COLUNA DE MÍDIA
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O CEO da Disney, Bob Chapek, disse nesta segunda-feira, durante apresentação na conferência de tecnologia e mídia do banco JPMorgan Chase, que a Disney irá fechar 100 de seus canais internacionais de TV. O movimento é parte da estratégia da companhia em focar seus esforços na operação de streaming da empresa.
"A grande maioria desse conteúdo migrará para o Disney+", afirmou Chapek. "Essa continua a ser uma estratégia central para nós, à medida que avançamos em direção ao DTC."
O DTC é a sigla de direct to consumer, ou direto ao consumidor, quando a empresa vende seu produto diretamente ao cliente sem intermediários, caso dos serviços de streaming, que dispensam uma operadora de TV paga, por exemplo. A Globo adotou estratégia semelhante no Brasil.
A pandemia acertou em cheio a Disney, que foi obrigada a fechar ou reduzir a capacidade de suas operações de parques e atrações turísticas na pandemia. No último trimestre, a área de parques de diversões reportou um prejuízo operacional de US$ 406 milhões. A queda de receita em comparação com o ano anterior foi de 44%.
Em 2020, a Disney já havia fechado 30 redes de TV, incluindo o Disney Channel no Reino Unido. Mesmo antes da pandemia, a TV já vinha se tornando um negócio menos atraente, mas a crise de saúde acelerou a migração da audiência e da verba publicitária para o digital.
Por razão similar, a WarnerMedia e o Discovery anunciaram dias atrás a fusão de seus negócios, criando um dos maiores grupos de mídia do mundo. No Brasil, as TVs também sentem os efeitos da digitalização da audiência. O problema é que, à medida que mais empresas de comunicação intensificam seus esforços no streaming, a competição se intensifica e os resultados positivos se tornam mais difíceis.
No último trimestre, a Disney adicionou apenas 8,7 milhões de assinantes ao Disney+, encerrando o período com 103,6 milhões de assinantes, em comparação com 94,9 milhões em 2 de janeiro. Analistas esperavam 109,3 milhões de assinantes no fim do período.
A Disney não é a única a sofrer com a desaceleração do streaming nesse início de ano. A Netflix também apresentou crescimento decepcionante no primeiro trimestre e foi punida na bolsa, com suas ações caindo mais de 11%. As empresas apontam o fim do lockdown em diversos países e uma diminuição de lançamentos pela impossibilidade de gravar na pandemia como as principais causas da desaceleração.
Analistas têm intensificado os questionamentos sobre as operações de TV da Disney. Para eles, redes como ESPN e ABC, que fazem parte do grupo, são entraves para o crescimento no streaming. Outro problema é que a Disney, por ser uma "marca família", tem mais limitações do que os concorrentes para explorar apostas online dos jogos esportivos que transmite. Nos EUA, é crescente o número de Estados que permitem apostas online.
Chapek não detalhou em quais países devem ocorrer os fechamentos de canais, mas adiantou que as escolhas também estão baseadas nos contratos vigentes e nos resultados de cada mercado.
O Brasil já tem o serviço Disney+ e está previsto para 31 de agosto o lançamento do Star+, streaming da Disney com conteúdo mais adulto. Se, como Chapek afirma, a estratégia da companhia é acelerar o crescimento do streaming, faria sentido levar o conteúdo de canais de TV no Brasil para um serviço recém-lançado, aumentando a visibilidade da nova marca.
O grupo tem no Brasil os canais Disney Channel, Disney XD, Disney Junior, ESPN, National Geographic, Nat Geo Kids, Nat Geo Wild, Fox Sports e FX. No ano passado, após a aquisição da Fox pela Disney, os canais da Fox mudaram de nome e passaram a se chamar Star Channel, Star Life, Star Hits e Star Hits 2.
Procurada pelo Notícias da TV, a Disney afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que não irá comentar a notícia.
Este texto é argumentativo e não expressa necessariamente a opinião do Notícias da TV.
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