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PARIS-2024

Nova casa de Fátima Bernardes, YouTube quer criar 'Globo Esporte' no digital

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Fátima Bernardes no Podpah; ela usa um macacão vermelho e está séria

Fátima Bernardes no Podpah; ela fará participações em vertente do videocast nos Jogos Olímpicos

SABRINA CASTRO

sabrina@noticiasdatv.com

Publicado em 16/5/2024 - 6h10

A estratégia do YouTube para a cobertura dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 já está montada. Além da transmissão ao vivo de todas as modalidades olímpicas no CazéTV, com a novidade de uma experiência Multiview (um "mosaico" no qual vários vídeos podem ser reproduzidos ao mesmo tempo, em uma única tela), o plano conta ainda com o Paris é Brasa, projeto do qual Fátima Bernardes faz parte. Por meio dele, a plataforma quer criar uma espécie de Globo Esporte nas plataformas digitais.

Parceria da plataforma com a agência Play9 e o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), o Paris é Brasa diz respeito a um grupo de criadores que acompanhará os atletas nos bastidores, especialmente na Casa Brasil --espaço para divulgação cultural e "base" da torcida durante a competição.

A agência quis unir influenciadores, jornalistas e humoristas das mais diversas áreas. Para isso, precisou de uma espécie de "protagonista": o Podpah. O podcast, que tem mais de 8 milhões de inscritos, será reformulado durante o período olímpico e apresentado diretamente da Casa Brasil.

Com transmissões ao vivo todos os dias, às 19h, ele unirá um compilado das informações do dia olímpico aos comentários característicos de Mítico e Igão. Para isso, contudo, o Podpah precisará abandonar o formato de videocast durante um tempo --e se assemelhará mais a um programa de TV.

"A gente está brincando que vai ser um jornal humorístico, mas também com uma pegada meio Globo Esporte no digital, sabe? Eles vão beber um pouco da fonte do videocast, porque a gente vai ter um entrevistado, mas é uma desconstrução. Eles já fizeram um pouco disso na Copa do Mundo, mas a gente quer evoluir esse formato e criar algo proprietário", afirmou Gustavo Serra, sócio e diretor de comunicação da Play9, em evento de "esquenta" para os Jogos Olímpicos no qual o Notícias da TV esteve presente na quarta (15).

Não é uma coisa minuciosa, dura, mas a gente tem que cumprir esse papel do boletim. É uma síntese do que é o próprio Paris é Brasa, sabe? Vai ter informação, entretenimento, esporte, bastidor, convidados. A gente já tem um pré-roteiro e uma ideia estruturados, mas tudo vai depender do que vai acontecer. Há um espaço para o inesperado, para o improviso.

A aposta é tão alta que o YouTube fará uma divulgação massiva do programa. De acordo com Thales Almeida, gerente de soluções comerciais para esportes da empresa, durante o período em que o boletim estiver no ar, os usuários que acessarem a plataforma terão como primeira sugestão o Podpah ao vivo.

O foco dado ao programa vai ao encontro de um dado trazido pela própria empresa, por meio de Victor Machado, head de esportes do YouTube no Brasil: 81% dos brasileiros enxergam no YouTube um espaço para ver o lado humorístico dos esportes, bem como a mistura dele com outras paixões (música e moda, por exemplo).

Além dos apresentadores, o Podpah contará com participações de outros criadores selecionados para o Paris é Brasa, como Valentina Bandeira, Láctea e a própria Fátima Bernardes. A jornalista deve gravar de seis a oito episódios do programa no decorrer dos Jogos de Paris.

"Acho que as pessoas querem ver novos formatos, novas dinâmicas, novas abordagens", definiu Serra, da Play9. "Nosso maior case nas Olímpiadas de Tóquio foi o Douglas Souza, do vôlei, que viralizou de forma espontânea produzindo conteúdo orgânico natural. Isso validou a tese de que existe um caminho para ter essa abordagem focada no entretenimento", completou.

Nos bastidores da notícia

A ideia é que os criadores tenham uma relação de "fã para fã" com os atletas, deixando de lado o "afastamento" da cobertura jornalística. Para Serra, esse é um dos gargalos deixados pela mídia tradicional que podem ser aproveitados pelo projeto para a web, bem como a própria cobertura de bastidores.

A parceria com o COB, aliás, veio com esse propósito. A partir dela, os criadores terão acesso ao cotidiano dos atletas, num esquema que visa não atrapalhar a concentração deles para as competições.

O acordo foi firmado por meio de uma ponte feita por Marcus Vinicius Freire, o Marcão, sócio da Play9 e ex-jogador de vôlei que foi medalhista de prata olímpico em Los Angeles-1984. Ele foi executivo do COB e conseguiu estabelecer a parceria, enquanto Serra se ocupava de usar a "inteligência humana e a inteligência de dados" para selecionar os criadores.

Dentre os nomes no esporte e fora dele, o grupo conta com Ellen Valias, que aborda a presença de todos os corpos no esporte no canal Atleta e Peso; Alê Xavier e Luana Maluf, com um trabalho focado em mulheres no futebol pelo Passa Bola; e Matheus Costa, conhecido pelos vídeos humorísticos com o pai, o "negacionista" seu Zé. Os três estiveram presentes no evento de Esquenta.

"A gente quer atingir outras funções, para não parecer aquela coisa de que você tem que ser 'inteligente' para assistir aos Jogos Olímpicos. E não é isso, a gente pode se divertir... Você pode se conectar de acordo com a sua vivência", arrematou Ellen.

Matheus Costa, por exemplo, quer ir para o lado da fofoca. "A gente já vê muito do esporte na mídia tradicional. Nas últimas Olímpiadas, ninguém parou o [Gabriel] Medina para perguntar por que a Yasmin Brunet não pôde ir com ele. E era isso que estava rolando nas redes sociais, muita gente tinha curiosidade. Agora, levando pessoas que são mais legais --como eu, por exemplo--, a gente consegue levar assuntos que estão na internet para eles. Brasileiro gosta muito de fofoca, de saber da vida dos outros", brincou.

O principal, para Luana Maluf, é não existir amarra nesse processo. "Acho que as Olimpíadas são democráticas, porque é o único evento com tantos esportes que ninguém vai ficar cagando regra do que você pode ou não opinar. No futebol, se você quer acompanhar e não entende nada, quem é especialista vai te impedir. Nas Olímpiadas, se você quer curtir skate, mas não entende nada, você pode; se quer comentar natação, você pode. Acho que o papel de quem está lá é vivenciar os esportes que não têm tanta visibilidade no dia a dia, para trazer isso para perto das pessoas."


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