Baixa audiência de Reis explode crise na Record e ameaça filha de Edir Macedo

A atuação de Cristiane Cardoso como diretora de Dramaturgia da Record não tem agradado à alta cúpula da emissora nem à parte de sua equipe. Nos bastidores, o pedido é que a filha de Edir Macedo desista de prosseguir com o formato de temporadas em Reis. Profissionais do núcleo de novelas também querem encurtar o sofrimento, já que a produção não reage na audiência de jeito nenhum.

A reivindicação da vez é para evitar um revezamento planejado em que Reis dará espaço para séries como Todas as Meninas em Mim e só retomará o horário depois. A diretora, no entanto, bate o pé e argumenta que esta dinâmica do horário vai fazer com que o folhetim dê certo.

Ela cita a experiência de Gênesis, como se cada "fase" correspondesse a uma "temporada" de Reis. A questão é que, até agora, ninguém da própria emissora soube explicar o porquê de a novela do ano passado ter dado tão certo.

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Uma das reclamações mais comuns nos bastidores é que o núcleo de Dramaturgia se tornou um dos braços mais fortes da Igreja Universal do Reino de Deus dentro da Record. Muitos profissionais com experiência em televisão foram dispensados ou perderam projetos para novatos que chegaram justamente por meio dessa ligação com a entidade religiosa.

A demissão de Paula Richard no ano passado foi bastante sentida pela equipe. Ela era muito querida e foi uma das roteiristas afetadas por esse processo. A Record havia encomendado uma novela sobre o rei Salomão para Paula, mas decidiu suspender o projeto para incluí-lo no guarda-chuva de Reis –sob o comando de Raphaela Castro.

Raphaela, novelista responsável por Reis, é uma das autoras mais próximas de Cristiane e uma de suas principais apostas. Ela escreveu a sétima e última fase de Gênesis, sobre a vida de José (Juliano Laham). Reis foi entregue de bandeja para ela, que até então só tinha assinado a anterior como titular.

A inexperiência pesou. Raphaela e a equipe, que já vinham do desgaste de terem escrito a última fase de Gênesis, atrasaram a entrega de capítulos de Reis. A produção, com problemas em diversas frentes, foi adiada e não ficou pronta a tempo de substituir Gênesis. Reprises foram exibidas para tapar buraco no horário nobre --e a audiência despencou.

Cristiane já tinha o desejo de preparar profissionais mais intimamente ligados à Universal para produzir não só novelas bíblicas, mas também obras contemporâneas afins com a sua filosofia. Uma fonte aponta que, mesmo assim, a ascensão quase meteórica de Raphaela Castro e Stephanie Ribeiro dentro do núcleo de Dramaturgia foi uma surpresa para alguns. 

Um exemplo de que o movimento de Cristiane foi realmente brusco é Méuri Luiza. Ela é ligada à Universal e ao meio evangélico, mas não foi alçada imediatamente ao posto de titular dentro da Record. Começou de baixo, para aprender, e foi aos poucos assumindo o posto de colaboradora em diversas produções. Fez Gênesis, por exemplo.

O processo mais lento, porém, foi parcialmente interrompido, e Cristiane decidiu intervir mais fortemente em favor da visão e da ideologia da Universal. Muitos até a questionaram nos bastidores, mas ela tem força lá dentro por ser filha de Edir Macedo.

A reportagem tentou contato com a Record desde a última quinta-feira (5), mas não obteve retorno até a conclusão deste texto.

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