Atriz de Um Lugar ao Sol quer ver mulher negra vencer: 'Chega de arrastar corrente'

Ju Colombo quer fazer da TV um espelho para que mais mulheres possam se ver no reflexo de Dalva em Um Lugar ao Sol. A atriz destaca que a cozinheira tem uma trajetória ascendente na novela das novela da Globo, o que infelizmente ainda é raro para um personagem negro na ficção. As tramas ainda valorizam mais o sofrimento do que a realização pessoal.

Em entrevista ao Notícias da TV, a artista explica que a dor não define a amiga de Noca (Marieta Severo), mas serve como um trampolim para que ela possa se emancipar:

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Ela vive uma história de conquistas e realizações que não nega os desafios, mas que dá ênfase às vitórias construídas e não ao sofrimento. É preciso mostrar referências de avanço e aprimoramento que considerem mais a força que temos para realizar os nossos objetivos. Chega de arrastar correntes. Deixar essa mensagem é mais valioso do que ficar sublinhando a dor dos processos.

Dalva não teve uma vida fácil no folhetim de Lícia Manzo, mas não são os conflitos que estão no centro da sua narrativa. O foco, na verdade, está no esforço da cantineira para superar a própria vergonha e o preconceito alheio para voltar a estudar.

Como mulher, preta, na casa dos 50, mãe que criou os filhos com a cara, a coragem, muita oração budista e arte, é minha responsabilidade contar essas histórias. Falar sobre isso é, para mim, cumprir o papel da arte de levar para as pessoas a esperança e a possibilidade de transformação de suas vidas.

Ju aponta que o papel ainda traz representatividade para um grupo que, por vezes, ainda é esquecido pelos autores, diretores e produtores, aos quais faz um apelo:

Criem histórias para mulheres maduras. Apostem nas narrativas que valorizem nossa trajetória. Uma pessoa que já viveu meio século, construiu vivências, sedimentou caminhos e aprendeu com a vida tem muito a contribuir com o novo. Uma sociedade que não valoriza os seus veteranos não cultiva suas raízes.

Dalva e Noca na novela da nove da Globo

Encontros e desencontros

O público nas redes sociais concorda em número, gênero e grau com Ju, tanto que já questionou a necessidade de Ravi (Juan Paiva) passar por poucas e bocas a cada capítulo. A atriz ressalta que o talento do colega é fundamental para criar essa empatia e fazer com que as pessoas torçam pelo braço direito de Christian (Cauã Reymond).

"Ele é o ator que melhor representa essa nova safra de artistas potentes, maravilhosos e de excelência enquanto ser humano. Ele é centrado, seriamente dedicado em tudo que faz e dono de um talento ímpar", elogia ela, que já foi avó do galã em Malhação: Viva a Diferença (2017).

Ju lamenta que Dalva e Ravi não sejam tão próximos neste trabalho, mas não esconde a felicidade de ver outros artistas encontrarem, como ela, o seu lugar ao sol:

Minha estrada possui vários sóis, um mais brilhante do que o outro. Eu não paro. Vou para onde o sonho me leva; essa é minha regra. E cada vez que chego em um lugar, ali dou meu máximo. Me entrego com intensa dedicação para que eu sinta a potência da minha vida diante daquele novo desafio. O sol mora dentro de mim e, para onde eu for, vou fazê-lo brilhar.

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