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João Ximenes Braga

Coautor de Babilônia faz apelo para Globo após morte de Gilberto Braga: 'É o mínimo'

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Gilberto Braga e João Ximenes Braga posam para foto de divulgação da Globo

Gilberto Braga com João Ximenes Braga em foto de divulgação da Globo: parceria nas novelas

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 31/10/2021 - 8h22

Coautor de Babilônia (2015) ao lado de Ricardo Linhares, João Ximenes Braga desabafou sobre a morte de Gilberto Braga (1945-2021) e contou sobre a resiliência do veterano em tentar emplacar uma nova produção na Globo para afastar o fracasso da última novela. O autor ainda apelou para que a emissora disponibilize os capítulos de um folhetim que o novelista havia entregado antes de morrer: "É o mínimo a fazer com a memória de Gilberto".

"Foram quatro décadas e meia como espectador, subordinado e colega. Trabalhei com ele em cinco novelas (ele foi supervisor de Lado a Lado [2012] e há uma outra de que falarei adiante) e uma minissérie. Não há homenagem que eu possa fazer que caiba em rede social. Quero falar de outra coisa", começou o profissional em declaração à jornalista Cristina Padiglione, do jornal Folha de S.Paulo.

"Em 2015, quando voltei da viagem de férias após Babilônia, ele me convocou à casa dele. Fui recebido no quarto, numa cama reclinável, tipo de hospital. Ele não estava bem de saúde, mas lúcido e muito deprimido com o fracasso de Babilônia, que até hoje é o pior ibope do horário", afirmou João Ximenes Braga.

"Não ouso dizer que antecipasse sua morte, mas naquele dia me disse textualmente que não queria encerrar sua carreira com um fracasso e queria voltar a trabalhar logo para recuperar seu prestígio. Pode parecer irrelevante lembrar de um fracasso neste momento em que todos os homenageiam pelos sucessos. Mas superar esse fracasso era importante para ele."

"Passaram-se seis anos e sinto a urgência de pôr os pingos nos is: o fracasso artístico e de audiência de Babilônia não pode ser atribuído a Gilberto e sim à intervenção mal intencionada que destruiu completamente a espinha dorsal da novela", disparou ele.

O autor ainda afirmou que expôs mais detalhes sobre as mudanças na novela das nove em depoimento para a biografia de Gilberto Braga, que está sendo escrita pelo jornalista Mauricio Stycer.

"Isto dito, tenho zero esperança de que alguém venha a público assumir que o fracasso de Babilônia, novela que em suas duas primeiras semanas tinha problema de Ibope mas um prestígio junto à crítica além do habitual, mesmo comparado com outras novelas do Gilberto, seja responsabilidade da intervenção, e não dele e de sua equipe", desabafou.

"Naquele encontro em 2015, Gilberto me convocou para dois projetos. Primeiro, uma minissérie e, mais adiante, uma novela das onze cuja ideia me entusiasmou bastante: ele queria revisitar Brilhante [1981], que havia sido tão censurada pela ditadura militar que ficou incompreensível, e refazer a história como se deveria", contou o escritor.

"A minissérie era sobre Elis Regina [1945-1982] e, apesar de os seis capítulos entregues, nunca foi produzida porque o filme Elis [2016] chegou primeiro. Já a novela das onze passou a ser muito mais que um simples remake de Brilhante e ganhou outro título, Intolerância. Teve seus 60 capítulos escritos e entregues, mas foi sucessivamente adiada e por fim, cancelada, pelas mesmas forças que destruíram Babilônia", declarou João Ximenes Braga.

Gilberto era resiliente. Mesmo diante disso tudo, não desistiu. Voltou a trabalhar --já sem mim-- numa adaptação de Feira das Vaidades para às 18h, com Denise Bandeira. Ele não queria, de forma alguma, encerrar sua carreira com o fracasso de Babilônia. Um fracasso que, repito e reforço, não pertencia a ele, mas ao interventor.

"Mas Feira das Vaidades foi cancelada este ano, segundo ele me disse, porque diante da crise da pandemia a emissora não mais faria produções de época. No mesmo telefonema em que me contou isso, disse que lhe encomendaram uma novela das nove e perguntou se eu achava que Intolerância poderia ser adaptada para o horário", expôs o autor.

"A nova urgência que tenho é fazer um apelo público à Globo para que disponibilize os capítulos prontos de Intolerância. Se possível, até os cerca de 80 capítulos que escrevemos de Babilônia antes da intervenção, pois a Babilônia que vocês viram não chega aos pés da Babilônia que concebemos", pediu ele.

"Pode ser num livro, no site do Memória Globo, ou uma simples doação à Biblioteca Nacional, para que fãs e pesquisadores possam conhecer a produção do Gilberto de 2015 para cá. É o mínimo a fazer com a memória de Gilberto", afirmou o novelista.

"E tenho certeza de que ele gostaria disso. Em seu último telefonema para mim, ele ainda insistia que que queria fazer um nova novela para não encerrar sua carreira com o fracasso que lhe foi imposto", arrematou ele.

Gilberto Braga morreu aos 75 anos na terça-feira (26). O autor foi responsável por novelas de sucesso como Escrava Isaura (1976), Vale Tudo (1988), Pátria Minha (1994), Celebridade (2003) e Paraíso Tropical (2007), entre muitas outras obras que fizeram história na Globo. Ele lutava contra a síndrome de Alzheimer estava internado por causa de uma infecção causada após a perfuração de seu esôfago.


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