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IMPORTUNAVA MULHERES

Record demite jornalista que virou réu na Justiça por assédio sexual no trabalho

Reprodução/Record

Gerson de Souza com a mulher, Elaine, no programa Escola do Amor, da Igreja Universal, em 2014

Gerson de Souza com a mulher, Elaine, no programa Escola do Amor, da Igreja Universal, em 2014

DANIEL CASTRO

dcastro@noticiasdatv.com

Publicado em 17/10/2020 - 0h01
Atualizado em 17/10/2020 - 6h23

A Record finalmente demitiu o jornalista Gerson Dias de Souza, na sexta-feira (16), um ano e cinco meses depois de o veterano ter sido acusado de cometer assédio sexual contra várias mulheres dentro da redação do Domingo Espetacular. A emissora, que vinha protegendo o profissional enquanto aguardava o desfecho das investigações policiais, sucumbiu diante do fato de que Souza agora é réu na Justiça de São Paulo pelo crime de importunação sexual em ação movida por quatro vítimas.

Em agosto, conforme o Notícias da TV informou em primeira mão, Souza foi denunciado pela promotora Maria do Carmo Toscano como incurso, por quatro vezes, no artigo 215-A ("praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro"), combinado com o 71 (ato continuado), do Código Penal. A pena para cada crime varia de um a cinco anos.

A Record confirmou a demissão de Gerson de Souza, mas não comentou. O Notícias da TV apurou que a emissora dispensou o jornalista como uma ocorrência corriqueira, sem justa causa e sem apresentar justificativa. Ele estava afastado do trabalho (mas recebendo salário) desde maio do ano passado, quando surgiram as denúncias.

Na época, 12 mulheres procuraram o departamento de Recursos Humanos da Record e afirmaram que vinham sendo vítimas de assédio sexual por parte de Souza havia anos. Segundo as mulheres, ele as constrangia com toques físicos e palavras maliciosas. O estopim da revolta foi um beijo roubado de uma produtora, surpreendida enquanto trabalhava.

De acordo com a denúncia do Ministério Público paulista, as investigações da Polícia Civil constataram que Souza "por diversas vezes e de forma continuada, importunava as vítimas com palavras maliciosas, comentários de conotação sexual, gestos obscenos e toques lascivos e não consentidos, com elas mantendo contato físico inoportuno, constrangendo-as dentro do local de trabalho".

Os depoimentos das quatro vítimas foram confirmados por nove testemunhas. O primeiro caso de assédio registrado pela polícia ocorreu em 2016. A vítima era uma estagiária da emissora.

Gerson negou as acusações à polícia. Procurados pelo Notícias da TV, seus advogados não se manifestaram até a conclusão deste texto. Em agosto, eles se recusaram a comentar o assunto, argumentando que, "como o caso tramita em segredo de Justiça, por enquanto registramos apenas que a inocência do Gerson será demonstrada". 

Na época em que o escândalo veio à tona, o repórter atribuiu a acusação a um suposto revanchismo. "É devastador saber que minha carreira, e vida pessoal, estão em risco pelas informações que circulam na mídia", disse em nota à imprensa em junho de 2019.

"Qualquer pessoa que me conhece ou já trabalhou comigo sabe que eu não sou alguém que ofenderia ou deixaria alguém desconfortável. Tenho certeza que nunca agi de maneira ofensiva e sinto profundamente caso em algum momento de minha trajetória de 42 anos no jornalismo algum de meus colegas tenha se sentido desrespeitado. Sou pai de cinco filhas e avô de quatro netas e é essencial para mim que mulheres tenham um ambiente de trabalho seguro", afirmou.

Antes de Souza, vários profissionais envolvidos direta ou indiretamente no caso perderam o emprego, inclusive algumas vítimas.


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