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PLUTO TV

Executivo que deu olé na Netflix revela chave do sucesso de streaming grátis

Divulgação/MTV

Austin Butler leva as mãos ao peito com o cabo da espada em seu colo em cena da série The Shannara Chronicles

Indicado ao Oscar, Austin Butler é o astro de The Shannara Chronicles, série disponível na Pluto TV

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 7/5/2023 - 9h00

Apontado como o futuro do entretenimento, o streaming sofreu dois grandes baques no ano passado: a Netflix perdeu assinantes pela primeira vez, e a HBO Max (sob nova direção) cancelou sua estratégia de investir bilhões de dólares em conteúdos de retorno duvidoso --que o diga o filme da Batgirl, jogado no lixo em uma manobra fiscal. Enquanto chefões de outras plataformas arrancavam seus cabelos, Olivier Jollet suspirava aliviado em seu escritório.

O executivo francês teve nessa reviravolta da guerra do streaming a confirmação de que havia feito a aposta certa ao se juntar à Pluto TV, plataforma gratuita composta de canais com grade linear --ou seja, uma programação com hora definida-- e bancada por anunciantes, que exibem suas marcas em intervalos comerciais. De maneira geral, funciona como a televisão tradicional, mas adaptada para o público moderno.

A plataforma, adquirida pela Paramount em 2019, foi lançada em 1º de abril de 2014 --uma data que gerou piadas. "As pessoas achavam que éramos tolos, então decidimos brincar com isso", lembra Jollet em conversa exclusiva com o Notícias da TV. "Naquela época, a Netflix estava começando sua expansão internacional, todo mundo acreditava que aquele modelo seria o futuro, e nós seguimos na direção contrária."

Quando todos achavam que o caminho a seguir era conseguir assinaturas e que os anúncios iam morrer, nós lançamos um serviço gratuito e com comerciais. Todos apostavam no conteúdo sob demanda, nós fomos no linear. E acreditávamos mesmo que era um bom negócio investir no princípio oposto. Agora, temos a certeza de que nossa visão estava correta.

O discurso vitorioso não é apenas gogó nem um envaidecimento barato. Para reverter a queda de assinantes, a Netflix lançou um modelo de assinatura mais barato, mas com anúncios --algo que os próprios executivos haviam prometido que jamais fariam, por considerarem o modelo ultrapassado.

Nos EUA, HBO Max,  Disney+ e a própria Paramount+ (do mesmo conglomerado da Pluto TV) também têm planos mais em conta para quem está disposto a ver alguns intervalos comerciais durante seus programas favoritos. E, mais do que isso, a plataforma da Warner Bros. Discovery tirou de seu catálogo séries como Westworld (2016-2022) e The Nevers (2021-2023) e as vendeu para a Roku, um streaming gratuito e bancado por anúncios.

O modelo da Pluto TV e da Roku, chamado de FAST (free ad-supported streaming television, ou plataformas com conteúdo grátis e anúncios, em tradução livre), é apontado como uma das saídas para evitar o estouro da bolha das plataformas pagas.

"Eu acabei de voltar de Cannes, do MIPTV [feira de televisão que reúne exibidores do mundo todo], e lá todo mundo estava falando sobre FAST. Para nós, é bom ter competidores porque, quando você está sozinho, educar o mercado, em especial os anunciantes, se torna a sua missão. Além de ser um reconhecimento de que estávamos certos há nove anos, claro."

divulgação/paramount global

Olivier Jollet é vice-presidente da Pluto TV

Segundo Olivier Jollet, há uma sensação de familiaridade que ajuda no sucesso da Pluto TV. "Nós sempre tivemos canais lineares com anúncios, sempre tivemos TV gratuita e por assinatura. Agora, temos streamings gratuitos e pagos. Não é um mundo completamente novo, entende? É só uma evolução da maneira como as pessoas estão consumindo entretenimento. Se os jovens usam mais streaming, então estaremos lá para eles."

No Brasil, a Pluto TV chegou em dezembro de 2020. Atualmente, conta com 115 canais com programação variada --há os mais específicos, como um que exibe apenas episódios da comédia Jeannie É um Gênio (1965-1970), e outros que valorizam um gênero, de ficção científica a animes. A trupe do Porta dos Fundos e o Quebrando o Tabu também têm "sinais" próprios na plataforma.

"Acho que o conteúdo é um grande diferencial para o sucesso. Nós temos parcerias com centenas de licenciadores, e há um foco importante em conteúdo local. Temos uma equipe em São Paulo para fazer a curadoria desse material para o Brasil, temos equipes espalhadas pelo mundo todo também. Existe uma ciência por trás da programação, a equipe avalia dados e indicadores de performance, mas há um elemento humano por trás, não é tudo centrado nos algoritmos", alfineta Jollet, sem citar as rivais que confiam na máquina para apontar qual programa você deve assistir.

"Também podemos matar um canal que não funciona e lançar outro no lugar, essa é a beleza de estarmos em um ambiente digital. Aliás, se você apostar que os canais que existem hoje vão continuar daqui a cinco anos, você estará errado. E tudo bem, nós vamos aprender com cada erro e fazer melhor da próxima vez. Claro que é doloroso errar, mas nós já erramos muito (risos) e não estaríamos aqui se nunca tivéssemos falhado."

Os muitos erros parecem pequenos se comparados à aposta certeira em um streaming gratuito. Assim que a Paramount adquiriu a Pluto TV, a plataforma disparou: em 2018, antes da compra, eram 12 milhões de usuários e uma receita anual de US$ 70 milhões (R$ 346 milhões). Em 2021, já eram quase 80 milhões de internautas, e o aporte de anunciantes em um ano superou US$ 1 bilhão (R$ 4,96 bilhões) pela primeira vez.

Nada mau para uma "brincadeira" de 1º de abril, não é mesmo?


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