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A CAMINHO DA LUA

Netflix mira na Disney em animação, mas visual caprichado esconde trama capenga

Fotos: Divulgação/Netflix

A menina Fei Fei e o coelho usam trajes espaciais dentro de um foguete em cena da animação A Caminho da Lua

A jovem Fei Fei com seu coelhinho durante viagem espacial em A Caminho da Lua, da Netflix

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 23/10/2020 - 6h45

Depois de fazer bonito no Oscar deste ano e emplacar dois indicados na categoria melhor animação (Klaus e Perdi Meu Corpo), a Netflix aposta suas fichas em A Caminho da Lua para a premiação do ano que vem. Com pedigree e influência da Disney, o longa chama a atenção pelo visual caprichado, mas deixa a desejar na história capenga e confusa.

O filme, que estreia nesta sexta-feira (23) na plataforma de streaming, tem direção de Glen Keane, animador que trabalhou em clássicos Disney como A Pequena Sereia (1989), A Bela e a Fera (1991), Aladdin (1992) e Pocahontas (1995). O cuidado do diretor estreante em longas com a animação é notável, com sequências multicoloridas de tirar o fôlego. O roteiro, porém, não está no mesmo nível.

A trama gira em torno da menina Fei Fei, que adora ajudar na loja de bolinhos dos pais e desenvolve uma adoração pelo espaço --em especial pela Lua e pela lenda de Chang'e, a deusa lunar na mitologia chinesa.

Quando a mãe de Fei Fei fica doente e morre, a jovem assume cada vez mais responsabilidades na loja e vira a grande companheira do pai. Até que um dia ela é surpreendida pela visita de Zhong, nova namorada do chefe da família. A madrasta vem com um filho, o inconveniente e hiperativo Chin, a tiracolo.

Fei Fei observa mundo colorido e néon na Lua

Disposta a impedir que esse romance se concretize, Fei Fei decide montar um foguete e viajar para a Lua, pois ao chegar lá poderá provar que Chang'e é real e não apenas uma lenda, e assim fará seu pai acreditar que o amor pela mãe é eterno e não pode ser trocado após a morte dela.

No momento em que troca a Terra pelo espaço, A Caminho da Lua se transforma por completo --visualmente e na questão narrativa. A abordagem do luto familiar, que era feita de forma sensível, é substituída por um festival de cores e néon, personagens absolutamente egoístas e músicas com pegada de hip hop e k-pop, obviamente pensadas para o público infantojuvenil.

Em alguns momentos, o longa remete a Viva - A Vida É uma Festa (2017), ganhador dos Oscars de melhor animação e canção original. As cores vivas, a abordagem da morte e até uma narrativa dividida entre dois mundos parece lembrar o sucesso da Pixar --mas o roteiro de Audrey Wells (1960-2018) nunca consegue ir além da homenagem e se perde na hora de ser original.

Como entretenimento, a animação funciona bem, e o público se divertirá durante os pouco mais de 90 minutos do filme. No entanto, um gosto amargo ficará na boca ao se perceber o potencial que a história havia apresentado na Terra e que é totalmente desperdiçado quando a protagonista viaja para a Lua.

Depois da sensibilidade apresentada pela Netflix em animações como Klaus, A Caminho da Lua deixa a desejar. Talvez o resultado final fosse bem melhor se a produção mantivesse os dois pés bem firmes na Terra em vez de decolar rumo ao espaço. Confira o trailer da produção:


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