Além da Ilusão não é amor à primeira vista, mas merece uma segunda chance?

Entre truques de verdade e outros feitos por computação gráfica, Além da Ilusão vai precisar de mais alguns capítulos para fazer mágica na audiência. A estreia não foi necessariamente arrebatadora, mas os números de Davi (Rafael Vitti) resgataram o encanto que há tempos não se via no horário --e que, eventualmente, pode fazer as pessoas se apaixonarem à segunda vista pela novela das seis da Globo.

Um dos principais desafios do folhetim de Alessandra Poggi foi encarar um público que já vinha desconfiado e um tanto apático de Nos Tempos do Imperador. A produção não precisaria tirar tantos coelhos da cartola se a antecessora não tivesse derrubado os índices e afugentando o telespectador da faixa das 18h com o excesso de realidade e personagens sem carisma.

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O primeiro capítulo também não fez uso de uma das principais cartas na manga da autora e da direção para atiçar a curiosidade dos noveleiros. Larissa Manoela foi quase uma coadjuvante neste início, já que Isadora se firmou como a personagem central da história.

Larissa Manoela assumirá o papel da filha mais nova de Matias (Antonio Calloni) na segunda fase com uma bela sarrafada deixada pela atriz mirim Sofia Budke. A menina de 11 anos deu o tom um lúdico e de brincadeira à narrativa ao se permitir ser criança em suas sequências.

Isadora foi fundamental para estabelecer o tom de conto de fadas no folhetim, com direito até a uma fada madrinha interpretada por Olivia Araújo. Augusta transbordou afeto nas caras e bocas da artista, que também deixou o público ciente das tristezas da empregada --como a saudade da irmã Manuela (Mariah da Penha) e a relação de submissão disfarçada de afeto pelos Tapajós.

Isadora (Sofia Budke) na novela das seis

Num estalar de dedos

A cena de abertura foi a mais forte da noite, em que Rafael Vitti demonstrou não só segurança, mas amadurecimento como o mágico Davi. O ás de copas que o rapaz entrega a Isadora aparentemente vai ser um elemento com certa importância dentro da história e que muito provavelmente deverá reaparecer em algum momento na segunda fase.

Os números realizados de forma mecânica pelo ator foram muito bonitos, mas os que necessitaram de computação gráfica podiam ter um pouco mais de esmero. A diferença era notável, apesar de não estragar a experiência da novela, resumida no encantamento da garota com os confetes que viraram borboletas.

Alessandra Poggi repetiu uma tendência que Ângela Chaves experimentou em Éramos Seis (2019), em que os romances entre os atores mais experientes roubaram a cena logo de cara. As escritoras, curiosamente, vieram de uma parceria em Os Dias Eram Assim (2017).

A química entre Violeta (Malu Galli) e Eugênio (Marcello Novaes) foi tão inegável quanto a de Clotilde (Simone Spoladore) por Almeida (Ricardo Pereira). Lima Duarte também foi um dos pontos altos da trama, assim como Paloma Duarte fez o impossível ao encontrar, de cara, o tom certo para Heloísa.

A grande questão para a estreia foi que o primeiro encontro entre Elisa e Davi que deixou bastante a desejar. A cena nem de longe repetiu o mesmo encantamento visto quando o mágico esbarrou em Isadora na praça de Poços de Caldas (MG). 

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