Além da Ilusão engrena, e veteranas roubam a cena de Larissa Manoela

Tal qual os teares da fictícia Tecelagem Tropical, a história de Além da Ilusão engrenou de vez. A audiência da novela das seis subiu e trouxe um certo alívio para a grade noturna da Globo. Além da Ilusão aos poucos vem apresentando entrechos bastante folhetinescos, personagens bem construídos e ainda um tempero extra de romantismo que permeia boa parte dos núcleos, uma combinação perfeita para o horário.

As tramas são ágeis, quase sempre com reviravoltas que provocam surpresa no público. O maniqueísmo é evidente e não deixa dúvidas sobre o caráter dos protagonistas, bem trabalhados pela autora. Alessandra Poggi criou um vilão que lembra muito desenho animado: Joaquim (Danilo Mesquita) vive armando para cima de Davi/Rafael (Rafael Vitti), mas inevitavelmente acaba se dando mal com a inteligência, a rapidez de raciocínio e a sorte do mágico.

E mesmo com uma protagonista de peso como Larissa Manoela (Isadora), quem vem roubando a cena na novela são duas veteranas: Malu Galli (Violeta) e Paloma Duarte (Heloísa). Bastante à vontade em cena, as atrizes formam uma dobradinha e evidenciam o entrosamento entre elas, que alternam momentos de doçura com discussões acaloradas comuns em qualquer família.

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As irmãs não chegam a ser antagonistas, mas têm personalidades bem distintas, cada uma cativante à sua maneira. Enquanto Violeta é mais moderna, pra cima, Heloísa é mais tradicional, um tanto carrancuda. Sua história de vida contribui para a sensação de que a dona de casa precisa resolver pendências antes de tocar a vida sem o fantasma do passado que ainda a atormentam.  

Rancorosa, Heloísa não tem um mínimo de compaixão com a doença mental do cunhado Matias (Antonio Calloni). Ainda assim, deixa aflorar o lado maternal não só com a menina Clarinha, de quem passou a tomar conta, mas também com a sobrinha Isadora.

De quebra, ela está no centro de um dos grandes segredos da novela, a identidade da filha que fora arrancada de seus braços ainda bebê e também o pai da criança --que tem tudo para ser Matias, o que explica o ódio que ela sente dele. E, caso ele realmente seja o pai da menina, a relação de Heloísa com Violeta tem tudo para pegar fogo. 

tv globo/paulo belote

Paloma Duarte como Heloísa em Além da Ilusão

Aqui, a habilidade da autora em criar essa trama familiar se mostra mais um ponto positivo para Além da Ilusão. Segredos sempre funcionam em novelas: movimentam a estrutura narrativa, a motivação dos personagens e, sobretudo, a curiosidade do público.  

Alessandra Poggi usa, ainda, a ambientação temporal de sua trama a favor da narrativa. Se Heloísa vive uma relação um tanto quanto turbulenta com Leônidas (Eriberto Leão), a história de Violeta se desenha com tintas um pouco mais conflituosas, em especial se levarmos em conta os usos e costumes da época em que Além da Ilusão se passa.

Casada com Matias, Violeta praticamente se vê impedida de deixar aflorar seu amor por Eugênio (Marcello Novaes). Rabugentos um com o outro no início, os dois se aproximaram por meio das diferenças e agora desenvolvem um amor que vem ganhando espaço na trama e aguçando a torcida do público.  

No início, Além da Ilusão sofreu com a herança recebida de sua antecessora, mas agora a trama vem se desenvolvendo em céu de brigadeiro. Como num passe de mágica, suavemente foi se mostrando cativante, sem precisar apresentar nada de novo. Resta só torcer para que mantenha esse ritmo até o fim.

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