PROCESSO INTERNO
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Roberta Rodrigues foi castigada por denúncias e não pôde gravar o fim da sua personagem
Vinicius Coimbra, diretor artístico de Nos Tempos do Imperador, foi afastado temporariamente de suas atividades na Globo por causa de uma denúncia de racismo. Atores negros, de acordo com relatos, foram escalados para gravar durante o pico de casos de Covid-19, enquanto o restante do elenco foi poupado de se expor. Coimbra estava à frente da próxima novela das seis, Mar do Sertão, e foi substituído por Allan Fiterman, que dirigiu Quanto Mais Vida, Melhor!. A decisão foi revelada pelo Notícias da TV em primeira mão.
A decisão da emissora pelo afastamento de Coimbra foi oficializada no último dia 15 em resposta às acusações de preconceito racial registradas durante as gravações da novela de Alessandro Marson e Thereza Falcão. As atrizes Cinnara Leal, Dani Ornellas e Roberta Rodrigues procuraram a direção da Globo para reclamar de posturas discriminatórias contra atores negros por parte de Coimbra e sua equipe.
Além das críticas sobre o texto considerado racista em algumas passagens, as atrizes alegam que Coimbra e sua equipe tinham falas preconceituosas e que fizeram segregação entre os atores. Em documentos, inclusive, eles separavam as pessoas entre elenco branco e elenco negro. Até camarins diferentes havia nos estúdios de Nos Tempos do Imperador.
Fontes ouvidas pelo Notícias da TV ligadas ao compliance da emissora contam que, segundo Cinnara, Dani e Roberta, o elenco da pequena África era chamado "carinhosamente" de elenco preto ou negro.
"Em um dado momento, Vinicius gritou no estúdio: 'O elenco vem comigo, os pretos ficam'. Na frente de várias pessoas. Quando alguns artistas pretos foram questioná-lo sobre essas falas, ele reagiu dizendo: 'Vocês deveriam agradecer de estarem aqui'", disse uma outra fonte ligada ao elenco.
Ainda segundo o testemunho das atrizes ao compliance da Globo, Coimbra cobrou posicionamento de alguns atores negros sobre o episódio em que a trama vacilou ao retratar o "racismo reverso" envolvendo Samuel (Michel Gomes) e Pilar (Gabriela Medvedovski). A cena causou um pedido de desculpas da autora Thereza Falcão, e Coimbra insistiu que elas e outros atores negros defendessem a novela em entrevista e em redes sociais.
Posteriormente, a Globo contratou consultores para realizar uma revisão histórica e apontar os erros e falhas no texto.
De acordo com um diretor da emissora que participou da decisão de afastar Vinicius Coimbra de suas atividades à frente de Mar do Sertão, a denúncia mais grave foi ele ter colocado o núcleo da Pequena África para gravar primeiro, sem necessidade, em plena pandemia. O "elenco branco", como ele costumava falar, só voltou aos Estúdios Globo bem depois, quando a pandemia havia acalmado um pouco mais.
Roberta Rodrigues foi duplamente afetada por causa das denúncias que fez. Sua personagem, Lupita, não teve final da novela porque ela foi afastada sem poder gravar o desfecho. Na época, a Globo divulgou que a atriz não gravou porque estava com Covid, fato negado por ela mesma em 18 de fevereiro.
"Em respeito a todos vocês que me acompanham, e pela pessoa transparente que sempre fui, eu resolvi falar. Não, o que me afastou do fim novela não foi a Covid-19. Eu tive Covid-19 em setembro de 2021 e retornei às gravações dia 24 do mesmo mês. No dia 7 de de outubro fiz teste de figurino e ensaio de dança para a personagem. Então, ao contrário do que está sendo propagado por aí, o real motivo de eu não estar na etapa final da novela tem a ver com outras questões", completou ela.
Tanto Ricardo Waddington (diretor de Entretenimento) quanto José Luiz Villamarim (diretor de Dramaturgia) foram avisados sobre as queixas das três atrizes e disseram a elas e seus representantes que tomariam providências. As gravações começaram em janeiro de 2020.
Em um desses casos, Mariana Ximenes chegou a ligar para Waddington, para informar que havia algo errado com o tratamento da direção com o elenco negro do folhetim. Ela pediu ajuda ao executivo, que prometeu tentar entender e resolver o que acontecia. Mas ficou por isso mesmo.
Procurado novamente, Coimbra, através de sua assessoria de imprensa, disse que não iria comentar as acusações, mas que respeita o elenco e que é a favor do diálogo: "O elenco da novela tem todo o meu respeito e admiração. Sou a favor do diálogo e acredito que todas as discussões sobre o tema são necessárias".
A emissora repetiu o mesmo discurso de que não comenta questões relacionadas a compliance em razão do "compromisso de sigilo previsto no Código de Ética". Já as atrizes Cinnara Leal, Dani Ornellas e Roberta Rodrigues também foram procuradas, mas suas assessorias afirmam que elas ainda não podem falar.
Em 18 de fevereiro, as atrizes se pronunciaram sobre a acusação de racismo que fizeram contra o diretor artístico da novela. Em um texto conjunto nas redes sociais, informaram que a denúncia, cujos detalhes foram revelados com exclusividade pelo Notícias da TV, corre em sigilo, mas frisaram que não irão "sucumbir".
"Neste momento nós não vamos nos manifestar sobre o ocorrido. Estamos nos recuperando e precisamos de forças para seguir. Estamos acompanhadas de um corpo jurídico e tudo corre em sigilo. Nós queremos agradecer todo apoio, acolhimento, carinho e amor recebidos de todos vocês como cura neste momento. Nós não vamos sucumbir por antes de nós, por nós e para além de nós! Logo em breve será possível falar com todos", diz o comunicado.
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