CLÁUSULA DE INCLUSÃO
DIVULGAÇÃO/ESCARLATE
Gaby Amarantos e Suzana Pires no filme De Perto Ela Não É Normal: filme quebrou tabu do cinema
Em cartaz nos cinemas brasileiros desde a semana passada, De Perto Ela Não É Normal estreia no streaming nesta quinta-feira (5). O filme é protagonizado e roteirizado por Suzana Pires, que trabalhou para implementar na produção a cláusula de inclusão, uma iniciativa que quebra um tabu no mercado nacional.
A medida foi importada pelos realizadores da comédia brasileira baseados em um conceito da pesquisadora norte-americana Stacy L. Smith, que exige que a equipe e o elenco de determinada produção atinjam um nível de diversidade que vá ao encontro da realidade da sociedade.
Ou seja, a ideia é que os profissionais nos sets de filmagem e os atores que aparecem em tela não sejam compostos majoritariamente por homens brancos. Então, a produção é feita para dar mais espaço a mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais, indígenas e orientais, por exemplo.
De Perto Ela Não É Normal é o primeiro filme brasileiro a adotar a cláusula de inclusão. "Nesse filme, em parceria com a autora e protagonista Suzana Pires, temos diversidade de gênero e racial, tanto no elenco quanto na equipe técnica", explica ao Notícias da TV a produtora Joana Henning, que comanda a Escarlate, responsável pela realização do longa.
Uma das decisões de Suzana Pires foi colocar atores negros como os personagens mais ricos do filme. Gaby Amarantos interpreta uma advogada bem-sucedida, que dá chance para a protagonista trabalhar em seu escritório. Já Izak Dahora é JP, um empresário milionário casado com Angélica, que vive uma socialite.
O longa também dá espaço para atrizes transexuais, Jane di Castro (1947-2020) vive uma gerente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e Maria Clara Spinelli aparece como uma apresentadora de TV.
Nos bastidores, a equipe é predominantemente feminina. Além de Joana na produção e de Suzana no roteiro e na criação, a direção é de Cininha de Paula, a diretora assistente é Tatiana Fragoso, e a trilha sonora original é de Anna Tréa.
"Em geral, essa é uma cláusula que a protagonista pede e eu alinhei com a produção para trabalharmos assim. Como foi o primeiro filme brasileiro com esta cláusula, não foi fácil. É preciso estar muito comprometida. Eu queria muito ter idades variadas, gêneros variados, ter no lugar do rico o empoderamento negro", diz Suzana Pires.
A comédia De Perto Ela Não É Normal estreia nesta quinta-feira (5), às 22h, no Telecine Premium. No mesmo horário, o filme fica disponível para os assinantes do Telecine Play e para aluguel em plataformas digitais. Assista ao trailer abaixo:
A cláusula de inclusão não é uma regra no cinema mundial, mas ficou conhecida após um discurso de agradecimento de Frances McDormand ao vencer o Oscar de melhor atriz em 2018. Nos próximos anos, os principais filmes do mercado tendem a ter mais diversidade em suas equipes e elencos.
Em setembro, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos anunciou que, a partir de 2022, as produções que pedirem registro para concorrer ao Oscar de melhor filme terão de seguir requisitos de inclusão e diversidade.
Para se candidatar, um longa terá que atender dois de quatro padrões de representatividade. Um deles é ter ao menos um ator ou atriz principais de "grupo racial ou étnico sub-representado" (asiático, hispânico, afroamericano ou indígena) ou que o elenco secundário seja composto por, pelo menos, 30% de mulheres, LGBTQ+ ou pessoas com incapacidades.
De acordo com a Academia, para as edições de 2022 e 2023 do Oscar, já será exigido um documento, confidencial, sobre requisitos de inclusão para todos os que quiserem se candidar, mas só a partir de 2024 é que esses padrões serão obrigatórios para elegibilidade na categoria de melhor filme --as outras continuam mantidas como estão.
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