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CAMINHOS DA MEMÓRIA

Filme da criadora de Westworld é versão meia-boca e preguiçosa de A Origem

Divulgação/Warner Bros.

Lisa Joy comanda Hugh Jackman no set de Caminhos da Memória

Cocriadora de Westworld, Lisa Joy (à esq) comanda Hugh Jackman em Caminhos da Memória

ANDRÉ ZULIANI

andre@noticiasdatv.com

Publicado em 19/8/2021 - 17h02

Cocriadora de Westworld ao lado de Jonathan Nolan, Lisa Joy faz a sua estreia na direção de um longa-metragem em Caminhos da Memória, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (19). Por resgatar elementos semelhantes aos vistos em A Origem (2009), o filme se torna uma versão meia-boca e preguiçosa do sucesso estrelado por Leonardo DiCaprio.

A comparação entre as duas produções é inevitável. Se em A Origem DiCaprio conseguia descobrir segredos através de viagens por sonhos, em Caminhos da Memória o protagonista vivido por Hugh Jackman ganha a vida "recuperando" lembranças das pessoas.

Na trama, situada em um futuro distópico, o nível do mar subiu assustadoramente e inundou inúmeras cidades ao redor do mundo. Cidade litorânea da costa leste dos Estados Unidos, Miami foi praticamente dividida ao meio, com regiões mais secas e outras quase submersas, tornando-se quase uma versão metropolitana de Veneza.

A queda do mundo contemporâneo dividiu completamente a sociedade. Os ricos, chamados de barões, vivem nas poucas regiões secas que ainda existem, deixando os mais pobres para viveram nos limites das cidade. Ali, apenas alguns muros construídos pelos humanos impedem que as ondas cubram o que ainda resta de Miami.

Dentro desse caos vive Nick (Jackman), um ex-soldado norte-americano que ganha a vida com uma máquina capaz de reviver as memórias da pessoas. O usuário entra em uma cabine, injeta um líquido necessário e vários fios controlam seus nervos cerebrais para revisitar antigos momentos de suas vidas.

DIVULGAÇÃO/WARNER BROS.

Rebecca Ferguson e Hugh Jackman

A vida de Nick vira do avesso com a aparição de Mae (Rebecca Ferguson), uma bela desconhecida que pede a sua ajuda para encontrar suas chaves perdidas. Os dois acabam se envolvendo e dão início a um intenso romance. Certo dia, a ruiva some sem deixar vestígios, e o protagonista começa a uma série de viagens por suas memórias para entender o que aconteceu.

Ao comparar novamente o longa com A Origem, a história do romance entre Nick e Mae também não chega a ser original. Toda a trama do filme de Christopher Nolan gira em torno da história de amor entre os personagens de DiCaprio e Marion Cotillard somada a uma conspiração ainda maior. No caso de Caminhos da Memória, o desaparecimento de Mae também está interligado a um mistério que vai além da relação dos protagonistas.

Por se tratar de uma ficção científica, os melhores momentos do longa envolvem análises e questionamentos acerca da máquina e do trabalho do personagem de Jackman. O roteiro escrito por Lisa faz interessantes reflexões sobre a relação dos humanos com o tempo, sempre pontuadas nas falas do protagonista.

Na visão de Nick, nada é mais viciante do que o passado, e as pessoas buscam revisitar momentos que já passaram com o intuito de reviver sensações que jamais encontrarão de novo. Em tempos nos quais a nostalgia impera em quase todas as formas de conteúdo, a conclusão é no mínimo curiosa.

Os problemas de Caminhos da Memória aparecem quando o longa deixa o seu âmbito "científico" e passa a explorar o romance entre Nick e Mae. Há certa dificuldade para vender a história de amor entre os dois, e a obsessão do protagonista em encontrar a amada vai de encontro a uma conspiração incapaz de deixar a narrativa mais interessante.

Por surgir na sombra de A Origem, o longa de Lisa busca diferentes formas de se tornar um produto único --ou, pelo menos, mais distante da ficção de Nolan. Mas a sensação de déjà-vu contínua mais atrapalha do que ajuda Caminhos da Memória. Para um filme que conversa tanto sobre a relação das pessoas com o passado, o perigo de acabar caindo no esquecimento parece iminente.

Assista ao trailer de Caminhos da Memória:


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