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Além do racismo

Eliane Giardini usará chicote em cenas de fetiche de O Outro Lado do Paraíso

Raquel Cunha/TV Globo

Nádia (Eliane Giardini) vai "cavalgar" no marido e o chamará de pônei na novela das nove - Raquel Cunha/TV Globo

Nádia (Eliane Giardini) vai "cavalgar" no marido e o chamará de pônei na novela das nove

MÁRCIA PEREIRA, no Rio de Janeiro

Publicado em 29/10/2017 - 17h57

Eliane Giardini provocará reações adversas em O Outro Lado do Paraíso. Intérprete de Nádia, uma mulher racista e machista, ela revelará um lado cômico quando ficar com o marido entre quatro paredes. A principal fantasia do casal será "brincar de cavalinho". A madame usará chicote nas cenas em que montará no juiz Gustavo (Luis Mello). 

A atriz diz que Nádia tem como função colocar o dedo na ferida em questões sociais. "É uma dondoca barra-pesada. Ela não é vilã, porque vilã tem inteligência, e ela não tem. A Nádia acha que é superior porque é casada com um juiz, como se tivesse foro privilegiado."

Eliane afirma que Nádia, uma personagem que não consegue aceitar, é algo novo para ela. Ela conta que sempre defende e se identifica com as mulheres que faz seja na TV, teatro ou cinema. "Ela é diferente, é como estar na pele de um bandido, quero mais é que vá para a cadeia", diz.

Eliane espera que seu trabalho provoque uma reflexão nos preconceituosos. "[O preconceituoso] é o tipo de pessoa que é fruto de uma política e de um país em que parte da classe alta não tem consciência. Meu texto na novela é duro. Mostra a insconsciência dessas pessoas. Nádia que diz que não é racista, só não quer que o filho se case com uma preta", comenta.

A atriz aceitou o convite para a novela sem nem saber o papel que faria porque adora o autor Walcyr Carrasco. Seus últimos trabalhos foram escritos por ele, em Eta Mundo Bom! (2016) e Amor à Vida (2013).

Namoro de Raquel (Erika Januza) e Bruno (Caio Paduan) gerará demissão da empregada

Raquel vira pedra no sapato
Na trama, Nádia descobrirá o namoro do filho Bruno (Caio Paduã) com a empregada da casa, Raquel (Erika Januza). A moça será demitida e voltará para o quilombo. Como é sustentado pelos pais, Bruno não terá coragem de abandonar tudo pelo amor que sente. Ela acabará se casando com a ginecologista Tônia (Patrícia Elizardo), mesmo apaixonado por Raquel. 

O embate entre Nádia e Raquel ficará mais forte na segunda fase da trama, no ar no final de novembro. A jovem do quilombo estudará e, após passagem de dez anos, será uma juíza.

Engolir a negra no mesmo posto de seu marido se tornará um problemão para a racista. Além disso, Gustavo é corrupto, e os esquemas dele vão ruir.

Eliane diz que conhece várias Nádias e que vai buscar humanizá-la ao longo da trama porque preconceito tem cura.

"Construo a personagem aos poucos, vou observando e fazendo algumas pesquisas no VillageMall [shopping carioca]", diz, aos risos. "Nosso país é racista e violento também. O momento é de reeducação, espero que minha personagem entre nesse lugar", completa

Contraponto
O humor é um contraponto de Nádia. "Ela e marido têm algumas fantasias. Algumas são perversas, ela vai se fantasiar de empregada."

O tom engraçado facilita as sequências de perversão, conta Eliane. Ela diz que tudo será feito mais no humor do que na sensualidade. Como a personagem é complexa, esse viés é uma incógnita para a atriz. Ela teme que Nádia gere empatia no público.

Aos 65 anos, a atriz afirma que ser uma mulher madura e sensual é uma conquista da sua geração. "Aprendemos que depois que os filhos cresciam, não era só esperar os netos chegarem. Vejo as mulheres avançando, estão ganhando muito terreno, é uma coisa geracional".


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