CRÍTICA
Divulgação/Universal Pictures
Lady Gaga como Patrizia Reggiani em cena de Casa Gucci; cantora rouba a cena no filme
Baseado em eventos reais, Casa Gucci poderia muito bem ser uma novela brasileira na faixa das nove. Com ares de melodrama, o longa dirigido pelo vencedor do Oscar Ridley Scott (Gladiador) tem em Lady Gaga o seu ponto forte. Em seu segundo grande papel no cinema, a cantora de 35 anos convence como uma rica extravagante e mortal que honra o legado de Susana Vieira na Globo.
A comparação é quase inevitável. Susana fez história dando vida a personagens vulgarmente descritas como "peruas". De Por Amor (1997) a Amor à Vida (2013), foi como inúmeras protagonistas e coadjuvantes que a atriz brasileira de 79 anos incorporou mulheres ricas que transbordavam ganância e soberba.
Em Casa Gucci, Lady Gaga toma para si este arquétipo de personagem ao interpretar Patrizia Reggiani, jovem de classe média italiana que acaba se envolvendo com Maurizio Gucci (1948-1995), um dos herdeiros da famosa grife italiana que até hoje leva o sobrenome da família.
Para aqueles que pensavam se tratar de uma história recheada de suspense e reviravoltas intrigantes, o longa de Scott é capaz de frustrar. Casa Gucci nada mais é do que uma sátira envolvendo uma das grandes dinastias italianas do século 20 e não se acanha em ridicularizar cada um de seus principais membros --decisão criativa que torna o filme muito mais agradável.
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Lady Gaga e Adam Driver em Casa Gucci
A resolução da história real está a alguns cliques do público, mas nem de perto é o foco da narrativa. Patrizia foi presa e condenada a 29 anos de prisão por mandar assassinar Maurizio (Adam Driver) depois que seu casamento vai para o ralo. O ponto crucial de Casa Gucci é mostrar como o casal chegou a esse ponto, e como a ascensão e a queda dos dois influenciaram no futuro de uma das maiores empresas do mundo.
É extremamente hilário acompanhar a jornada de Patrizia até a sua derrocada. De uma jovem que trabalhava para o pai, dono de uma rede de caminhões com suposto envolvimento com a máfia italiana, ela passou a ser a primeira-dama da Gucci após influenciar Maurizio a dar um golpe contra os próprios familiares.
Maurizio não se interessava muito pelos negócios da família, comandados por seu pai Rodolfo (Jeremy Irons) e pelo tio Aldo (Al Pacino). No entanto, como o jovem era inteligente --ou, pelo menos, mais inteligente do que seu primo idiota Paolo (Jared Leto), que tinha a ambição de ser estilista apesar de não ter talento algum--, Patrizia e Aldo o convencem a entrar nos negócios.
A entrada do marido no topo da empresa faz com que a ambiciosa Patrizia veja uma maneira de obter ainda mais controle do império Gucci. Parece o plano perfeito, até que tantos desgastes envolvendo sua chegada ao poder fazem com que Maurizio decida que ele realmente não precisa ou simplesmente não a quer mais.
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Jared Leto irreconhecível em Casa Gucci
Ao retratar o mundo destes milionários de maneira jocosa, Scott faz de Casa Gucci um de seus melhores filmes desde Gladiador (2000). A atuação do elenco principal é surpreendente, com destaque para Jared Leto, que faz de Paolo Gucci um bobo da corte que não compreende a própria mediocridade e leva o público às gargalhadas com seus trejeitos italianos forçadíssimos.
Inspirado no livro homônimo escrito pela jornalista Sara Gay Forden, Casa Gucci é uma adaptação que tira o enfoque do assassinato para dar lugar à história de como os herdeiros de Guccio Gucci (1881-1953) destruíram um milionário e respeitado legado ao ponto de não restar ninguém da família na empresa. Sorte do público que pode acompanhar esta trama novelesca em uma narrativa sedutora e (ainda mais) absurda.
Casa Gucci estreia nos cinemas nesta quinta-feira (25). Assista ao trailer legendado:
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