Atriz de Novo Mundo denuncia perseguição e avanço de coronavírus entre indígenas

O papel em Novo Mundo abriu os olhos de Jurema Reis para a luta dos povos indígenas no país. Intérprete de Jurema, a atriz lamenta que as tribos brasileiras ainda sofram com o mesmo preconceito e a ineficiência do poder público do que os fictícios tucarés no folhetim --um descaso ainda mais evidente em meio a uma crise de saúde pública.

"Infelizmente a história é muito atual com tudo que ainda enfrentamos quase 200 anos depois. Toda perseguição que os indígenas e os negros ainda sofrem, muita ignorância do Estado e temos que lidar com novas doenças como o coronavírus entrando em aldeias e dizimando parte da população", denuncia ela.

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A preocupação da artista é corroborada por um estudo da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) que apontou mais de 81 mil índios em situação de vulnerabilidade crítica diante da pandemia. Segundo a demógrafa Marta Azevedo, que liderou as pesquisas, uma das principais dificuldades é o acesso a itens de higiene, como sabonete, máscaras e álcool em gel.

A intérprete ainda cita mais uma triste coincidência entre a novela e os tempos atuais, já que a sua personagem também passou por maus bocados ao contrair a febre do pântano, um mal que atinge justamente o sistema respiratório. "A sequência que a Jurema adoece, tem uma moléstia no pulmão, gripe, foi bastante difícil. Como colocar no corpo aquela doença desconhecida?", relembra.

Não à toa, ela considera a produção um dos trabalhos mais importantes da carreira. "Mesmo não sendo neta e nem bisneta de índios diretamente, tenho certamente sangue deles correndo aqui. Todos nós temos. Contar a história desse povo, que sofreu e vem sofrendo ainda hoje, foi necessário. É necessário. Revendo a novela podemos conhecer a história e a realidade desse povo", pontua a niteroiense. 

JOÃO MIGUEL JUNIOR/TV GLOBO

Ubirajara (Allan Souza Lima) e Jurema (Jurema Reis) em cena do folhetim das seis da Globo

Sincronia

Além de ser xará da mulher de Ubirajara (Allan Souza Lima), a atriz até hoje se surpreende com a sincronia entre ela e a irmã de Jacira (Giullia Buscacio). "Tive endometriose, e a maternidade era algo incerto na minha vida. A coincidência mais linda foi que comecei a novela grávida de mentirinha de um indiozinho e terminei com a minha Gaia na barriga", confidencia.

Agora com três anos, a menina ficou encantada ao ver Jurema na televisão. "Quando vê o comercial, fala: 'Novela da mamãe'. Ela viu alguns capítulos, curtiu, mas achei melhor não ver mais porque ficou difícil para ela que é tão pequena entender que é só ficção. Principalmente porque a personagem tem meu nome", justifica.

Durante a quarentena, a criança preenche boa parte do tempo da atriz e do marido, o também ator Pedro Garcia Netto. "O isolamento trouxe muito mais conexão. Fazemos muitas atividades: colagem, pintura, brincadeiras, e estou até me aventurando na construção de brinquedos de papelão. Ela está amando e, para mim, tem sido uma terapia", arremata a artista.

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