NOVAS GERAÇÕES
CAIO GALLUCCI/MSP
Mauricio de Sousa no escritório da MSP; Turma da Mônica enfrenta desafio para seguir atual
A Turma da Mônica já passou dos 60 anos, mas continua como uma das principais marcas brasileiras destinadas ao público infantojuvenil. Para seguir nesta posição, a empresa enfrenta alguns desafios diários: se manter atualizada com a nova geração de baixinhos e com o avanço da sociedade.
"Apesar de estarmos falando com crianças, elas estão olhando o mundo, não um conto de fadas ou uma história cheia de redomas. É interessante que ela tenha uma mensagem legal, positiva, mas que se depare com a sociedade real", defende Marcos Saraiva, produtor executivo da Mauricio de Sousa Produções (MSP), em entrevista ao Notícias da TV.
Lançada em 1959, a Turma da Mônica completa 63 anos em 2022. E, na própria pele, Saraiva percebe as diferenças entre as crianças do passado e as do presente: "Tenho um filho de quatro anos e vejo como ele tem controle sobre as coisas, acesso à informação de uma maneira muito rápida, muito maluca. Até a própria tomada de decisão, ele tem um poder muito amor. Na minha geração não tinha internet, tablet ou celular. É muito diferente essa relação".
Por isso, a companhia recorre a um dos ensinamentos de seu criador para vencer esse desafio. "Uma das premissas que Maurício fala bastante é para estarmos muito próximo das crianças. Os criativos da MSP tem que estar próximos das crianças para entender qual linguagem elas falam hoje em dia, o que elas gostam e não gostam, porque uma coisa sou eu lembrar o que uma criança da minha geração gostava de fazer ou fazia", relata o produtor.
Mauricio sempre falou que gosta de retratar a sociedade nos personagens. Se você sai na rua, você vê pessoas com deficiência, diversidade, vê o mundo. Não vivemos em bolhas quando saímos na rua. Só você for a uma rua um pouco mais agitada, como a [avenida] Paulista em São Paulo, você verá ver a quantidade de pessoas diferentes que temos na nossa sociedade e o quanto isso é maravilhoso.
Para a reportagem, Saraiva recorda a polarização vigente na atual sociedade brasileira, mas reforça que é possível abordar determinados temas, como as questões de diversidade e inclusão. "Com respeito, carinho, trabalhando com muito amor, nós conseguimos passar uma mensagem e retratar a sociedade da melhor maneira possível", reflete.
"Mesmo falando de inclusão, estamos próximos de pessoas com lugar de fala, instituições, profissionais do mercado para que a gente traga esse conhecimento para dentro da empresa. Divida isso com os criativos para poder aplicar de uma maneira sutil e leve nas histórias", destaca Saraiva.
Nas histórias da Turma, exemplos de diversidade e inclusão são encontrados em personagens como Dorinha, deficiente visual; Luca, paraplégico que usa uma cadeira de rodas; e Jeremias, primeiro negro deste universo ficcional, entre outros.
"Na animação, temos episódios em que Luca é o protagonista. Há dez anos, isso nem se pensava, ter um cadeirante como protagonista de uma história em quadrinhos, e hoje a gente tem", recorda Saraiva.
Mais uma vez, o produtor recorda os ensinamentos de Maurício de Sousa para exemplificar este desafio: "Como vamos retratar essa sociedade hoje em dia? Até porque é isso, graças a Deus, vamos evoluindo, quebrando alguns paradigmas e preconceitos e isso tem que passar, transparecer para as histórias".
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