HÁBITOS SAUDÁVEIS
Divulgação/Netflix
Ali Tabrizi é o diretor de Seaspiracy; documentário da Netflix ajudou a moldar dieta da geração Z
Assunto recorrente em reuniões entre os principais governantes do mundo, a sustentabilidade também se tornou um ponto de convergência entre os jovens da geração Z --termo que compreende pessoas nascidas entre 1995 e 2010. Para uma parcela deste grupo, ser consciente e sustentável virou uma diretriz importantíssima depois de assistir a documentários da Netflix.
Uma pesquisa realizada pela plataforma de live streaming Yubo e obtida com exclusividade pelo Notícias da TV aponta que os jovens da geração Z estão mais conscientes dos seus atos quando o assunto é sustentabilidade do que grupos mais velhos. Boa parte disso se deve a produções que exploram a necessidade de repensar alguns hábitos alimentares.
A rede social ouviu 1,2 mil usuários pertencentes a este grupo para entender o efeito que produções como Cowspiracy: O Segredo da Sustentabilidade (2014), Seaspiracy: Mar Vermelho (2021), Que Raio de Saúde (2017) e Dieta de Gladiadores (2018) têm na mudança dos hábitos alimentares.
De acordo com o levantamento, cerca de 20% dos entrevistados assistiram a estas produções e mudaram a sua dieta. Do total, 50% não chegaram a assistir a essas obras, mas alteraram seus hábitos ao entenderem melhor a importância da sustentabilidade no mundo.
De acordo com Lucien Grandval, diretor de comunicações de Yubo, a geração Z está bem mais consciente dos seus atos. "Decidimos fazer essa pesquisa porque vínhamos presenciando a cada dia a criação de novas salas de debate por vários jovens de todo o mundo, principalmente brasileiros. A geração Z está mais preocupada com essa prática de ser, e não apenas de conhecer a sustentabilidade", apontou Lucien.
O movimento por um planeta mais sustentável tem sido pauta constante entre personalidades de todas as áreas. Defensor assíduo da preservação do meio ambiente, o astro Leonardo DiCaprio é uma dessas vozes ativas e até atuou como produtor de Cowspiracy e outros documentários.
Assistir a obras que abordam estes temas influenciou em diferentes aspectos os hábitos da geração Z. O estudo da Yubo aponta que 50% dos entrevistados passaram a fazer o reuso de sacolas de compras; 38% usam canudos de metal ou reutilizáveis, enquanto 15% cultiva vegetais no próprio jardim ou faz adubo com restos de comida.
A principal influência, no entanto, atinge os hábitos alimentares. À reportagem, a arquiteta Olivia Leote, de 22 anos, explicou que o choque que teve ao perceber como certas práticas afetam o meio ambiente e a saúde de humanos e animais foi o principal fator para que ela decidisse alterar a sua dieta diária.
O primeiro [documentário] que assisti foi Que Raio de Saúde. Eu não tinha ideia que comida de origem animal tinha tanto efeito ruim na saúde, isso me deixou muito investida em descobrir mais sobre o assunto. Eu já tinha vontade de virar vegetariana antes disso, mas por outros motivos, pela ética animal e pelo meio ambiente. Quando eu descobri que também afetava a minha saúde desse jeito, foi o que faltava pra mudar minha alimentação de vez. No dia seguinte já cortei carne e frango.
O estudante Matheus Barata, 22, corrobora com a visão de Olivia. Segundo ele, a vontade de estudar mais sobre sustentabilidade e de buscar informações para ter uma dieta mais saudável o levaram ao encontro desses documentários. Após assisti-los, sua visão do mundo mudou completamente.
"Aprendi muito sobre como os alimentos ultraprocessados e carnes podem aumentar as chances de doenças como câncer e diabetes. Muitas vezes éramos aconselhados a consumi-los por grupos que, em vez de nos ajudar a prevenir essa doenças, se preocupavam mais com o tratamento, no qual grandes empresas têm sua principal fonte de dinheiro. Minha alimentação, apesar de não ser vegana ou vegetariana, melhorou muito", explicou.
A realidade apresentada nestes documentários vai ao encontro de discursos de ambientalistas sobre os efeitos de certas práticas na natureza. Segundo o relatório da coalizão internacional de gestores com US$ 40 trilhões em ativos, a FAIRR Initiative, 30% das emissões de carbono das famílias dos Estados Unidos vêm da alimentação. Deste índice, 75% são com produtos de origem animal.
Um exemplo muito nocivo à natureza é a criação de gado. No caso do documentário Cowspiracy, os produtores explicam como a agropecuária intensiva acaba com recursos naturais do planeta. Já Seaspiracy mostra o impacto negativo da presença humana no ecossistema marinho.
"Eu não diria que milito, mas se o assunto surge eu gosto de informar as pessoas porque sei que existe muita desinformação e acaba criando uma imagem ruim para os outros. Nunca pressionei ninguém a se tornar vegano ou vegetariano nem julgo quem não é, mas meus amigos, quando vêm à minha casa, até pedem para provar coisas veganas. Sinto que, só de informar as pessoas corretamente, elas já mudam a visão sobre o tema", concluiu Olivia.
Assista ao trailer de Seaspiracy:
© 2024 Notícias da TV | Proibida a reprodução
Mais lidas
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.