NOVOS TEMPOS
DIVULGAÇÃO
Aparelhos mais conectados, mudança na lei e popularização do streaming: consumo de TV mudou
Há mais de dois anos registrando quedas mensais consecutivas em sua base de assinantes no Brasil, a TV paga sofreu uma transformação importante no mercado nacional em 2020. Com uma mudança no entendimento da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) em relação à legislação da televisão por assinatura tradicional e os novos serviços online, o ano que começa nesta sexta-feira (1º) apresenta possibilidades diferentes para as operadoras.
A TV paga chegou a ter mais de 19 milhões de clientes em setembro de 2016, mês que representou o auge do mercado no Brasil. Atualmente, são 15 milhões de contas ativas, o que representa praticamente um milhão a menos de assinaturas por ano.
As empresas do setor passaram a sofrer um derretimento ao enfrentar a concorrência feroz dos conteúdos web, com o avanço da banda larga, das smart TVs e a popularização dos serviços de streaming.
As operadoras não conseguiram conter a Netflix, por exemplo, mas a disputa ficou ainda mais acirrada em 2018, quando os próprios canais de TV passaram a oferecer a possibilidade de assinatura de seus conteúdos diretamente pela internet, sem o intermédio das empresas do setor.
Naquele ano, a Claro entrou em guerra para impedir a Fox de disponibilizar conteúdo de TV linear pelo online por entender que a prática violava o Seac (Serviço de Acesso Condicionado), a lei da TV paga, que proíbe a empresa que produz programas de vender a sua grade em tempo real --aquela que é exibida na TV. É necessário ter sempre um intermediário (uma operadora, por exemplo).
Após uma longa batalha judicial, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) definiu, em setembro de 2020, que a oferta de conteúdo audiovisual pela internet não está enquadrada na lei da TV por assinatura. Ou seja, as produtoras e os canais foram liberados a comercializarem suas programações diretamente pela web.
O entendimento representou uma mudança no setor. O Grupo Globo lançou o Globoplay + Canais Ao Vivo, um pacote que oferece em streaming todos os canais da Globosat, maior programadora de TV paga do país, como o Multishow, GNT e SporTV --antes, a grade podia ser vista apenas por quem já assinava alguma operadora
O serviço ficou disponível em setembro, mesmo mês em que a Anatel oficializou a nova regra, e tem planos que partem de R$ 42,90 no pacote anual. A plataforma da emissora líder de audiência no Brasil ainda firmou uma parceria com o Disney+, streaming da gigante norte-americana.
A empresa do Mickey lançará uma segunda plataforma em junho de 2021 na América Latina: o Star+, que será focado em um público mais adulto, definido pela empresa como homens e mulheres de 18 a 49 anos. O catálogo que estava disponível no Fox Play vai migrar para a nova plataforma, além de todos os episódios de Os Simpsons e esportes ao vivo.
Operadora com o maior número de assinantes da TV paga no Brasil, com mais de 7 milhões de clientes, a Claro não quis ficar para trás com as novidades das plataformas online dos Grupo Globo e Disney e lançou um serviço próprio para a web.
O ingresso nesse mercado aconteceu com o Claro Box TV, um aparelho que passou a ser comercializado em outubro. Ele permite ao usuário acessar o Clarovideo por streaming, tendo a opção de assistir a canais abertos, além da possibilidade de contratar outros conteúdos de TV ou aplicativos, como a Netflix --o Globoplay não está disponível.
É como um serviço de televisão por assinatura pela internet. A diferença é que o valor do plano básico é bem menor, não tem tempo de fidelidade nem a necessidade de cabos, antenas parabólicas ou semelhantes. Basta uma boa conexão com a web.
Com R$ 20 por mês, o assinante tem acesso ao Clarovideo, redes abertas (exceto Globo, SBT, RedeTV! e Record) e pode utilizar o Now, plataforma da empresa para alugar, contratar conteúdo e assistir a vídeos sob demanda. No plano de R$ 49,90 são acrescentados 80 canais de TV paga, como CNN Brasil e Discovery Channel.
Segundo os dados mais recentes da Anatel, a Claro/Net foi a operadora que teve a maior queda no número de clientes em outubro, com menos 70 mil assinantes, fechando com um total de 7,1 milhões de contas --como comparação, em agosto de 2018, a empresa tinha uma base de 8,89 milhões de assinaturas.
Em um evento para o mercado em agosto de 2020, o presidente da Claro, José Félix, creditou a queda no número de assinantes da TV paga à diminuição da renda do brasileiro e apontou que a tendência é que esse serviço abandone a pretensão de ser popular para se tornar um produto restrito às classes A e B.
A TV por assinatura online no Brasil já conta com opções como a Guigo TV, com planos básicos a partir de R$ 7,90, e também com a DirecTV Go, lançada em dezembro, com pacotes que partem de R$ 59,90, sem fidelidade nem a necessidade de um contrato físico e impresso ou serviço de instalação técnica, precisando apenas de conexão web.
O Ministério das Comunicações criou um grupo para estudar atualizações para a lei do Seac, que é considerada desatualizada e muito onerosa em comparação com as novas tecnologias e possibilidades de consumo. A equipe tem até o início de fevereiro para apresentar propostas.
© 2024 Notícias da TV | Proibida a reprodução
Mais lidas
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.