviravoltas são esquecidas no meio do caminho, e há acontecimentos que realismo fantástico nenhum explica. A novela também coloca atores de peso em papéis que pouco acrescentam. Até Gagliasso já mostrou que está descontente com a trama por meio de curtidas no Twitter.