ATUAÇÃO DE GALA
Divulgação/Sony Pictures Classics
Anthony Hopkins em cena de Meu Pai (2020); veterano foi indicado ao Oscar 2021 por sua atuação
Vencedor de um só Oscar em mais de 60 anos de carreira, Anthony Hopkins vai para a sua quinta tentativa de adicionar outra estatueta em seu currículo com o seu trabalho em Meu Pai (2020), drama que recebeu seis indicações ao todo na edição de 2021. Aos 83, o veterano mostra que a disputa contra o favorito Chadwick Boseman (1976-2020) será acirrada.
Baseado em uma peça escrita pelo autor francês Florian Zeller, que faz a sua estreia como diretor de cinema justamente na adaptação de sua obra, Meu Pai é um relato devastador sobre um homem idoso que luta contra a demência e sequelas que a doença causou em sua vida.
Mais do que retratar os sintomas e as dificuldades causadas em uma pessoa que sofre de demência, o longa se destaca ao encaixar o espectador no ponto de vista de Anthony, personagem vivido por Hopkins. Tudo o que se vê em cena é o que se passa na mente problemática do protagonista.
Engenheiro aposentado, Anthony passou a morar com a filha mais nova, Anne (Olivia Colman, a rainha Elizabeth da terceira e da quarta temporadas de The Crown), após ele brigar com sua antiga cuidadora e tornar impossível viver sozinho em seu flat.
Teimoso, Anthony se recusa a aceitar sua nova condição, colocando diversos empecilhos para que Anne encontre uma cuidadora que a ajude com o pai. Para piorar, ela se apaixonou por um homem que reside em Paris, na França, e não mais pode morar em Londres ao lado dele.
DIVULGAÇÃO/SONY PICTURES CLASSIC
Anthony Hopkins e Olivia Colman em Meu Pai
Para Anthony --e, por consequência, para o público-- a mais simples informação é sempre duvidosa. Em um momento, ele pensa que está sendo prejudicado e roubado, e no outro, questiona a própria natureza de sua existência, já que sua filha surge de repente como outra pessoa (Olivia Williams).
A mudança dos atores que interpretam os personagens na vida de Anthony funciona para explicar como trabalha a doença: o idoso não reconhece mais a filha, o ex-genro (ora Rufus Sewell, ora Mark Gattis) ou a nova cuidadora.
Para ele, a casa de Anne é seu flat, os quadros --que nunca existiram-- são os pintados por sua filha caçula, alguém por quem ele sente a saudade, mas não se recorda da morte.
Por trabalhar com o próprio texto, Zeller sabe como alimentar a dimensão das dificuldades de Anthony na direção. Em cada cena, a disposição do apartamento está diferente, enquanto um ator dá lugar ao outro.
O filme quase nunca mostra o exterior, mas constantemente muda o interior e os parâmetros do cenário de uma maneira que mostra aos espectadores o desamparo crescente do protagonista.
Meu Pai, contudo, não teria a força que tem sem a atuação impecável de Hopkins. Sua capacidade de ir de um senhor brincalhão a um velho rabugento e intolerante é impecável, sustentado por Olivia Colman, também indicada ao Oscar. A audiência sofre, ri e torce com Anthony, o que torna ainda mais angustiante acompanhar o seu desespero perante as dificuldades da demência.
Mesmo que Chadwick Boseman seja o favorito por entregar uma das melhores performances da carreira em A Voz Suprema do Blues (2020), Hopkins prova com Meu Pai que, aos 83 anos, ainda tem fôlego para mostrar que a disputa pela estatueta será implacável.
Assista ao trailer legendado de Meu Pai:
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