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CRÍTICA

Amor, Sublime Amor: Spielberg triunfa e faz 'missão impossível' com remake

Divulgação/20th Century Studios

Ansel Elgort e Rachel Zegler se entreolham em cena do remake de Amor, Sublime Amor

Ansel Elgort e Rachel Zegler no remake de Amor, Sublime Amor; filme estreia nesta quinta (9)

ANDRÉ ZULIANI

andre@noticiasdatv.com

Publicado em 9/12/2021 - 6h20

Desenvolver um remake ou reboot não é fácil. Se a produção em questão for a releitura de um clássico do cinema vencedor de 10 Oscars, o feito se torna ainda mais complicado. Mas Steven Spielberg, um dos maiores cineastas de Hollywood, conseguiu superar esta "missão impossível" e triunfou com a sua própria versão de Amor, Sublime Amor.

Trazer a produção para as telonas já não seria uma tarefa fácil mesmo se o longa de 1961 nunca tivesse existido. A história original --livremente inspirada em Romeu e Julieta, de William Shakespeare (1564-1616)--, surgiu do musical homônimo escrito por Arthur Laurents (1917-2011) e que se tornou um marco do teatro norte-americano.

Mesmo com três estatuetas do Oscar no currículo (e outras 11 indicações), Spielberg carregava uma responsabilidade imensa. O desejo do diretor de fazer um remake da história de amor entre os icônicos personagens Tony e Maria vem de muitos anos atrás, e descobrir como fazer essa releitura sem estragar a obra original era o primeiro passo para não fracassar na missão.

Spielberg trabalhou com o roteirista Tony Kushner para fazer alterações na obra de Laurents que ajudassem a enriquecer o texto original, mas sem mudar o que a tornou tão icônica. Desta forma, a história de Tony e Maria ficou mais encorpada e ganhou camadas profundas --sempre ao som da belíssima trilha sonora composta por Leonard Bernstein (1918-1990) e Stephen Sondheim (1930-2021).

DIVULGAÇÃO/20TH CENTURY STUDIO

Rivais se encaram em Amor, Sublime Amor

O Amor, Sublime Amor de Spielberg não é uma adaptação modificada para os dias atuais, tampouco uma cópia atualizada quadro por quadro do filme original. A nova versão reproduz o mesmo visual do clássico, exibindo a Nova York dos anos 1950 com detalhes incrivelmente fiéis para ser o palco de uma épica história de amor.

Para ganhar contornos mais "originais", a adaptação de Spielberg enriquece a trama que funciona como o cerce da história do casal principal. As ruas de Nova York são palco da rivalidade entre duas gangues locais: os Jets, formada por norte-americanos nativos ou descendentes de imigrantes europeus, e os Sharks, composta por porto-riquenhos que foram para os Estados Unidos em busca de uma vida nova.

Enquanto o filme original pouco se esforçava para explicar as nuances da rivalidade entre as gangues, o roteiro de Kushner torna tudo mais claro: mais do que disputar território, os dois grupos se enxergam como minorias perdendo o seu espaço para outras pessoas. Há uma urgência imposta pela xenofobia estadunidense, o que torna o novo Amor, Sublime Amor mais alinhado com narrativas do século 21.

Os Sharks tem em Bernardo (David Alvarez), habilidoso boxeador e recém-chegado aos Estados Unidos, o seu grande líder. É ele quem antagoniza com Riff (Mike Faist), comandante dos Jets desde que o protagonista Tony (Ansel Elgort) foi preso por espancar um antigo rival.

Desde que saiu da prisão, Tony se afastou dos problemas na rua e tenta reconstruir sua vida com a ajuda de Valentina (a vencedora do Oscar Rita Moreno, única integrante do filme original a retornar para o remake), dona de uma farmácia local.

DIVULGAÇÃO/20TH CENTURY STUDIO

Rita Moreno no remake de Amor, Sublime Amor

A rivalidade ganha contornos ainda maiores quando Tony se encanta por Maria (Rachel Zegler, a melhor surpresa do filme), a irmã mais nova de Bernardo. A atração entre os dois e um beijo roubado são o bastante para que o líder dos Sharks declare guerra aos Jets e faça do protagonista o seu principal alvo.

O que é mais surpreendente no novo Amor, Sublime Amor é o quão bem Spielberg e Kushner adaptaram o roteiro para torná-lo fresco sem perder a fidelidade essencial à história. A trama ainda se passa nos anos 1950, mas sexo e perigo estão mais do que implícitos aqui, assim como as realidades de raça e classe --a língua espanhola ganha tanta importância quanto o inglês nativo.

Apesar de ser o rosto mais conhecido do elenco, Elgort acaba ofuscado pelo talento de seus companheiros. Rachel Zegler domina todas as cenas nas quais exibe sua poderosa voz, enquanto Ariana DeBose faz jus ao legado de Rita Moreno e interpreta a valente Anita com tal confiança que poderia ser muito bem a grande protagonista da história.

Como a narrativa é um musical, o remake peca ao ser pouco criativo em seus números musicais. Mesmo que bem coreografadas, as danças das principais trilhas do filme evoluem pouco de cena para cena. Em alguns momentos, certas sequências parecem reaproveitadas de outras exibidas minutos antes.

Sessenta anos depois do lançamento do filme original, Spielberg entrega uma versão atualizada de Amor, Sublime Amor completamente capaz de coexistir com sua contraparte. Entre erros e acertos (muitos deles em seu terço final), o remake cumpre sua missão de maneira louvável e pode ser visto pela audiência atual como o verdadeiro clássico de sua geração.

O remake de Amor, Sublime Amor estreia nos cinemas nesta quinta-feira (9). Assista ao trailer legendado:


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